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Lloyd Cole, joia do britpop, trava parceria instrumental com alemão Hans-Joachim Roedelius

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Na segunda metade dos anos 1980, quando o britpop ainda não tinha sido coroado com esse nome, Lloyd Cole já era uma de suas mais brilhantes joias. Voz e guitarra à frente do grupo escocês The Commotions, ele acumulou sucessos no topo das paradas, como as radiofônicas “Perfect skin”, “Forest fire”, “(Are you) Ready to be heartbroken?” e “Lost weekend”. A riqueza de suas composições era tamanha que o disco “Rattlesnakes”, de 1984, chegou a ser listado pelo jornal “NME”, com certo exagero, como um dos cem melhores álbuns de todos os tempos.

Mais de 30 anos depois, Cole deixa o pop, a voz e a guitarra para trás e reaparece com o delicado álbum “Selected studies vol 1”, feito em parceria com o compositor alemão Hans-Joachim Roedelius. Em vez de canções de três minutos, marcadas por cativantes refrães, o repertório é todo composto por temas instrumentais, de tons impressionistas, que devem mais a Debussy e Brian Eno do que a Blur e Oasis. Música ambient, diriam alguns — não Cole.

— Não escuto tanta música hoje, mas não acho que este disco possa ser considerado ambient — diz ele, aos 52 anos. — Prefiro dizer que é um disco sem palavras.

A ligação entre o veterano astro britânico e o compositor alemão não foi fruto do acaso e tem raízes na paixão de Cole pelo trabalho de Roedelius, um dos pioneiros do krautrock (a mistura entre rock e eletrônica que surgiu na Alemanha nos anos 1970) com seu trabalho junto ao grupo Cluster.

— “Sowiesoso”, que o Cluster lançou em 1976, é um dos meus discos favoritos de todos os tempos — revela Cole. — Nunca ouvi um disco de eletrônica que soasse tão orgânico. Ele abriu a minha mente para novas ideias.

Ideias que Cole levou adiante em alguns momentos de sua carreira solo, em particular no disco “Plastic wood”, que gravou em 2001, com sintetizadores, programações eletrônicas, e, como agora, “sem palavras”. Para sua surpresa, Cole descobriu que Roedelius não só tinha ouvido o disco e gostado dele, como tinha feito, por conta própria, remixes para suas faixas.

— Senti uma sensação de maravilhamento e excitação quando soube disso — conta ele, que planeja lançar os remixes em um EP, “um dia”. — Desde então ficamos em contato, sempre com a ideia de fazermos algo juntos, um dia.

O dia chegou, quase dez anos depois, quando a dupla finalmente se encontrou, durante uma passagem de Cole, em turnê, por Viena, onde Roedelius mora. Após o contato imediato, os dois se separaram novamente (Cole mora nos Estados Unidos) e começaram a trabalhar à distância, trocando arquivos pela internet.

— Foi um pouco estranho, mas lógico ao mesmo tempo — explica Cole. — Na verdade, foi uma sequência do que Roedelius tinha feito antes com o meu disco, só que, desta vez, de forma planejada. Eu fazia pedaços de música e deixava trechos em aberto, para que ele completasse, e ele fazia o mesmo comigo.

planos de sequência e turnê

O resultado foram dez preciosidades instrumentais, que vão da experiência com frequências de “Fehmarn F/O” à suavidade de “Lullerby”, passando pela doçura quase infantil de “Pastoral”, que ganhou um contraponto com um clipe de cores avermelhadas, filmado entre as vitrines de uma loja de comida oriental, num dia chuvoso.

— O disco está sendo bem recebido, mais até do que imaginávamos, e talvez tenha uma sequência — afirma Cole. — Uma breve turnê também pode acontecer, desde que eu me entenda com um sintetizador modular, que comprei para as gravações e ainda estou aprendendo a tocar.


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