LISBOA - Em sua noite indie, o Rock in Rio Lisboa 2014 mostrou por que artistas como Arcade Fire e Lorde ganham o rótulo de alternativos. Neste sábado, o Parque da Bela Vista, que recebeu 90 mil pessoas na quinta (quando se apresentaram os Rolling Stones) e 68 mil na sexta (para Linkin Park e Queens of the Stone Age), não viu mais do que 47,500 pessoas, segundo a assessoria de imprensa do festival.
Apesar do dia de folga, os portugueses não repetiram os cariocas, que costumam ir à Cidade do Rock nos sábados, mesmo que seja apenas para passear.
É bem verdade que a Rock Street teve seu dia mais animado. Repetindo a temática britânica apresentada no Rio em 2013, a rua das lojinhas ficou quente com a música de artistas como a dupla Heymoonshaker, que faz bules com beat-box (aquela bateria simulada com a boca) e os grupos Melting Pot e Terra Celta, este, de Londrina, Paraná, causando grande sensação entre os portugueses com sua música irlandesa com toque de forró e letras bem-humoradas.
- Este é o palco mais divertido do festival - dizia o empresário Roberto Medina, produtor do Rock in Rio, observando a gigantesca roda de pogo formada durante o show do Terra Celta.
Os trabalhos no Palco Mundo começaram no fim da tarde, ainda sob o sol, com uma homenagem ao compositor português António Variações, uma lenda da música popular do país, morto de Aids em 1984, aos 39 anos. No show, que celebrou os 70 anos de nascimento de Variações, dividiram o palco os cantores Gisela João, Deolinda, Linda Martini e Rui Pregão da Cunha.
A noite começava a cair quando se apresentou o jovem cantor inglês Ed Sheeran. Sozinho com seu violão (que ele transformava em banda, com o uso competente de samplers e loops), o ruivo de 23 anos não agrado apenas as meninas que levaram cartazes com declarações de amor, mas todos que prestam atenção. Sem se intimidar com um grande festival, Sheeran soube controlar o público com músicas de seus dois discos, "+" e "X", como " Lego house", "Give me love" e "Be my husband" - está do repertório de Nina Simone - e saiu deixando ótima impressão.
A noite acabou com duas atrações que estiveram recentemente no Brasil para o festival Lollapalooza. Ainda mais jovem do que Sheeran, - e também sozinha no palco -, a neozelandesa Lorde mostrou que seu som intimista talvez não seja o ideal para um grande festival, mesmo com apenas metade da capacidade de público preenchida. O show, em que ela cantou músicas como "White teeth teens" e "Bravado", ganhou aplausos polidos e pouco mais.
O Arcade Fire começou seu carnaval haitiano pouco antes da meia-noite, reunindo em frente ao Palco Mundo a maior multidão da noite (o que deixava um grande Claro no extenso gramaso). Sempre animados, os canadenses começaram a apresentação com "Reflektor", de seu mais recente disco, que tem as músicas brasileira e caribenha como grandes influências. Com sucessos como "Joan of Arc" e "Afterlife", a banda (que recebeu Lorde no palco em "Normal person" e "Here comes the night time") mostrou competência e até cabine para um grande festival, mas ficou a sensação de que faltava um headliner. A impressão final é a de que todos os artistas são números de abertura para os Stones, inclusive os que se apresentam dias depois deles.