RIO - Natural do Ceará e vivendo em Goiânia há 14 anos, José Higo Pereira é um rapaz de 21 anos que hoje anda de avião pela primeira vez. O fato surpreende quem conhece seu trabalho como NeguimBeats pela rede (http://bit.ly/1dAceUb). Com o EP “Sweet life” lançado por um selo internacional e tendo suas músicas incluídas em sets de DJs de diferentes partes do mundo, seria de se imaginar que José estivesse viajando bastante.
Só que no mundo digital as músicas viajam muito mais rápido do que as pessoas, e só agora NeguimBeats decola, rumo ao Rio. Ele toca hoje na festa de hip-hop Doom, na Cave, onde deve mostrar o EP, que traz uma coleção de batidas chapadas feitas por sintetizadores emulados num teclado, e foi lançado pelo Darker Than Wax, selo baseado em Cingapura e dedicado a soul, house e hip- hop.
— Meu primeiro contato com a Darker Than Wax foi através de uma mensagem no Soundcloud, quando o fundador do selo me convidou para fazer uma colaboração. No mesmo dia, ele já me chamou para fazer parte da família, aceitei e fizemos minha entrada, com uma música chamada “Hallelujah” — conta NeguimBeats, cuja sonoridade o aproxima de outros brasileiros, como CERSV e Sants, que também chamam atenção pelo mundo, mesmo que ainda de maneira tímida.
O contato de NeguimBeats com o universo da produção musical se deu por meio de outro tipo de viagem, espiritual, na igreja.
— Na virada de 2005 para 2006 fui para a igreja evangélica e lá aprendi a tocar bateria e violão. Comecei também a andar de skate, até que, em 2010, um amigo me mostrou o programa Fruity Loops para fazer batidas, e fiquei louco para aprender — explica ele. — Trabalhava como auxiliar administrativo em uma metalúrgica quando comprei meu primeiro e atual computador. Instalei os programas e fui me virando sozinho, seguindo dicas.
Ligado no produtor americano Sango, NeguimBeats aponta bossa nova, fusion, soul, funk, deep house e trap como suas referências. Tímido nas respostas, credita o reconhecimento inicial do seu som ao fato de fazer música que “chegue com amor aos ouvidos das pessoas”:
— Acho que gostam do sentimento.
* Bruno Natal escreve na página Transcultura, publicada às sextas-feiras no Segundo Caderno