RIO — Com a voz cansada, por conta das gravações da reta final de “Amor à vida”, que será encerrada no dia 31, Juliano Cazarré comenta o fato de estar em dose dupla na TV a partir desta terça, às 23h25, na Globo, com a estreia da minissérie “Serra Pelada — A saga do ouro”. A produção, em quatro capítulos, é uma versão televisiva do filme dirigido por Heitor Dhalia, exibido nos cinemas em 2013. Para ele, o formato “privilegia um público que não tem condições de ir ao cinema”.
— A gente faz o filme com tanto carinho e quer que o máximo de pessoas assista. Existe muita cidade pequena no Brasil que não tem cinema — justifica.
“Serra Pelada — A saga do ouro” conta a história de Juliano (Cazarré) e Joaquim (Julio Andrade), amigos de infância que se mudam para o Pará na tentativa de enriquecer com a “febre do ouro”. Com o tempo, a realidade no garimpo muda a vida dos dois. Inicialmente, Juliano se mostra fiel ao amigo, mas o lado ambicioso e violento vem à tona, e ele se torna um gângster da região. No elenco estão ainda Matheus Nachtergaele, Sophie Charlotte e Wagner Moura.
— O meu personagem é um brasileiro empreendedor, que tem uma meta: ganhar muito dinheiro. Como não pode morrer, mata primeiro — explica.
Além de ficar rico, Juliano tem outra fixação: conquistar Tereza (Sophie), noiva de Carvalho (Nachtergaele), um poderoso fazendeiro local.
— A minissérie tem uma cena inédita com a Sophie, que ficou muito bacana. Ainda vestida de noiva, ela acusa o Juliano de ter matado seu noivo no altar. O contraste presente é interessante: ela vem superfrágil, e ele parece uma rocha, inflexível — descreve o ator.
Quando o assunto é o caráter indefinido de Ninho, em “Amor à vida”, que era um cara bom e se tornou um vilão, Cazarré não fica em cima do muro. Ele admite sua confusão com as mudanças nos rumos da novela escrita por Walcyr Carrasco.
— A segunda viagem ao Peru, quando o Ninho sequestra a Paulinha (Klara Castanho), foi construída de uma maneira absurda. Era óbvio que a ideia de Félix (Mateus Solano), de sequestrar a menina para que o pai tivesse a oportunidade de ficar perto dela e ainda pudesse conquistar a Paloma (Paolla Oliveira), seria ruim para o meu personagem. Foi difícil construir — desabafa Juliano.
O ator conta que demorou a acreditar que Ninho realmente era mau caráter. E, no meio da novela, chegou a pensar que “não ia dar conta”.
— Mas nunca desisti do Ninho. Tinha fé que ele iria entrar num momento bacana. O personagem que fiz no começo era tão forte que me recusei a acreditar que era mau. Só depois me dei conta, e coloquei as quatro patas — revela, que pretende viajar com a mulher depois da novela: — Vou deixar as crianças com as avós.
Ao assumir a vilania, Cazarré cresceu na trama e teve a oportunidade de dividir a cena com Vanessa Giácomo e Antonio Fagundes. Sobre o futuro do bandido, ele prefere não opinar:
— Eu não torço nem espero por nada neste final. Estou aguardando cena boa. Gosto de cena boa — frisa.