Atores que invariavelmente surgem nas listas das personalidades brasileiras mais sexies, Cleo Pires e Cauã Reymond não negam o próprio poder de sedução. Muito menos têm problemas em usar o sex appeal quando um personagem exige. Será o caso agora com a série “O caçador”, que estreia dia 11, depois do “Globo repórter”. Na atração, os dois protagonizam um caso com direito a tórridas sequências de sexo. Mas nada que tire o sono da dupla.
— Fazemos personagens que mexem com a fantasia das pessoas, é natural que isso transborde. Quando estou em um trabalho como esse, a sensualidade é intencional. Mas, na vida, não. Só se estou interessado em alguém. Fiquei anos casado (com Grazi Massafera, de quem se separou no ano passado) e não estava interessado em ninguém — explica Cauã.
Na série, uma criação de Marçal Aquino, Fernando Bonassi e José Alvarenga Júnior, Cauã é o ex-policial André, que se torna um caçador de recompensas após ter sido preso injustamente. O protagonista se envolve com a cunhada Kátia (Cleo), casada com seu irmão, o delegado Alexandre (Alejandro Claveaux). Apesar de ser diferente do sedutor Leandro, de “Amores roubados”, microssérie exibida em janeiro, André também tem um lado sensual, que já pode ser visto nas chamadas que estão no ar, nas quais Cauã aparece sem camisa. O ator conta não ter constrangimento as gravar sequências de sexo.
— Nunca tive — garante ele.
— Acho que você tem um pouco — emenda Cleo.
— Você acha? — pergunta.
— Acho — diz ela.
E Cauã recorda de uma situação específica das gravações:
— Teve uma hora em que eu precisei tirar a sunga, né? Pela primeira vez com a bunda de fora. Já tinha ficado em “Falsa loura” (filme de Carlos Reichenbach, de 2007), mas era uma cena em que o personagem estava andando. E com a Cleo eu tive que ficar numa posição delicada. O meu constrangimento era pela posição, não por estar pelado.
A atriz também afirma lidar bem com as sequências quentes:
— Gravei uma cena com o Cauã mais explícita, numa piscina. E com o Alejandro foi mais de movimentação, de suor. Fiquei à vontade com os dois. A gente tinha uma troca bacana.
Mas admite que as cenas do seriado mexeram com o namorado, o também ator Rômulo Arantes Neto.
— Ele tem ciúmes, e eu também teria. Quando você ama, cuida. Rômulo prefere não ver cenas específicas, mas não deixa de me prestigiar. E confia em mim e confia nele — explica.
Sem ressalvas, Cleo fala que às vezes também usa o seu poder de sedução fora do vídeo.
— A sensualidade pode ser intencional quando você quer despertar isso em alguém. Acho que a gente já é bem grandinho para saber — provoca a atriz.
Uma história com ação e drama, “O caçador” exigiu mais do que a química entre os atores nas cenas sensuais. O elenco precisou de preparação para dar vida aos casos policiais que pautarão os 14 episódios. Cauã, que usa em cena 14 tatuagens falsas, fez aula de tiro na Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil.
— O seriado é um drama criminal, tem momentos de ação, tem momentos de thriller, tem momentos de promiscuidade — descreve Cauã.
Já Cleo decidiu emagrecer para incorporar Kátia:
— Queria ficar fisicamente mais frágil, porque eu sou forte. A personagem tinha que ser até mais magra do que estou. Não faço dieta, sou hedonista. Tinha que ter começado a gravar agora, que fiquei disciplinada fazendo crossfit (sequência de exercícios pesados).
Diretor da série, em parceria com José Alvarenga Júnior, Heitor Dhalia explica que a indecisão sentimental de Kátia é genuína. E provoca ainda mais sofrimento na personagem, que é bipolar e desequilibrada.
— Quem está dividido sempre sofre. É meio tragédia grega, são duas paixões reais. Ela está muito balançada pelos dois — adianta ele, que dirigiu uma das sequências picantes entre Kátia e Alexandre: — Eles estão transando e ouvem uma ligação de André na secretária eletrônica. Isso deixa a relação ainda mais apimentada. É como na vida, acho que ciúme e tesão andam juntos.
Para Cauã, mais do que um fetiche, Kátia representa um refúgio para André, que ficou preso por três anos após ser traído quando comandava uma operação. De um clã de policiais, o personagem é abandonado pela família e é expulso da corporação (leia mais sobre a trama na página 13).
— Kátia é a única pessoa que o procura quando ele sai da cadeia. Eles têm uma relação doentia. Ela representa dúvida e confusão, mas é o único laço afetivo que sobrou — analisa o ator.
Para Cleo, Kátia se relacionaria com os dois irmãos de qualquer forma, independentemente de quem fosse seu marido.
— A traição passa pelo fato de ela não saber o que fazer com suas emoções e achar um lugar para escapar, em vez de resolver suas questões. Alexandre é uma espécie de porto seguro, uma coisa firme. Com o André é mais “vamos pirar” — compara a atriz.
Alvarenga resume os dramas do personagem de Cauã:
— É a história de um policial que está no seu auge, que é caloroso e tem uma família que ele ama. Depois, é renegado por todos e passa a achar que o mundo é escroto e a ser um cara muito mais frio. É uma série sobre a indiferença, fragilidade e vulnerabilidade.
Assim como Cauã, Cleo fez aulas de tiro e aprendeu como explorar áreas de risco na Academia de Polícia Civil do estado do Rio. Mas a preparação foi para outro trabalho, o filme “Boletim de ocorrência”, longa de Tomas Portella, que começa a ser rodado no dia 8, e no qual a atriz interpreta uma policial recém-formada:
— A personagem se torna policial por uma motivação pouco honrosa, para se vingar do ex-namorado. Mas resolve se provar para todo mundo e se torna uma ótima policial.
Após o fim das gravações de “O caçador”, previsto para maio, Cauã também volta ao cinema: vai rodar “Língua seca”, de Homero Oliveira. Ele ainda está em cartaz como o traficante Playboy em “Alemão”, de José Eduardo Belmonte, do qual também é produtor:
— Esse filme me realizou como ator e como produtor associado. Eu fui coprodutor no “Se nada mais der certo” (de 2008, também de Belmonte), mas, na época, isso não era um objetivo. No “Alemão”, já era. Tanto que sou coprodutor do “Tim Maia” (de Mauro Lima, com estreia prevista para julho).
Aos 33 anos, o ator conta que o interesse pelo “outro lado das câmeras” é fruto da maturidade na profissão.
— No começo da carreira, quando assistia às cenas, olhava para mim. Com o tempo, fui ganhando um olhar para o diretor de arte, o de fotografia. Hoje em dia, consigo parar de me olhar e ver o trabalho do meu colega. Talvez seja um dos motivos que fizeram com que eu quisesse ter uma voz ativa não só no lugar do ator em cena como também no lugar da criação.
Cleo, de 31 anos, também tem um outro lado criativo que pode ser acionado “em algum momento”:
— Compus uma música com meu pai, Orlando (Morais, casado com a sua mãe, Gloria Pires), chamada “Areia firme”. Quero ser cantora. Às vezes gosto da minha voz, mas nem sempre. Sou afinada. Não sei se eu não tenho talento nenhum ou se o meu medo de mexer nisso de alguma forma me fez não desenvolver esse talento. Mas eu amo música e não queria morrer sem fazer isso.