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Teresa Cristina de todas as praias, sobretudo a de Roberto Carlos

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RIO - No divã da vida, Teresa Cristina foi se tratando de sua timidez crônica, aquela espécie de “véu que as pessoas confundiam com prepotência, antipatia”. Mas sabe quando o tecido cai imediatamente? É quando a cantora sobe ao palco para cantar Roberto Carlos com a banda Os Outros — o que ela fará na próxima sexta-feira, dia 8, no Circo Voador, na noite de lançamento do disco da parceria.

— Tem ali uma dor de cotovelo, exposta com uma ferocidade, um rancor e uma explosão... Quando me ouvi cantando aquilo, achei muito maneiro. Não me reconheci! — exulta Teresa, que, paralelamente, vinha fazendo shows para comemorar os dez anos de seu álbum de estreia, só com sambas de Paulinho da Viola. — Na hora de voltar para a delicadeza do Paulinho, minha expressão mudou para melhor.

Aos 44 anos (cantando profissionalmente desde os 30), Teresa tem cada vez mais contrariado os que querem encarcerá-la artisticamente. Fez parcerias com as cantoras de MPB moderna Karina Buhr (“Plástico bolha”) e Kátia B (“Armadilha”) e, há alguns dias, encontrou-se com o rapper Criolo para rascunhar melodias para uma letra dele.

— Foi como quando eu fiz uma música com o Roque Ferreira — conta ela. — Eu não sabia que seria capaz de fazer uma chula. Dá uma sensação gostosa. Mas não foi que eu tivesse pensado em expandir, em fazer músicas diferentes.

Na verdade, já estava tudo lá. Porque a Teresa Cristina que muitos conhecem como sambista da Lapa despertou para a música aos 6 anos, na Vila da Penha, imitando Fafá de Belém. Depois, passou pela fase da disco music no baile do Olaria, pela curtição do pop brasileiro (A Cor do Som, Rita Lee...) e foi acabar, pela influência da turma, no peso de Van Halen, Iron Maiden (“Gosto de todo o universo do Iron, todo disco tinha um símbolo escondido”) e Faith no More.

— E, ainda assim, sigo descobrindo coisas no samba, que é um poço sem fundo. Acho hipocrisia você, para gostar de uma coisa, pisar em outra.

As músicas de Roberto Carlos, Teresa já cantava “antes mesmo de saber falar direito”.

— Lembro muito da minha mãe lavando roupa e cantando “O portão”, “À janela”, “Proposta”, “Quando”... Estava tudo ali na minha cabeça, não precisei aprender letra, nem melodia.

Um dia, a mãe foi vê-la no show com Os Outros. Quase não reconheceu a filha.

— Ela me achou corajosa e disse: “Pôxa, como você cresceu!” Para mim, foi um troféu.

E foi também a melhor resposta para os que a criticavam, anonimamente, “no reino da covardia que é a internet”, por ter deixado o samba de lado.

— As pessoas que discordaram mais do que eu faço não têm um rosto. Na hora esquentei com aquilo, mas depois deixei para lá. Tenho que ser coerente comigo — desabafa a cantora, que, há alguns dias, foi ao Facebook para desculpar-se com o carnavalesco Paulo Barros por comentários sobre a Unidos da Tijuca.

tributo a Candeia sai Em 2013

Este será um ano de muito samba para Teresa Cristina. Ela promete que, com ou sem patrocínio, vai gravar seu disco em homenagem a Candeia, que está há 15 anos para fazer com o grupo Semente.

— Eu comecei a cantar samba por causa dele — conta ela, que cresceu com “Sambas de roda”, LP que seu pai ouvia insistentemente. — Só reencontrei esse disco aos 25 anos, em CD. E vi que sabia cantar todas as músicas e tive a ideia de fazer um show, mesmo sendo ainda vistoriadora de veículos.

Depois do Roberto Carlos da mãe e do Candeia do pai, Teresa fecha um ciclo.

— E parto daqui para a minha independência!


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