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Os melhores do cinema em 1994 e 2004

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1994

Melhores do ano de 1994 destacou os lançamentos em cassete - Arquivo

O tempo costuma ser cruel com as escolhas do passado. É famoso o texto da célebre Pauline Kael, na época crítica da revista "The New Yorker", esculhambando o primeiro "Guerra nas estrelas" (1977). Para Pauline, a produção não tinha lirismo. "A excitação daqueles que consideram este o melhor filme do ano passa por um sentimento de nostalgia e pela sensação de que chegou o momento de voltar à infância", escreveu.

Hoje "Guerra nas estrelas" é um clássico e coitado de quem resolver falar mal -- e, quando alguém queria reclamar de Pauline por qualquer motivo, bastava lembrar de sua resenha sobre o filme de George Lucas.

É uma lógica que pode valer para os críticos do GLOBO que, em 1994, escolheram os melhores e os piores filmes do ano. Naquele tempo, ainda apontava-se quais eram os piores, uma prática que foi caindo em desuso, talvez pela antipatia que isso gerava no mercado, talvez por ameaças de morte.

Assim, "Assassinos por natureza", de Oliver Stone, e "Tão longe, tão perto", de Wim Wenders, entraram no grupo dos piores de 1994. O primeiro foi chamado de "clipe pretensioso e cansativo, no qual Oliver Stone finge criticar a violência, quando na realidade a cultua". Já, sobre o segundo, saiu publicado no jornal: "tão chato quanto o superestimado 'Asas do desejo'". (*)

Sem fazer juízo de valor, vale lembrar que "Assassinos por natureza" ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza e "Tão longe, tão perto" recebeu a mesma distinção no Festival de Cannes. São filmes que, portanto, entraram para a história do cinema, não por um viés negativo.

Por outro lado, entre os melhores filmes de 1994 apareceram "A época da inocência", de Martin Scorsese; "Forrest Gump", de Robert Zemeckis; "A lista de Schindler", de Steven Spielberg; "Na roda da fortuna", dos irmãos Coen; e "A fraternidade é vermelha", de Krzysztof Kieslowski. Na lista houve apenas um filme brasileiro, um feito imenso para uma época em que pouco se fazia cinema no Brasil: "Veja esta canção", de Cacá Diegues.

Outro ponto que mereceu destaque no balanço de 1994 do GLOBO foi o grande número de lançamentos em VHS, sobretudo de clássicos. E, se você lembra do tempo em que se lia no jornal notícias sobre VHS, aceite: meu caro, você envelheceu. Não é só com as escolhas do passado que o tempo é cruel...

(*) "Asas do desejo" não tem nada de superestimado, mas "Assassinos por natureza" realmente é uma... Deixa para lá.

2004

Em 2004, mais do que apontar os melhores do ano, a retrospectiva de cinema feita pelo GLOBO identificou uma tendência para o futuro. O período registrou a estreia de mais de 20 documentários no Brasil, um número raro até então e que ainda foi ressaltado pela qualidade dos filmes.

Retrospectiva de cinema publicada pelo Segundo Caderno em 2004 - Arquivo

Entre os lançamentos internacionais estiveram "Fahrenheit, 11 de setembro", de Michael Moore; "Super size me", de Morgan Spurlock; "Sob a névoa da guerra", de Errol Morris; e "Na captura dos Friedmans", de Andrew Jarecki. Entre os nacionais, "Entreatos", de João Moreira Salles; "Peões", de Eduardo Coutinho; "Rio de Jano", de Anna Azevedo, Eduardo Souza Lima e Renata Baldi; "O prisioneiro da grade de ferro", de Paulo Sacramento; "Fala tu", de Guilherme Coelho; "Justiça", de Maria Augusta Ramos; e "Língua", de Victor Lopes.

É seguro afirmar que, a partir daquela época, os documentários passaram a ter um tratamento diferente por parte de imprensa e público. Ajudou o fato de a digitalização dos equipamentos ter barateado a produção dos filmes, o que levou dúzias de jovens e velhos diretores a rodar documentários.

Apesar disso, apenas "Fahrenheit, 11 de setembro" entrou na lista dos melhores de 2004 feita pelo GLOBO. Na ocasião, os críticos preferiram concentrar suas escolhas em filmes de grandes diretores : Quentin Tarantino apareceu com "Kill Bill Vol. 1"; Pedro Almodóvar, com "Má educação"; Lars von Trier, com "Dogville"; Gus Van Sant, com "Elefante"; Richard Linklater, com "Antes do pôr-do-sol"; e Michel Gondry, com "Brilho eterno de uma mente sem lembranças" (este provavelmente o melhor filme da década). Entre os brasileiros, apenas Walter Salles apareceu na lista, mas com o internacional "Diários de motocicleta".

Também chamou a atenção as inclusões de uma animação ("Os incríveis") e de um filme de super-heróis ("Homem-Aranha 2"), categorias que dez anos antes muito dificilmente apareceriam em qualquer lista de destaques.

Já sobre os filmes que ficaram de fora da seleção de melhores de 1994, as maiores injustiças foram mesmo a falta de vagas para outros documentários e também a não lembrança de "Encontros e desencontros", o segundo e até hoje o melhor longa-metragem de Sofia Coppola.


João Emanuel Carneiro fala da novela que lançará em 2015: ‘Parto como se fosse para a guerra’

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João Emanuel Carneiro posa em sua mesa de trabalho - Fabio Seixo/ O Globo

RIO — João Emanuel Carneiro brinca que “fica burro” quando está com uma novela no ar — por não ter tempo de ler mais nada além do próprio texto. Apesar de ter começado a escrever os primeiros capítulos da sua próxima trama, “Favela chique” (título provisório), com estreia prevista para outubro de 2015, e de já estar envolvido com esse trabalho há 18 meses, o autor define 2014 como “um ano tranquilo”. O criador do fenômeno “Avenida Brasil” (2012), uma das novelas de maior repercussão dos últimos tempos, conta que tem conseguido ler, viajar e assistir aos seus seriados preferidos.

Mas ele sabe bem a maratona que irá enfrentar em 2015 quando voltar ao ar. Aos 44 anos, João é um dos mais jovens novelistas do seletíssimo time de criadores do horário nobre da Globo e diz nunca ter experimentado um fracasso profissional. Depois de admitir ser um analfabeto digital à época de “Avenida Brasil” — o episódio em que a mocinha Nina perdeu uma importante prova contra a vilã Carminha, que poderia muito bem ter sido armazenada em um pen drive, virou piada —, o autor agora afirma ser “outra pessoa”. e estar superconectado: assinou a Netflix (“É perigoso de tão bom”) e compra ingressos para o cinema usando o celular.

Nesta entrevista, que encerra a série de conversas com autores iniciada pela Revista da TV em janeiro, o escritor explica seu processo de criação. “Favela chique” é a primeira trama que ele escreve na nova mesa de sua casa — que estava em obras quando fez “Avenida Brasil”.

Apesar de estar diante do mar de Ipanema, João, que estreou como autor titular com um sucesso no horário das 19h, “Da cor do pecado” (2004), trabalha de costas para a janela para não ter sua atenção desviada pela paisagem. Quando está cansado, para um pouco e deita num colchão recheado com bolas de tênis para ativar a circulação. Se está sem ideias, joga videogame para “dar uma zerada”. A seguir, ele fala da sua carreira, diz que ainda pode ser tornar diretor de cinema e adianta detalhes da próxima novela.

Qual é a história central de “Favela chique”, sua novela que estreará em 2015?

É a história de um homem (Murilo Benício), um bandido, que a princípio é mau. Mas se apaixona pela ideia de ser santo. Vou mostrar a redenção desse cara. Ele se envolve com duas mulheres (Giovanna Antonelli e Andreia Horta). Um dos cenários principais da novela será uma comunidade num contexto pós a criação da UPP. Cauã Reymond fará um líder comunitário do bem, que também terá um envolvimento amoroso com a Andreia.

Murilo será o principal vilão? Giovanna Antonelli também será vilã?

Agora o meu principal vilão será um homem, o personagem do Murilo. Giovanna é uma vilã torta, a grande coringa da história. Uma mulher equivocada, com uma moral particular, mas é capaz de amar.

Como a favela será retratada na trama?

É como se fosse o Vidigal daqui a alguns anos. Terei uma licença poética, como foi o subúrbio de “Avenida Brasil”. Tenho um pezinho na realidade, mas não pretendo fazer algo documental. Será ficcional.

Susana Vieira fará uma líder social?

Não exatamente. Ela vai fazer a rica da favela.

O elenco já está escalado?

Quase todo.

Você escreve pensando nos atores que farão os personagens?

Não. Acho que a maioria dos autores pensa no elenco antes, ou quer trabalhar com tal pessoa e escreve pensando nela. No meu caso, penso no personagem e depois em qual ator pode vesti-lo. Mas quando o ator fecha, só escrevo pensando na cara dele.

Adriana Esteves, por exemplo, não era a primeira opção para a Carminha. Em qual atriz pensou primeiro?

Não posso falar, de jeito nenhum. Hoje acho que só poderia mesmo ser a Adriana. Quando criei a personagem, pensei que, apesar de ser uma megera, eu sentiria pena dela. Ao escrever uma cena em que a Carminha tropeçava da escada, pensei na outra atriz em questão e não senti tanta pena dela assim. Já da Adriana Esteves, eu sentia.

Você disse que Carminha foi a alma de “Avenida Brasil”. Por que gostaram tanto dela?

Carminha era vilã, mas não uma psicopata, assassina. Estava mais próxima dos nossos possíveis erros e aleijões. Ela é um avatar mais próximo do que a Flora (de “A favorita”, de 2008), por exemplo. Eu gostava da Flora, mas, no final, já não conseguia mais me identificar com ela.

Por que esse fascínio pelos vilões contraditórios?

A ideia dos tortinhos, dos errados, dos marginais é como a bruxa para as crianças. Sempre fui fascinado pelas bruxas, torcia para os bandidos quando era pequeno. O vilão é um outro narrador da história junto comigo. E a história sempre vai partir dele na minha cabeça.

Quais inovações as suas novelas trouxeram?

Gosto de trazer a dubiedade dos personagens. O público evoluiu muito, se tornou um grande especialista em novelas. O telespectador já viu muitas tramas e quer se surpreender. As pessoas não querem ser afrontadas, agredidas, mas também querem ser um pouco contrariadas, ou melhor, provocadas, às vezes. É como uma criança, você tem que pegar pela mão. E ninguém quer mais o mocinho e a mocinha que se apaixonam do nada, apenas com um olhar, naquela cena clássica. Isso está ultrapassado e nem dá audiência. Isso ainda só é feito como apelação de uma fórmula.

As suas tramas ajudaram a renovar o gênero?

Não tenho essa percepção. Podem me elogiar ou criticar, estou fazendo meu trabalho. Minha pegada foi trazer as novelas para um registro antigo, autoral, com um autor que é dono da história, centraliza muito a escrita e o processo de criação. E conto uma história vertida na trama central, com menos personagens. Muito parecido com o que a Janete Clair fazia. Estava lendo uma sinopse dela e vi que as histórias já estavam lá, como eu também faço. Se a TV Globo não gostar da minha sinopse, não vai gostar da novela. Não faço provinha, ali é como vai ser mesmo.

Mas os rumos dos acontecimentos podem mudar no decorrer da história?

Novela é um improviso, sempre será, mas tem maneiras e maneiras de se improvisar. Prefiro ter um pouquinho mais de base, de segurança. Tem autores que não gostam de saber como será o amanhã. Eu parto como se fosse para uma guerra. Tenho várias possibilidades para saber como seguir. Eu não estou diante da página em branco. Isso me faz saber a história que quero contar. A probabilidade de você se perder e virar um cego no tiroteio no meio de uma novela é enorme. Tem um bando de personagem, uma história que não acaba nunca...

Você já ficou perdido?

Um pouco. Com alguns personagens paralelos. Mas não vou falar mal. Compromete os atores.

O que falta nas novelas atuais?

Uma pegada autoral, um DNA. Acho que falta isso em muitas novelas, principalmente as das 18h e 19h. Acho que é porque tem muita gente escrevendo sem DNA próprio, com um carrossel de núcleos de personagens secundários, com seus eternos núcleos cômicos. Essa perda de DNA das novelas é um problema sério. O desafio para a teledramaturgia é esse.

E quais novos autores estão se destacando?

A Duca (Rachid) e a Thelma (Guedes) são fantásticas. Elas fizeram em “Cordel encantado” (2011) uma coisa incrível.

Você também defende as novelas mais curtas?

A TV Globo insiste nesse modelo de 180 capítulos. É muito puxado, muito. Acho que as tramas deveriam ser menores se quiserem manter uma autoralidade. Se quiserem fazer uma coisa transgênica, digamos assim, pegar sete núcleos e dividir para sete pessoas escreverem, podem fazer 500 capítulos.

Há alguma história de bastidor sobre “Avenida Brasil”?

Disseram que foi feita uma pesquisa musical para encontrar uma linguagem do brega para a trilha sonora. Na verdade, eu e Mariozinho Rocha (produtor musical) nos encontramos uma ou duas semanas antes da estreia e fizemos a lista das músicas inteirinha, achamos até que estava muito em cima da hora. E o efeito especial do congelado foi assim: eu estava na ilha (de edição) assistindo aos primeiros capítulos no dia anterior à estreia e disse que queria ver a pessoa parada com um efeito. Foi num domingo de madrugada que tive essa ideia! É engraçado. São coisas que deram certo e todo mundo acha que foram planejadas. Havia toda uma tese sobre a trilha da novela, diziam que todas as músicas remetiam aos batimentos cardíacos.

O que mais pode contar?

A menina, a Mel Maia, foi escolhida em cima da hora. Tinha uma outra de que eu não gostava. Assisti a vários testes bem perto da estreia e insisti que fosse aquela menina. São muitas emoções perto da estreia. Digamos assim, tive sorte.

Por que “Avenida Brasil” teve tanta repercussão?

Talvez por ter atraído um público que já não assistia mais a tanta novela. É um público, digamos, de uma antiga classe média. Mas a novela foi feita para todos os públicos. Se você pensa em fazer uma novela muito simplista, maniqueísta, dentro de um quadro mais limitado, mirando apenas num certo tipo de público, vai subestimar as pessoas. É um erro da parte de um escritor de novelas.

O que as suas novelas têm em comum?

São histórias muito clássicas, numa retomada de uma narrativa antiga, com um ritmo novo. A questão da família, de pessoas que não são parentes de sangue, mas se reconhecem como família, é um tema que me fascina porque sou filho e neto único. Trago também a questão do anti-herói, como o Foguinho (de “Cobras & lagartos”, de 2006, atualmente em reprise na Globo).

“A favorita” marcou a sua estreia no horário nobre e terminou como sucesso, mas a audiência no início foi morna. Sofreu na época?

Enfrentei “Os mutantes” da Record. Foi uma estreia difícil aquela ali. Mas você tem que acreditar que está contando a melhor história do mundo. Afinal, é a que você vai ter para contar durante um ano. Se você não acredita nisso, se mata, né?

O que você faz quando as coisas não saíram como o planejado? Uma parte do público queria ter começado “A favorita” sabendo quem era a mocinha e quem era a vilã...

Tenho que seguir o que imagino. “A favorita” foi difícil. Ali eu precisei ter muita segurança do que queria. Enfrentei um começo turbulento.

As suas novelas têm narrativa rápida. É difícil prender a atenção do público durante muitos meses?

Sou particularmente inquieto, acho que minha narrativa é ágil. Mas você tem que segurar o principal. Em “Avenida Brasil”, Nina ficou na casa de Tufão por meses. Ela poderia ter acabado com aquilo antes. Mas você tem que criar uma ilusão de ótica para o telespectador de que está acontecendo muita coisa. Mas, na verdade, o principal está guardado.

Você começou na TV como colaborador de Maria Adelaide Amaral na minissérie “A muralha” (2000). Um ano depois, fez com ela “Os Maias”. E em 2004 já estreava como autor titular com “Da cor do pecado”. Foi tudo muito rápido?

Foi sim. Para mim, isso era muito claro. Entreguei a sinopse de “Da cor de pecado” e pensei: “Se não for para ser autor de novelas, vou embora daqui e tentar fazer o meu filme”. Uma semana depois, a trama foi aprovada. Essa história mudou a minha vida.

Qual a importância das suas duas primeiras novelas feitas para o horário das 19h?

Foram muito importantes. Para escrever para esse horário, tem que pensar numa história a que a pessoa possa assistir num bar. Tem que ser uma ação que alguém sentado num boteco ache engraçada, sem nem ouvir o que está sendo falado. Já à novela das oito, a pessoa precisa sentar para assistir.

Como lida com a competitividade no meio da TV?

O meio da televisão tem muita energia circulando, boa e má. E todo mundo que trabalha nesse lugar é muito exposto. Eu me lembro que na estreia de “Da cor do pecado”, a minha primeira novela, estouraram as duas televisões da minha casa, a da sala e a do quarto.

E qual foi a sua reação?

Fiz tudo o que podia. Imagina estourar uma televisão no dia da estreia! E duas? É um absurdo. Morri de medo, pânico.

Como é lidar com a pressão de escrever uma novela?

Aos poucos, você vai convivendo com esse meio, entendendo melhor isso tudo e vai perdendo o medo. Mas você não pode nunca perder o medo de fazer alguma coisa errada em termos artísticos. Sempre fui inseguro, tenho aquela insegurança básica. Ao mesmo tempo em que eu acredito em mim, eu tenho muitas dúvidas, o tempo todo.

Como lida com as críticas? Teme o fracasso?

Eu já vivo os fracassos dos meus medos e das minhas inseguranças. Mas não são fracassos públicos. Esses eu realmente não sei, nunca tive. Mas sou o pior crítico de mim mesmo. Sou bem malvado comigo e isso é uma coisa boa. Já rasguei uma sinopse que achava ruim. Acho importante você ser um crítico mordaz.

E qual a importância da audiência?

A novela é um jogo que você estabelece com uma multidão que a assiste. Às vezes não preciso nem ver os índices para saber que a audiência aumentou. Basta andar na rua.

Você tem um aparelho do Ibope em casa?

Tenho. Às vezes fico ligado segundo a segundo, às vezes acho melhor sair de perto. Acho uma máquina de tortura chinesa.

Consegue sair e ter contato com as pessoas nas ruas quando escreve uma novela?

Saio pouquíssimo. É quase um ano que tiro do calendário. Em “Avenida Brasil”, eu consegui ter um tempo depois das 22h para ler, ver um filme, conversar, enfim, viver um pouco.

Como fica sua rotina com uma novela no ar?

Escrevo das 11h até as 22h. Paro apenas para almoçar e tomar banho.

Você tem um ritual de trabalho?

Sempre levanto e ando em círculos para ativar a circulação depois de ficar muito tempo sentado. Tenho um colchão recheado com bolas de tênis, deito ali um pouquinho. Paro sempre para jogar videogame, é uma tentação horrorosa. É bom para dar uma limpada, uma zerada, quando não sei o que fazer com a história. Esse Plants vs. Zombies é um vício horroroso. Já ficar na internet é péssimo, sua cabeça vai para outros lugares.

E qual a primeira coisa que você faz quando acaba um trabalho?

Quando você faz uma novela você fica burro, né? Você não lê mais nada, só o que você mesmo escreve. Fico uma semana sem fazer nada, nem viajar. Depois é que eu viajo. O final desse processo de escrever 180 capítulos é tão cansativo e tão exagerado, sabe? Você já não aguenta mais nada depois. Não está nem mais gostando de ver a novela de tão exausto.

Agora que ainda não está no ar você se obriga a sair para ver as pessoas?

Sim, eu me obrigo. Passei a frequentar algumas comunidades do Rio quando decidi escrever sobre esse universo.

Por que não sabemos quase nada sobre a sua vida? Acha que um autor de novela tem que ser uma pessoa mais discreta?

Essa ideia de vida reservada eu acho tão louca. Minha vida não é tão reservada. As pessoas dizem: “Você é tímido, reservado”. Eu só não vou para os camarotes da Brahma e nem saio em cima de um carro alegórico na Sapucaí, o resto eu faço tudo. A noção de reservado e timidez das pessoas virou uma coisa muita elástica ou talvez exagerada. Só não tenho a vida exposta nas páginas das revistas. Mas não sou tímido de jeito nenhum. E acho um benefício o fato de não ter um rosto reconhecido nas ruas.

Mas todo mundo sabe quem é você, principalmente depois de “Avenida Brasil”...

As pessoas sabem o meu nome, mas não conhecem o meu rosto. Eu adoro quando falam mal de uma novela minha e não sabem que estou ali. Eu também falo mal.

Você escrevia gibis aos 15 anos. Sempre quis ser autor?

Queria ser diretor de cinema. Fiz um curta-metragem aos 20 anos. Todo mundo gostava do roteiro do filme, não da direção. E me chamaram para escrever roteiros. Virei escritor.

É verdade que você teve mais liberdade criativa quando foi para a TV?

Fiz muitos roteiros, para vários diretores, tem os filmes do Cacá Diegues, tem o “Central do Brasil”, mas eu me sentia muito um empregadinho desses cineastas. No Brasil, o cineasta é o dono do filme. Lá fora, isso é mais equilibrado, e a figura do roteirista tem mais importância. Já as novelas investem em escritores e conseguem reunir talentos para o audiovisual há anos.

Tem vontade de fazer um novo roteiro para o cinema?

Nunca escreveria um roteiro para ninguém. Faria para eu mesmo dirigir.

Tem planos de dirigir cinema no futuro?

Penso nisso, num futuro distante, sei lá.

O que falta fazer na TV?

Tenho muita vontade de fazer seriado. Assisto a tantos. “A cura” (2010) foi o único que fiz. Hoje, acho que a série deveria ter sido diária e não semanal. Depois assisti de uma vez só, e achei tão incrível.

As suas personagens femininas são muito fortes. Consegue destacar cinco delas?

Carminha, Flora, Bárbara e a mamãe Sardinha (de “Da cor do pecado”), e (pensa um pouco antes de continuar a resposta) a... Preta (da mesma novela)!

Quais são as cenas que você mais gostou de escrever?

A cena em que a Flora enfrenta a Donatela (e o público descobre que ela é a vilã), quando a Carminha rasga a boneca da Rita, a Bárbara vestida de noiva no lixão. Aliás, foi ali que inventei o lixão de “Avenida Brasil”. Ah, e o casamento da Ellen e do Foguinho (“Cobras & lagartos”) com um monte de mendigos.

Com quais atores gostaria de trabalhar de novo?

São tantos: Taís Araújo, Murilo Benício, Cauã Reymond, Adriana Esteves, Giovanna Antonelli, Patricia Pillar, Cássia Kis. Acho uma pena Tony Ramos só ter feito um capítulo de “Avenida Brasil”, queria realmente fazer uma novela com ele. E com Dira Paes.

E da nova geração?

Um ator que acho sensacional é o Marco Pigossi. Ele está em “Favela chique”, vai fazer um policial.

Relembre os autores entrevistados na série ‘Contadores de histórias’

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Manoel Carlos - Fabio Seixo/ Agência O Globo

RIO — Sentado no escritório de casa, no Leblon, Manoel Carlos passou duas horas discorrendo sobre seu processo de trabalho e sua carreira para a Revista da TV. A entrevista com o criador de “Em família”, publicada em janeiro, foi a primeira da série “Contadores de histórias”. Assim como ele, autores já conhecidos do público — ou não — abriram seus métodos de criação e foram fotografados em seus cantos de trabalho. Todos falaram de sua obra, sobre seus medos, dramas, expectativas e, sobretudo, do fascínio de criar histórias para milhões de pessoas.

1. Manoel Carlos

A ausência de método para trabalhar foi uma das muitas curiosidades reveladas por Maneco, em entrevista que abriu a série especial. O autor de novelas como “Baila comigo" (1981) contou detalhes de sua então próxima trama, “Em família”, e afirmou que não pensa em aposentadora. “Trabalhar é uma maneira de conservar a vida”, ensinou.

2. Aguinaldo Silva

Aguinaldo Silva - Fábio Seixo / Agência O Globo

Antes da estreia de “Império”, o autor reiterou a vontade de resgatar a novela tradicional e escrever um “folhetim desvairado”. Ele falou da guinada que deu na carreira ao escrever “Senhora do destino” em 2005, e admitiu ter ficado chateado com a direção da reta final de “Fina estampa" (2012). “Novela não é tese sociológica e nem jornalismo - denúncia”, resumiu.

3. Silvio de Abreu

Silvio de Abreu - Marcos Alves / Agência O Globo

Depois de 37 anos de experiência, o autor disse que não sofre para escrever novelas, falou da dificuldade para adaptar remakes — como a nova versão de “Guerra dos sexos" (2012) —, do gosto por supervisionar tramas, de como mantém o suspense em suas histórias, e admitiu que seu maior erro foi a novela “Filhas da mãe", de 2001. “Se o público não gostou, está errado, era para gostar. A culpa é minha”, afirmou.

4. Gloria Perez

Gloria Perez - Ana Branco / Agência O Globo

Pupila de Janete Clair, a autora revelou que gosta de escrever suas histórias de pé, e sozinha, e não entende os que escrevem em conjunto. Ela relembrou como reuniu forças para terminar a novela “De corpo e alma” (1992) após a morte da filha, Daniela Perez , e adiantou detalhes de sua então futura série “Dupla identidade”, afirmando que sua vida era marcada por audácias. “O despudor é mais do que necessário para o autor, ele é tudo”, pontuou.

5 . Walcyr Carrasco

Walcyr Carrasco - Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo

O autor de “Amor à vida”contou como escreveu o beijo gay masculino que entrou para a história da TV. Ele falou da experiência de substituir Benedito Ruy Barbosa no fim de “Esperança” (2012) e que “odeia” ator que muda seu texto. “É uma prova de que ele não é bom, que não consegue por intenção no que está escrito”.

6. Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga

Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga - Daniela Dacorso / Agência O Globo

Organizado, Gilberto Braga contou que quase desistiu de escrever “Corrida do ouro” (1974), por estar sozinho e que, por isso, só gosta de trabalhar com equipe grande para “distribuir tarefas”. Também revelou o orgulho por “Insensato coração” (2011) e criticou “Dancin’ days” (1978). “A maioria dos capítulos era uma vergonha, embora a espinha dorsal fosse fortíssima”, analisou ele, que escreve “Babilônia”, próxima das 21h, ao lado de Ricardo Linhares e João Ximenes Braga (abaixo).

Responsável pelo remake de “Saramandaia” (2013), Ricardo Linhares contou que adora a coautoria, pois tem “prazer em dividir. De preferência ao som de música clássica ou jazz. Para Ricardo, não há consenso nas novelas. “De vez em quando a gente tem que desagradar ao público também, porque ele tem que se sentir surpreendido”.

Autor de “Lado a lado” (2012) com Claudia Lage, João Ximenes Braga contou ter percebido como a capacidade de atenção do público mudou ao longo dos anos, levando os autores a escrever cenas mais curtas, e que não consegue levar uma vida “normal” enquanto suas novelas estão no ar . “Em 2015, eu não saio de casa”, afirmou.

7. Carlos Lombardi

Atualmente na Record, onde estreou com “Pecado mortal" encerrada em maio, Lombardi reclamou que a classificação indicativa limitou os autores, falou de seu maior sucesso, “Quatro por quatro" (1994) e chamou “Vira lata" (1996) de catástrofe: “Mas aprendi muito, foi a novela que mais me ensinou”, analisou.

8. Maria Adelaide Amaral

Perder suas economias durante o governo de Fernando Collor foi o motivo que levou a autora de novelas como “Sangue bom" (2013) à tevê, como revelou. Ela contou, ainda, que foi parar por “acidente” no segmento das minisséries, e comentou que “Os Maias” (2001) foi o seu trabalho mais difícil. “Havia uma grande cobrança sobre a audiência que foi muito desgastante para mim”.

9. Tiago Santiago

Responsável pela trilogia “Os mutantes”, na Record, o autor defendeu o realismo fantástico presente na história, e comentou a experiência desgastante no SBT, onde fez “Amor e revolução”. “Ali aprendi que uma novela pode e deve ser dramática, mas nunca trágica”.

10. Ana Maria e Patricia Morehtzon

Mãe e filha, e vizinhas, as autoras de “Malhação: Casa cheia” (2013) contaram como gostam de trabalhar com prazos e horários definidos, de como o parentesco interfere no processo de criação, e dos desafios de criar para jovens e para o horário das 17h. “Não pode faltar o gatinho, a galera da zoação, a patricinha e a mazinha que eles amam odiar”

11. Marcílio Moraes

Marcilio Moraes - Fabio Seixo / Agência O Globo

Com contrato renovado com a Record, ele falou da minissérie “Plano alto”, e da vontade de fazer a segunda temporada de “A lei e o crime” (2009). Aos 70 anos, disse que sua forma de encarar o trabalho mudou e que as novelas estão em declínio. “Na década de 1970, a novela representava a resistência política aos enlatados. Mas hoje a tendência é outra.

12. Izabel de Oliveira e Filipe Miguez

Dupla por trás de “Cheias de charme" (2012) e “Geração Brasil”, os autores falaram sobre o processo de criação conjunta, dos planos de escrever separados e do que aprenderam como colaboradores.”

No ar em ‘Malhação’, Felipe Simas diz que não há espaço para rivalidade dentro de casa

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Felipe Simas - Ana Branco / Agência O Globo

RIO — Em “Malhação”, Felipe Simas vive um tipo capaz de passar por cima de qualquer pessoa para conquistar o que deseja. Mas, na vida real, o jovem de 21 anos, filho do capoeirista Beto Simas e irmão dos também atores Rodrigo Simas, 23, e Bruno Gissoni, 28, revela-se bem diferente do lutador Cobra, que marca sua estreia em novelas. Tranquilo e muito apegado à família, ele conta que nunca houve espaço para rivalidade dentro de casa.

— Nunca existiu competitividade, nunca vai existir. O mundo é grande e temos consciência de que há espaço para todos, cada um com suas características — afirma o ator, que é pai de um bebê de 8 meses, do casamento com Mariana Uhlmann.

Acostumado a bater texto e ver suas cenas com Rodrigo, no ar em “Boogie Oogie", ele diz não ter sentido cobrança ser o último dos irmãos a chegar à televisão:

— Senti responsabilidade, cobrança não. Respeito o talento deles e tenho orgulho de fazer parte da família.

Para mergulhar nas características do personagem, além de praticar muay thai, Felipe frequentou aulas da preparadora corporal Rossella Terranova e da preparadora de elenco Ana Kfouri.

— Em relação à construção do personagem, eu me inspirei bastante no papel de Brad Pitt no filme “Clube da luta” (1999) — conta.

Na novela teen, ele diz acreditar numa redenção do vilão casca grossa, que amoleceu, segundo ele, ao se envolver com a bailarina Jade (Anaju Dorigon):

— A Jade está fazendo o Cobra sentir o que ele não está acostumado a sentir... Um cuidado, um carinho. Por mais que ele tenha uma personalidade errada, com ela, ele se sente um cara melhor.

Na vida real, Felipe conta que a chegada do filho, Joaquim, mudou a rotina da família toda (ele e a mulher moram com a mãe dele e com Rodrigo) e se define como um superpai, do tipo que troca fralda e dá banho.

— Agora é só alegria, mas, no início, a chegada dele mexeu muito com a nossa rotina. Acho que amadureci 10 anos em oito meses. Ele está na fase de engatinhar, sorri muito mais. A troca tem sido maravilhosa.

Os melhores filmes do ano

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Retrospectiva - os melhores do cinema de 2014 - Divulgação

RIO - A cena independente americana se destacou na temporada, com produções assinadas por cineastas como Wes Anderson (“O Grande Hotel Budapeste”), Spike Jonze (“Ela”), e Alexander Payne (“Nebraska”). Outras cinematografias, no entanto, também conseguiram mostrar sua força, inclusive em festivais, como a japonesa (“Pais e filhos”, de Hirokazu Kore-eda), a argentina (“Relatos selvagens”, de Damián Szifrón) e a romena (“Instinto materno”, de Calin Peter Netzer).

O amadurecimento ao longo de 12 anos - ‘Boyhood — da infância à juventude’, de Richard Linklater (Estados Unidos)

O empenho na produção de “Boyhood” já indica que se trata de um filme especial: foram 12 anos em que os atores e o restante da equipe se mantiveram comprometidos em retratar a história do crescimento de um garoto nos EUA. Só que o longa, em cartaz desde outubro no Rio, ainda se destaca por representar a passagem do tempo de um jeito raro de se ver.

O amor nos tempos dos Smartphones - ‘Ela’, de Spike Jonze (Estados Unidos)

A ideia de se fazer um filme sobre o amor entre um homem e um sistema operacional de telefone celular pode parecer absurda demais. Mas Spike Jonze não apenas arriscou levar sua trama adiante, como fez de “Ela” um dos mais inventivos romances para o cinema das últimas décadas. O filme entrou em cartaz no Brasil em fevereiro, trazendo Joaquin Phoenix e Scarlett Johansson (bem, a voz dela, na verdade) no elenco.

Um concierge na visão de um cineasta dândi - ‘O grande hotel budapeste’, de Wes Anderson (Estados Unidos/Alemanha)

O capricho estético de Wes Anderson já é bastante conhecido dos cinéfilos, mas, em seus últimos filmes, o diretor vem também construindo tramas elaboradas.

“O Grande Hotel Budapeste”, que chegou aos cinemas em julho, mantém seu estilo dândi ao narrar a história centrada nas aventuras do concierge de um hotel num fictício país europeu dominado por um governo totalitário.

Mãe e filho pintam retrato da romênia - ‘Instinto materno’, de Calin Peter Netzer (Romênia)

O romeno Calin Peter Netzer se inspirou em sua própria mãe para criar a protagonista superprotetora do filme, que estreou no Brasil em julho. A produção descreve as artimanhas de uma arquiteta da classe alta para livrar o filho adulto da prisão. O diretor usa a relação entre os dois para fazer um retrato das desigualdades sociais de seu país. Trata-se do terceiro longa de Netzer.

Um surpreendente drama musical - ‘Jersey boys: em busca da música’, de Clint Eastwood (Estados Unidos)

A história do cantor americano Frankie Valli e do grupo The Four Seasons é narrada numa surpreendente mistura de musical com drama biográfico, em que se destacam canções como “Can’t take my eyes off you” e “December, 1963 (Oh, what a night)”. Visto no Brasil entre junho e agosto, o longa de Clint Eastwood é a adaptação de um espetáculo de sucesso que estreou na Broadway em 2005.

‘A fera da penha’ em atualização premiada - ‘O lobo atrás da porta’, de Fernando Coimbra (Brasil)

Quando estreou, em junho, “O lobo atrás da porta” já havia sido premiado nos festivais do Rio, de San Sebastián e de Havana no ano passado. Estrelado por Leandra Leal e Milhem Cortaz, o filme atualiza o caso da “Fera da Penha”, a mulher que sequestrou a filha do amante, em 1960. Também está presente nas listas de diversas associações de críticos brasileiros.

A crise econômica do ponto de vista ético - ‘O lobo de wall street’, de Martin Scorsese (Estados Unidos)

Quinta colaboração de Martin Scorsese com o ator Leonardo DiCaprio, “O lobo de Wall Street” estreou por aqui em janeiro, amparado por cinco indicações ao Oscar, incluindo na categoria de melhor filme. Baseado na autobiografia de Jordan Belfort, o longa descreve ascensão e queda do ex-corretor da Bolsa de Valores que foi preso por fraude e corrupção, nos anos 1990.

Um melancólico ‘road-movie’ pelos eua - ‘Nebraska’, de Alexander Payne (Estados Unidos)

Filmado em preto e branco e apoiado na performance de seus dois protagonistas, Bruce Dern e Will Forte, “Nebraska” é um road- movie pelo interior dos EUA, guiado por um octogenário meio senil e seu filho mais jovem. Melancólica metáfora para a crise financeira americana, o filme de Alexander Payne ganhou o prêmio de melhor ator em Cannes (para Dern) e seis indicações ao Oscar.

Os laços sanguíneos postos em xeque - ‘Pais e filhos’, de Hirokazu Kore-eda (Japão)

Vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cannes de 2013, “Pais e filhos”, de Hirokazu Kore-eda, estreou em janeiro, trazendo para cá a questão do peso do laço sanguíneo nas relações familiares. O filme descreve o drama de dois casais que descobrem que os filhos foram trocados na maternidade. Sensibilizou até Steven Spielberg, que comprou os direitos de refilmagem.

Violência argentina que virou sensação por aqui - ‘Relatos selvagens’, de Damián Szifrón (Argentina/Espanha)

Desde sua estreia, em outubro, o argentino “Relatos selvagens” agitou o circuito nacional e mobilizou debates de cinéfilos. Composto de seis histórias independentes que tratam de temas como violência e vingança, sempre com humor, o longa foi exibido no último Festival de Cannes e está no páreo para o Oscar de filme em língua estrangeira.

David Ryall, ator de 'Harry Potter', morre aos 79 anos

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O ator David Ryall - Reprodução

RIO - O veterano ator David Ryall, mais conhecido pelo papel do mago Elphias Doge em "Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1" (2010), morreu na última quinta-feira, aos 79 anos. A filha do ator, Charlie Ryall, confirmou a notícia no Twitter, mas a causa da morte não foi divulgada.

Em "Harry Potter", o personagem de Ryall era um amigo próximo de Dumbledore. Também era um membro do Ministério da Magia e da Ordem da Fênix.

Mas a carreira do artista se estendeu por mais de cinco décadas. Ele trabalhou em títulos como "O homem elefante" (1980), "Volta ao mundo em 80 dias" (2004) e "Cidade das sombras" (2008). Recentemente, apareceu na série britânica "The village", exibida pela BBC, e no filme "Sr. Turner".

A carreira de Ryall começou no teatro. Ainda jovem, participou da companhia de Laurence Olivier, no National Theatre, em Londres. A partir daí, esteve em diversas peças consagradas, como "Rosencrantz and Guildenstern are dead", de Tom Stoppard.

Ryall deixa o filho, Jonathan Ryall, e duas filhas, a cantora Imogen Ryall e a atriz Charlie Ryall.

Com bom humor, Idris Elba comenta rumores de que ele seria o próximo James Bond

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O ator Idris Elba - Divulgaçao

RIO - O ator Idris Elba respondeu com bom humor às especulações de que ele substituirá Daniel Craig como o novo James Bond. No Twitter, o astro, indicado ao Globo de Ouro pela sua atuação em "Mandela - O caminho para a liberdade", postou uma selfie com a seguinte legenda: "O 007 não deveria ser bonitão? Que bom que vocês acham que eu tenho chance! Feliz ano novo, pessoal" (veja ao final da página).

Os rumores de que Elba pode encarnar o icônico personagem existem há alguns anos, mas ganharam mais força nos últimos meses após documentos vazados da Sony Pictures terem revelado que altos executivos do estúdio de fato estão considerando o nome do ator para o papel.

A possibilidade, porém, não entusiasmou algumas pessoas. Nas redes sociais, usuários publicaram mensagens preconceituosas, criticando a possível escolha de Elba por ele ser negro. Uma das reclamações que tiveram mais repercussão veio do comentarista americano Rush Limbaugh durante um programa de rádio no dia 23 de dezembro.

"James Bond é um conceito criado por Ian Fleming. Ele é branco e escocês, ponto. Esse é quem James é. Mas agora a Sony sugere que o próximo James Bond deveria ser Idris Elba, um britânico negro. James Bond não é assim, e sei que até mencionar isso pode ser algo racista", disse ele.

Numa conversa com os usuários do site "Reddit" há alguns meses, o astro revelou que "definitivamente" interpretaria James Bond se o papel lhe fosse oferecido. Daniel Craig, que atualmente filma o capítulo "Spectre", tem contrato para voltar à pele do personagem apenas mais uma vez.

'Game of thrones' foi a série mais pirateada de 2014

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Peter Dinklage em cena de "Game of Thrones" - HELEN SLOAN / AP

RIO - Pelo terceiro ano consecutivo, "Game of thrones" lidera a lista das séries mais pirateadas.

Segundo o "TorrentFreak", a atração da HBO foi baixada ilegalmente 8,1 milhões de vezes, o que a coloca bem à frente de "Walking dead" (3,9 milhões), "The Big Bang theory" (3,9 milhões) e "How I met your mother" (3,5 milhões).

Em 2013, "Game of thrones", cuja quarta temporada terminou em junho, liderou a lista com 5,9 milhões.

Os responsáveis pelo programa, porém, já se mostraram despreocupados com os downloads ilegais. O diretor de programação da HBO, Michael Lombardo, afirmou que a pirataria é um “elogio” e o presidente da Time Warner — que tem a HBO como uma de suas subsidiárias — disse que o download não autorizado é “um tremendo boca-a-boca”.

Veja a lista completa das séries mais pirateadas de 2014.


'O lobo de Wall Street', 'Frozen' e 'Gravidade' foram os filmes mais pirateados de 2014

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RIO - "O lobo de Wall Street", "Frozen" e "Gravidade" foram os filmes mais pirateados do ano, segundo dados divulgados pela empresa Excipio. Cada um deles foi baixado ilegalmente cerca de 30 milhões de vezes.

Em quarto lugar da lista aparece "O hobbit: A desolação de Smaug", o segundo capítulo da trilogia de Peter Jackson, com 27,6 milhões de downloads. Em seguida, vem "Thor: O mundo sombrio" (25,7 milhões).

A Expcio, uma empresa especializada em pirataria, reuniu os dados entre 1º de janeiro e 23 de dezembro de 2014. Por isso, os cinco filmes mais populares da lista foram lançados em 2013.

Veja a lista com os 20 filmes mais pirateados de 2014:

"O Lobo de Wall Street": 30,035 milhões

"Frozen - Uma aventura congelante": 29,919 milhões

"Gravidade": 29,357 milhões

"O hobbit: A desolação de Smaug": 27,627 milhões

"Thor: O mundo sombrio": 25,749 milhões

"Capitão América: O Soldado Invernal": 25,628 milhões

"Hércules": 25,137 milhões

"X-Men - Dias de um futuro esquecido": 24,380 milhões

"12 anos de escravidão": 23,653 milhões

Jogos Vorazes - Em chamas": 23,543 milhões

"Trapaça": 23,143 milhões

"300 - A ascensão do Império": 23,096 milhões

"Transformers - A era da extinção": 21,65 milhões

"Godzilla": 20,956 milhões

"Noé": 20,334 milhões

"Divergente": 20,312 milhões

"No limite do amanhã": 20,299 milhões

"Capitão Philips": 19,817 milhões

"O grande herói": 19,130 milhões

"Robocop": 18,739 milhões

'O hobbit' supera 'Invencível' e 'Caminhos da floresta' na bilheteria americana

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'O Hobbit: a batalha dos cinco exércitos' lidera a bilheteria novamente - Divulgação

NOVA YORK - O último filme da trilogia "O hobbit", de Peter Jackson, conquistou pelo segundo fim de semana consecutivo a maior bilheteria nos cinemas dos Estados Unidos e do Canadá, com vendas estimadas em torno de US$ 41,4 milhões em ingressos, superando os recém-lançados "Invencível" e "Caminhos da floresta".

Com US$ 13,1 milhões em ingressos só no dia de Natal, "O hobbit: A batalha dos cinco exércitos" conseguiu, de quinta-feira a domingo, arrecadar US$ 54,5 milhões, de acordo com estimativas da empresa Rentrak.

O drama "Invencível", que se passa durante a Segunda Guerra Mundial e tem Angelina Jolie na direção, ficou em segundo lugar com US$ 31,7 milhões, superando outro novo lançamento, o musical "Caminhos da floresta", com US$ 31 milhões.

"Invencível", segundo filme dirigido por Jolie, conta a história real do corredor olímpico Louis Zamperini, que ficou dois anos como prisioneiro de guerra no Japão.

Já "Caminhos da floresta", uma adaptação do musical da Broadway de Stephen Sondheim que traz o lado mais obscuro dos contos de fada, traz Meryl Streep, Emily Blunt e Johnny Depp no elenco.

"Invencível" foi lançado pela Universal, enquanto "Caminhos da floresta" é da Disney e "O hobbit", da Warner.

Os melhores das artes visuais em 1994 e 2004

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1994

Os melhores das artes em 1994 - Arquivo

Dez anos depois da mítica exposição "Como vai você, Geração 80?", no Parque Lage, responsável por revelar vários nomes de jovens artistas que se tornariam referência na cena contemporânea, só um deles figuraria na lista das dez melhores exposições do ano: Daniel Senise, com mostra na Thomas Cohn Arte Contemporânea. Foi um "ano de clássicos e mestres, os muito jovens tiveram que esperar na fila", avaliou Wilson Coutinho, à época crítico de artes visuais do Segundo Caderno. Sua escolha recaiu sobre a obra de artistas consagrados, com sólida carreira - caso de Iberê Camargo no CCBB, Sergio Camargo no MAM, Eduardo Sued no Museu Nacional de Belas Artes e Burle Marx, que ganhou, na Bolsa de Arte, uma merecida mostra de suas pinturas -- o artista, reconhecido por seu trabalho como paisagista, reclamava de ter sido esquecido nessa área.

Outro fato que chama a atenção, naquele ano, é a escolha de apenas uma exposição de artista internacional: a de gravuras do francês Georges Braque, no CCBB, refletindo o fato de que poucas exposições internacionais de peso chegavam até aqui. Havia menos instituições culturais, bem menos galerias. Thomas Cohn, por exemplo, que abrira uma casa no Rio em 1983, foi responsável por duas das mostras lembradas por Coutinho - além de Senise, a do pintor argentino Guillerno Kuitca. Três anos depois, em 1987, ele fecharia a galeria de Ipanema, mudando-se para São Paulo, onde encerrou atividades definitivamente em 2012 (curiosamente, acaba de reabrir, nos Jardins, mas como uma galeria de joias contemporâneas).

Coutinho observava ainda que, naquele ano, as instalações não conseguiram se impor diante das técnicas tradicionais de pintura , escultura e gravura. E lamentava o fato de Cildo Meireles, "o melhor artista brasileiro que se dedica a esse tipo de trabalho", há anos não expor no Rio. Também notava a falta no circuito expositivo de Antonio Dias, então morando em Colônia, na Alemanha. Desde então, ambos fizeram mostras importantes aqui.

2004

Retrospectiva de artes visuais publicada em 2004 pelo Segundo Caderno - Arquivo

Apontado como um dos melhores de 1994 por Wilson Coutinho, Eduardo Sued voltou ao ranking do Segundo Caderno em 2004, desta vez escolhido pelo crítico que o sucedeu, Luiz Camillo Osorio. O atual curador do Museu de Arte Moderna do Rio e curador da representação brasileira na Bienal de Veneza em 2015 apontou a mostra "Eduardo Sued: a experiência da pintura", no CCBB, como uma das mais importantes do ano. Ele também chamou a atenção para a programação do Paço Imperial, que entrou com duas mostras na lista: "Roberto Marinho: o século de um brasileiro" e "Tudo é Brasil". O Centro de Arte Hélio Oiticica, que, desde sua criação, tem passado por períodos de altos e baixos em sua programação, era lembrado por "retomar as exposições internacionais de alto nível" com a mostra do francês François Morellet. E, ainda na lista, "Cinematograma", de José Damasceno, que inaugurou, há dez anos, o projeto Respiração, de intervenções na Fundação Eva Klabin. A oxigenação do local notada por Camillo Osorio pode ser conferida ainda hoje, quando o bem-sucedido projeto celebra dez anos, com a intervenção de Nelson Leirner "Nossa casa minha vida - Visite apartamento decorado".

A 26ª Bienal de São Paulo foi escolhida "mico do ano" pela equipe do Segundo Caderno. O argumento era o de que, no primeiro ano em que oferecia gratuidade aos visitantes, vendia a imagem da arte contemporânea como um parque de diversões, com obras como um Fusca pendurado com fios elásticos (do austríaco Leo Schatzl) e um elefante levando no dorso um tigre de Bengala (do chinês Huang Yong Ping).

Sem ter uma grande exposição de arte contemporânea no Rio - o que subsiste até hoje - alguns galeristas do Rio se reuniram para fazer "Arquivo Geral", de modo a atrair a atenção de curadores, críticos e colecionadores vindos para a Bienal de SP -- e a mostra acabou sendo citada entre as melhores, num ano em que o jornal notava o fato de que grandes exposições internacionais, como "Picasso na Oca", no Ibirapuera, e "O preço da sedução - do espartilho ao silicone", do itaú Cultural, passarem ao largo do Rio. Hoje, esse cenário é completamente diferente. Parcerias entre instituições - entre o Itaú Cultural e o Paço, por exemplo - praticamente garantem que grandes mostras circulem entre os grandes centros - além de itinerarem por outras capitais.

‘Blockbusters’ do circuito expositivo levaram mais de um milhão a museus; veja o que marcou o ano

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“Couple under an umbrella” (“Casal sob guarda-sol”), de 2013, uma das obras de Ron Mueck na exposição que abre hoje no MAM - Camilla Maia / Agência O Globo

RIO - Com o fenômeno da popularização das exposições se tornando mais consistente ano a ano, em 2014 grandes mostras com incontestável apelo popular tornaram a ida a museus um programa familiar praticamente obrigatório. O Centro Cultural Banco do Brasil, cuja entrada é gratuita, registrou 978.171 visitas à ambiciosa exposição dedicada ao artista catalão Salvador Dalí, que ocupou o local de 30 de maio a 22 de setembro (média diária de 9.881 pessoas). O Museu de Arte Moderna, instituição que cobra ingressos, registrou filas gigantescas em seu pátio para apreciar a mostra de esculturas do australiano Ron Mueck (na foto acima, “Mask II”, de 2009). De 20 de março a 1º de junho, num período de 40 dias, 300 mil pessoas viram as esculturas hiper-realistas do artista australiano, maior público já contabilizado pela instituição.

A grande afluência de visitantes trouxe consigo um outro fenômeno superatual: a mediação entre o público e a obra de arte através da fotografia. A disseminação de telefones celulares com câmeras e o apelo popular de algumas exposições fizeram com que, mais do que ver e apreciar as obras, muitos visitantes estivessem mais interessados em registrar as peças, ou a si próprios ao lado delas. Tal sintoma se tornou tão evidente que, em sua estreia este ano como crítica de arte do Segundo Caderno (em 5 de maio), Daniela Labra decidiu escrever sobre o tema: “Entendo que a natureza de muitas mostras tem apelo publicitário e espetacular, estimulando a incontinência fotográfica, mas observo que o excesso de registros substitui o processo, hoje difícil, de postar-se atentamente diante de um objeto artístico para apreendê-lo na sua forma e conteúdo. Afinal, uma obra de arte não se esgota na visão rápida”.

NOVO ESPAÇO EXPOSITIVO

O público crescente das exposições tem contado também com mais espaço para circular. Com um ano espremido entre as duas importantes inaugurações de 2013 — o Museu de Arte do Rio — MAR, na Praça Mauá, e a Casa Daros, em Botafogo — e à espera, em 2015, de outras duas instituições culturais peso-pesado — o Museu do Amanhã, próximo ao MAR, cuja abertura está marcada para março — e o Museu da Imagem e do Som, na Avenida Atlântica, com previsão para o segundo semestre —, a Biblioteca Parque Estadual, na Avenida Presidente Vargas, chegou em abril de 2014 cumprindo a promessa anunciada de ser um verdadeiro espaço multidisciplinar. E, se promoveu duas exposições ligadas à literatura — a inaugural “Vinicius de Moraes — 100 anos” e “A biblioteca de grifos de Waly Salomão”, de outubro a dezembro, ela provou ter estofo para a arte: de junho a setembro, abrigou um dos módulos da abrangente exposição “artevida”, aquele dedicado à obra do pernambucano Paulo Bruscky, um pioneiro da arte postal no Brasil.

Junto com os novos espaços, novas ações educativas, uma prática que vem se fortalecendo. Se o MAR e a Daros chegaram apostando muito nesse segmento, outras entidades instituíram as suas, caso da Fundação Eva Klabin, na Lagoa, ou as reformularam, visando a atender a uma demanda maior do público. O Museu de Arte Moderna, que, no fim de 2013 implementou um novo programa educativo, “Eu, você e o MAM”, coordenado pelo artista visual Luiz Pizarro, aproveitou a fez um trabalho sobre a exposição de Ron Mueck. E o Paço Imperial, desde outubro sob a gestão de Claudia Saldanha, também inaugurou uma nova ação de monitoria, em convênio com o projeto educativo da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (da qual ela foi diretora), implementada no finzinho do ano, com as exposições dedicadas a Waldemar Cordeiro (“Fantasia exata”) e a Amelia Toledo (“Formas fluidas”).

O MICO DE 2014

A greve da Cultura frustrou os visitantes. No dia 12 de maio, grande parte dos equipamentos culturais do Rio fechou as portas, fruto de um movimento grevista dos servidores do Ministério da Cultura que só seria suspenso 40 dias depois. A paralisação, num momento de imenso fluxo de visitantes à cidade, por conta da proximidade da Copa do Mundo, prejudicou a visitação de mostras importantes, como “Inventário da paixão”, no Museu Histórico Nacional. Ali, um acordo com os funcionários permitiu uma trégua temporária para que houvesse a inauguração para convidados da exposição que revisitava a atuação do galerista Marcantonio Vilaça e o lançamento da nova edição do prêmio que leva seu nome. Ainda que movida por demandas legítimas, a paralisação de instituições como Paço Imperial, Museu Nacional de Belas Artes, Museu da República e Chácara do Céu, entre outras, frustrou milhares de turistas.

AS APOSTAS PARA 2015

Kandinsky e o Rio na linha de frente. O Centro Cultural Banco do Brasil vai abrigar, a partir de 28 de janeiro, a primeira grande mostra sobre Wassily Kandinsky realizada na América Latina. Com mais de cem obras, entre elas “No branco”, de 1920 (acima, à esquerda) “Kandinsky: tudo começa num ponto” tem como base a coleção do Museu Estatal Russo de São Petersburgo, mas agrega peças de outros sete museus russos e coleções europeias, buscando revelar ao público as raízes do pensamento do precursor do abstracionismo. A mesma instituição recebe, em julho, uma mostra de Picasso, do acervo do museu Reina Sofía, em Madri.

Mas se há algo que permeia a programação de praticamente todos os museus e centros culturais da cidade é a celebração dos 450 anos do Rio — em parte por conta do edital da prefeitura, que contemplou projetos ligados ao tema, em parte devido à grande riqueza iconográfica que propicia, são muitas as mostras que festejam o Rio e sua história. No Museu de Arte do Rio — MAR, Marcos Chaves abre o ano, em janeiro, com “Paisagens não vistas”, espécie de crônica visual da cidade (acima, à direita, “Arquipélago”, de 2010). Também lá, haverá as mostras “Rio setecentista” (março), projeto transdisciplinar sobre a constituição do território metropolitano do Rio, “Kurt Klagsbrunn” (abril), fotógrafo austríaco que produziu milhares de imagens da cidade nos anos 1940; e “Tarsila e mulheres modernas no Rio” (maio). O Instituto Moreira Salles fará uma mostra com os fotógrafos que integram seu acervo, e aposta na obra do fotógrafo americano William Eggleston, que será exposto em março.

O Museu Nacional de Belas Artes terá “O Rio de Janeiro de Machado de Assis na visão de Gustavo Dall’Ara e Marc Ferrez” e “O Rio de Janeiro de Goeldi”, ambas em julho. Em outubro, Daniel Senise relê a exposição dos irmãos Henrique e Rodolfo Bernardelli realizada na instituição no inicio do século passado.

Série que vai ao ar na TV americana a partir de janeiro tem inspiração em Shakespeare

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O diretor Lee Daniels (sentado) e os atores Taraji P. Henson e Terrence Howard já tinham trabalhado (e brigado) em outros projetos - ETHAN HILL / NYT

NOVA YORK — Na suíte presidencial de um hotel de luxo em Chicago, os dois atores principais de “Empire”, nova série da Fox sobre as brigas de uma família ligada à indústria do entretenimento, conversam com um dos criadores do programa sobre quem diz a eles o que fazer, e o consenso parecia ser: quase ninguém. Confortáveis em suas cadeiras, Terence Howard e Taraji P. Henson explicam por que Lee Daniels (de “Preciosa: Uma história de esperança”, de 2009, e “O mordomo da Casa Branca”, de 2013), que dirigiu o piloto da série, é um dos poucos em quem eles confiam.

— Outros diretores têm medo de te repreender — diz Howard. — Ele dizia: “Já vi isso. Quero algo novo”.

A franqueza dos três, que são afetuosos entre si tanto quanto fazem questão de dar suas opiniões, parece ideal para “Empire”, criada por Daniels com Danny Strong, seu parceiro no roteiro do “Mordomo”. A série, que estreia nos EUA no dia 7 de janeiro, é um drama geracional sobre a conquista do poder e a expiação de pecados do passado. Ela conta a história de Lucious Lyon (Howard), um rapper e traficante que se torna empresário do mundo da música. Ao saber que tem uma doença fatal, ele precisa decidir qual de seus três filhos herdará a empresa e confrontará sua ex-mulher, Cookie (Taraji), que sai da prisão e quer sua parte no negócio.

O projeto fica mais empolgante com os currículos dos três, todos já indicados a Oscars, pelo clima de hip-hop e pela trilha sonora produzida por Timbaland e pela virtude de ser uma rara série transmitida pela TV aberta com um elenco predominantemente negro. Existe, no entanto, uma bagagem que poderia significar a queda do império, num momento em que a Fox tenta mudar seu perfil e Howard (de filmes como “Crash”, “Ritmo de um sonho”) está sob os holofotes devido a episódios de conduta violenta em sua vida pessoal. A série tem que conviver com três atros que se orgulham de sua intransigência e de seu comportamento imprevisível.

— São dois malucos — diz Daniels, com a aprovação de Taraji (de “O curioso caso de Benjamin Button”) e Howard. — E gênios. Então, não dá para saber o que vai acontecer. Eu mesmo sou um controlador. Sou um perfeccionista, sabendo que não sou perfeito.

Conhecido por filmes que contam a experiência dos afrodescendentes e tangenciam a justiça social, Daniels começou a pensar em “Empire”, ao lado de Strong, quando fazia “O mordomo da Casa Branca”. Sentindo que não havia filmes e séries em número suficiente ambientadas no mundo do hip-hop, Strong começou a pensar em uma trama, parte “O poderoso chefão” e parte “Rei Lear”, sobre um executivo à morte e seus três filhos: um estudioso e com padrões morais elevados, um cantor pop gay e um rapper irresponsável.

— Lee me contava histórias da vida dele, e nós íamos misturando-as à trama — diz Strong, adiantando que um episódio da vida de Daniels está na série, de quando seu pai o colocou em uma lata de lixo ao vê-lo usando sapatos femininos.

atriz tinha perdido o interesse em tv

Daniels, que cita séries como “Dallas” e “Dinasty” como influências, diz que o formato de novela pode oferecer formas de se abordar temas fortes em meio a camadas de melodrama.

'O canto da sereia' e outras 11 séries são transformadas em telefilmes no cinquentenário da TV Globo

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RIO — No ano em que completa 50 anos de existência, a Globo promete uma série de novidades e projetos para sua grade, e o primeiro deles já chega em 6 de janeiro: o novo “Luz, câmera, 50 anos” transformou 12 séries ou minisséries em telefilmes, que serão exibidos de terça a sexta durante três semanas. Na lista estão deste a primeira minissérie da Globo, “Lampião e Maria Bonita”, de 1982, até “O canto da Sereia”, de 2013, que será o telefilme de estreia. George Moura, que escreveu o roteiro da minissérie — originalmente com quatro episódios — conta que o processo de adaptação não foi fácil:

— O maior desafio foi o tempo de duração da versão original, já que precisávamos chegar em cerca de duas horas nesta nova versão. Junto com o diretor José Luiz Villamarim, logo percebemos que não adiantava simplesmente encurtar as cenas para ganhar tempo. Isso gerava um desequilíbrio no ritmo da narrativa. Foi quando fiz uma escolha: cortar uma das tramas, sem diminuir o suspense e a emoção da história.

Moura conta que o desfecho da trama segue o mesmo, e que usou apenas o material original nesta adaptação, já que não havia cenas descartadas, por exemplo.

— Fiquei muito feliz com o resultado. Conseguimos chegar em um tempo de duração, onde as reiterações, normais numa narrativa espaçada em quatro dias, foram eliminadas. A surpresa desta nova versão fica por conta da eliminação de um personagem secundário. Não vou contar quem foi para não estragar a surpresa — diz, fazendo suspense.

Depois de “O canto da Sereia”, no dia 6, serão exibidos “O pagador de promessas” (7), “Força tarefa” (8) e “Maysa – Quando fala o coração” (9). Os outros telefilmes previstos são “Presença de Anita”, “Derçy de verdade”, “Ó paí ó”, “As noivas de Copacacabana”, “A teia” e “Anos dourados”.

Morre Hilda Furacão, aos 84 anos, na Argentina

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Hilda Maia Valentim, a Hilda Furacão, em imagem de agosto deste ano - Reprodução/TV Globo

RIO — Hilda Maia Valentim, conhecida como Hilda Furacão, morreu na manhã desta segunda-feira (29) no asilo Guillermo Rawson, em Buenos Aires, na Argentina, segundo informações do diretor da instituição, Jorge Stolbizer. Ela foi eternizada em um livro escrito por Roberto Drummond. A história virou minissérie, exibida em 1998 pela TV Globo, na qual Ana Paula Arósio representou a personagem.

Hilda era viúva do ex-jogador do Boca Juniors Paulo Valentim. O jornalista Ivan Drummond, sobrinho de Roberto Drummond, foi quem localizou Hilda no país vizinho. Uma assistente social brasileira entrou em contato com Ivan após elucidar a história da paciente. Em agosto de 2014, a reportagem do Fantástico foi até o asilo e conversou com Hilda, que na época estava com 83 anos.

De acordo com Jorge Stolbizer, a morte aconteceu às 10h10 por "causas multiorgânicas" – ela começou a ficar debilitada por insuficiências respiratórias e o quadro foi agravado por conta de uma falha renal. Hilda era mantida numa ala de internação há oito meses devido à saúde frágil. Uma enfermeira contou que ela estava bem e era simpática com os funcionários do asilo, mas, no último mês, passou a alternar períodos de lucidez com momentos em que parecia perdida.

Segundo Stolbizer, ela nunca foi visitada por familiares enquanto esteve no asilo e, por enquanto, não foi possível localizar nenhum parente para encaminhar as questões ligadas ao enterro. Se ninguém próximo fizer contato até 24 horas após o falecimento, o asilo entregará o caso ao governo argentino e Hilda deve ser enterrada no Cemitério de Chacarita, em Buenos Aires. "Nós precisamos contactar algum familiar o quanto antes para darmos sequência ao processo ou precisaremos acionar o governo. Até agora, não conseguimos encontrar ninguém", contou Stolbizer por telefone.

Viúva desde 1984, ela morava com um filho até que ele morreu, no ano passado. Hilda sofreu uma queda e ficou internada seis meses em um hospital público em Buenos Aires. Depois ela foi levada para o asilo mantido pela prefeitura. Foi aí que começou a ser desvendada parte do mistério.

Ana Paula Arósio como Hilda Furacão na minissérie homônima - Divulgação

A assistente social Marisa Barcellos, brasileira, foi quem correu atrás do passado dela. “Conheci a Hilda e comecei a pesquisar e a recuperar parte de documentação e a identidade da Hilda. E chegamos a essa história fantástica da Hilda Furacão. Ou da Hilda Maia Valentim, viúva de Paulo Valentim, um grande herói do Boca Juniors”, disse a assistente social Marisa Barcellos, em entrevista ao Fantástico.

Na obra, Hilda é descrita como uma mulher linda, jovem da alta sociedade mineira que larga a família e se transforma em uma das mais famosas prostitutas de Belo Horizonte na década de 1950. A rainha da zona boêmia deixava os homens loucos, entre eles, até um frei dominicano, papel de Rodrigo Santoro.

O autor do livro, Roberto Drumond, morreu em 2002. Em 1991, ele deu pistas sobre a personagem. "Hilda existiu. Agora de tal forma ela foi mitificada, e mistificada que ela se transformou em um boato. Um boato festivo, colorido, maravilhoso, então o livro é contado através desse boato", contou o criador de Hilda Furacão.


Miley Cyrus adere à campanha e posta foto de topless no Instagram

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Miley Cyrus publica foto de topless no Instagram - Repordução

RIO — A cantora Miley Cyrus aderiu à campanha "Free the niple" ("liberte o mamilo") e publicou, no sábado, uma foto de topless na rede social Instagram. O movimento reclama do veto das redes sociais às publicações de mulheres com seios expostos, uma vez que fotos de homens sem camisa são permitidas.

Na legenda da publicação, Miley escreveu, além da hashtag da campanha (#FreeTheNiple), uma provocação: "Algum chato com certeza vai denunciar esta m****, mas f***-se". Após algumas horas no ar, a foto foi excluída do perfil da cantora no Instagram.

Depois disso, Miley aproveitou para postar diversas montagens bem-humoradas e fomentar a discussão sobre a censura de fotos femininas com os seios expostos. Entre as imagens, chamam atenção as que misturam mulheres fazendo topless com o rosto infantil de Miley na época em que interpretava a personagem Hannah Montana, uma montagem em que seu rosto aparece em uma boneca Barbie sem roupa e outra em que fatias de pizza tampam seus seios, complementada com os dizeres "Free the pizza".

Montagem publicada por Miley Cyrus no Instagram - Reprodução

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Ringo Starr anuncia que vai lançar novo álbum, o 18º de sua carreira solo, em 2015

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Ringo Starr - AP

RIO — Ringo Starr utilizou o YouTube para anunciar que lançará um novo álbum com a All Starr Band em 2015. "Eu terminei meu disco, mixei, e ele será lançado pela Universal Records", disse o ex-baterista dos Beatles. Ele afirmou, ainda, que entrará em turnê entre fevereiro e março.

No último mês de novembro, Ringo, de 74 anos, anunciou que fará dois shows no Brasil, em fevereiro de 2015 — ele e a All Starr Band se apresentam no dia 26 no HSBC Brasil, em São Paulo, e, no dia seguinte, no Vivo Rio. O artista já tinha vindo ao país em 2011 e 2013.

Ainda sem nome, o novo álbum de estúdio de Ringo será o 18º de sua carreira solo, o primeiro desde "Ringo 2012", lançado há quase três anos.

HALL DA FAMA DO ROCK AND ROLL

Em dezembro, foi anunciada a entrada do ex-beatle ao Hall da Fama do Rock and Roll em 2015. Ele era o último integrante da banda, condecorada em 1988, a não fazer parte do seleto time como artista solo. Além da nomeação, Ringo receberá uma premiação especial por excelência musical. "Isso significa reconhecimento para mim. E significa também que, finalmente, nós quatro estamos no Hall da Fama do Rock, apesar de termos sido a maior banda pop da Terra", brincou Ringo em entrevista à "Rolling Stone".

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As melhores exposições de 2014

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As melhores exposições de 2014 - Arte

RIO - Com exposições que trouxeram ao Rio grandes nomes da arte contemporânea, como Richard Serra e Tino Sehgal, o circuito de instituições culturais da cidade reafirmou seu dinamismo. A novíssima Biblioteca Parque Estadual, no Centro, abrigou um segmento da mostra “artevida”, e o MAR, em seu segundo ano de atividades, confirmou o compromisso em olhar para além do eixo Rio-São Paulo.

‘Richard Serra: Desenhos na Casa da Gávea’, Instituto Moreira Salles (Curador: Richard Serra): Um dos maiores nomes em atividade no campo da arte contemporânea, conhecido pelas esculturas em larga escala e em espaços públicos, o americano Richard Serra derrubou as paredes falsas do Instituto Moreira Salles para que seus 96 desenhos dialogassem com a arquitetura original da casa. E demonstrou, nas obras em papel, os mesmos rigor e densidade de suas peças em três dimensões.

‘Pororoca — A Amazônia no MAR’, Museu de Arte do Rio (Curador: Paulo Herkenhoff): A mostra reuniu 500 obras do acervo do Museu de Arte do Rio — MAR, de artistas nascidos no Norte do país, como Luiz Braga, ou viajantes, como Claudia Andujar, além de documentos e artefatos, para apresentar uma cartografia visual nada óbvia da região. A mostra abordou a criação estética em variadas dimensões, da iconografia à produção artística contemporânea.

‘Cabeça’, Centro Cultural Banco do Brasil (Curador: Milton Machado): Pintor, desenhista, escultor, crítico, fotógrafo e professor, Milton Machado ganhou uma retrospectiva de 45 anos de carreira em que foi possível circular pelos variados aspectos de sua obra. Mais de cem trabalhos evidenciaram a intimidade do artista com os mais diversos meios.

‘Essas associações’, Centro Cultural Banco do Brasil (Curador: Marcello Dantas): Vencedor do Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 2013, o anglo-germânico Tino Sehgal realizou no CCBB um trabalho que tinha como material as pessoas e os elos que podem surgir entre elas. A “situação construída” — ele rejeita o termo “performance” — se desdobrava aos olhos do visitante: voluntários percorriam o espaço e interagiam com o público, criando uma tensão entre coletividade e indivíduo.

‘Artevida’, vários locais (Curadores: Adriano Pedrosa e Rodrigo Moura): Com uma proposta ambiciosa — analisar a história da arte a partir de novos pontos de vista — a exposição se desdobrou em quatro locais — MAM, Casa França-Brasil, Parque Lage e Biblioteca Parque Estadual — reunindo cem artistas de 25 países. Um ou outro problema, como a falta de contextualização do módulo “Arquivo”, não tiraram a importância da mostra, de envergadura histórica.

'Travessias 3 — Arte contemporânea na maré', Galpão Bela Maré (Curador: Daniel Senise): Com curadoria de Daniel Senise, a terceira edição do projeto “Travessias” levou ao galpão de 600m² na entrada da favela Nova Holanda artistas como Luiz Zerbini e Barrão e ainda contou com obras que interagiam com a comunidade, como as fotos de Mauro Restiffe e do coletivo Imagens do Povo, além do projeto em vídeo de Sandra Kogut.

'Geraldo de Barros e a fotografia', Instituto Moreira Salles (Curadora: Heloísa Espada): Verdadeiro criador multimídia de seu tempo, Geraldo de Barros ganhou uma mostra que evidenciou o ineditismo de sua produção fotográfica, iniciada nos anos 1940. A exposição reuniu fotografias, desenhos, gravuras, monotipias, pinturas concretas e da fase pop do artista, além de 268 colagens de negativos e 70 ampliações da série “Sobras”.

'A inusitada coleção de Sylvio Perlstein', Museu de Arte Moderna (Curadores: Luiz Camillo Osorio): Com obras de Kandinsky, Magritte, Andy Warhol, Cy Twombly e outros, a coleção do belga-brasileiro Sylvio Perlstein, residente na França, praticamente foi transmutada para o Rio. A exposição apresentou 150 peças garimpadas por ele ao longo de décadas, muitas vezes na convivência com alguns dos mais importantes artistas do século XX.

‘Museu do Homem do Nordeste’ (Jonathas de Andrade), Museu de Arte do Rio (Curadores: Clarissa Diniz e Paulo Herkenhoff): O pernambucano Jonathas de Andrade se apropriou do nome do museu em Recife para realizar um projeto político tocante, que expõe contradições e perversidades históricas da sociedade brasileira. Sua exposição expressa a urgência das ruas e indaga o lugar de uma revolução popular utópica mas possível de ser reivindicada.

'Waldemar Cordeiro: Fantasia exata', Paço Imperial (Curadores: Fernando Cocchiarale e Arlindo Machado): Reunindo mais de 250 trabalhos, a exposição abarca toda a trajetória do artista, da liderança do grupo concretista Ruptura, na São Paulo dos anos 1950, até o pioneirismo no uso do computador na arte, na década de 1970, passando por pinturas, desenhos, fotografias e suas realizações como paisagista e urbanista.

Pianista Carmen Adnet morre em Viena

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RIO — Em 1949, a pianista Carmen Vitis Adnet embarcava para a Polônia, onde participaria do Concurso Chopin de Varsóvia, um dos mais renomados certames de piano do mundo. Lá, como conta o sobrinho Mario Adnet, ela levou o prêmio do público. Capixaba de Vitória, Carmen morreu, de infarto, nesta segunda, em Viena, onde vivia radicada há muitas décadas.

Profundamente identificada com a obra de Chopin, Carmen Adnet lançou em 2010, no Brasil, um disco sobre a obra do compositor polonês. A pianista celebrava, com o CD, os seus 80 anos. A apresentação, no Teatro Municipal de Niterói, quebrou um jejum de 27 anos de distância dos palcos brasileiros.

— A imensa ligação com Chopin, que perdurou toda a minha vida, começou justamente naquele concurso de Varsóvia — disse a pianista na ocasião, feliz por voltar ao país também para participar de um concurso nacional Chopin.

Viúva do pianista e pedagogo austríaco Hans Graf (1928-1994), com se casou em 1953, Carmen lecionou por vinte anos na Academia de Música de Viena. Ela deixa as filhas Maria Beatriz e Clarissa, netos e bisnetos. A família informa que Carmen Adnet será cremada nos próximos dias de acordo com os prazos estipulados pela legislação austríaca.

Os melhores da música em 1994 e 2004

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1994

No ano em que Romário recebeu a Copa do Mundo das mãos do então vice-presidente americano Al Gore, consagrando o Brasil como tetracampeão mundial de futebol nos EUA, Recife ficou com a bola toda, revelando uma fantástica mistura de ritmos regionais com rock e funk.

Os melhores discos de 1994 - Arquivo

Eram os tambores e as guitarras do mangue beat - que se tornaria um dos mais importantes movimentos musicais do país- mostrando o seu poder pelos discos de estreia de Chico Science e Nação Zumbi ("Da lama ao caos") e Mundo Livre s/a ("Samba esquema noise"). Só o segundo, porém, entrou na lista dos melhores de 1994 do GLOBO, período em que a indústria do disco celebrou um aumento de vendas de 40%.(de CDs, majoritariamente) e no qual o Brasil chorou a morte de Tom Jobim.

Foi uma época na qual os selos independentes (como o Banguela, que lançou o Mundo Livre) começaram a se firmar e também aquele que marcou o fim da já cambaleante Fluminense FM, marco do rock da década anterior.

Em 1994, após o apagar da chama grunge, a fusão de jazz e hi-hop, consagrada pelos álbum "Jazzmatazz", do rapper Guru, e "Hand on the torch", do grupo US3, era apontada como a novidade mais quente. Mas Mary Ann Vieira (a Ladybug, do Digable Planets) não entrou no clima quando recebeu uma ligação para comentar o fato: "Esqueçam o meu telefone", disse, curta e grossa a cantora de ascendência brasileira.

Os shows aconteciam em lugares como o Jazzmania e o então recém inaugurado Metropolitan, hoje Citibank Hall), que recebeu os Pet Shop Boys, considerado um dos espetáculos do ano, ao lado de Gilberto Gil, com seu "Unplugged" (a onda acústica era um estouro), Lulu Santos com "Assim caminha a humanidade", e Chico Buarque com "Paratodos". Na lista dos piores do ano, abraçaram-se Madonna ("Bedtime stories"), Leandro e Leonardo e Raça Negra ("Volume 5").

2004

Retrospectiva de música publicada pelo Segundo Caderno em 2004 - Reprodução

Duas veteranas cantoras — Maria Bethânia e Rita Lee — foram destaque nos palcos em 2004, segundo os críticos do GLOBO, com os shows de "Brasileirinho" e "Balacobaco", respectivamente. No mesmo ano em que o TIM Festival fez uma edição só em São Paulo, uma das suas atrações, o grupo escocês Primal Scream, brilhou em apresentação no Armazém 5, enquanto o Municipal recebeu a dupla de pianistas Nelson Freire e Martha Argerich, e o Circo Voador tremeu com o dub de Mad Professor. Subia-se também em palcos como o Canecão e o Ballroom.

Já sofrendo com a queda nas vendas dos seus CDs, a indústria fonográfica respirava, aliviada, com um aumento de 30% em suas vendas, enquanto Adriana Calcanhoto iniciava o projeto Adriana Partimpim, com o lançamento do disco homônimo e bandas como Canastra e Matanza traziam novos ares para o rock e a música clássica saudava a russa Anna Netrebko como musa.

Entre os internacionais, o grupo americano Scissor Sisters, hoje sumido, era saudado pelo seu divertido disco de estreia. Nota triste: a morte do músico e produtor Tom Capone, em Los Angeles, em um acidente de moto.

No mico do ano em que "Festa no apê", de Latino, martelou os ouvidos, o escolhido da retrospectiva do GLOBO foi o destemperado cantor Chorão, após uma brutal agressão a Marcelo Camelo, do Los Hermanos, num aeroporto por causa de uma suposta crítica deste a sua banda, Charlie Brown Jr.

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