RIO - O Picolé se derreteu todo em sua primeira edição, na terça-feira passada, no Circo Voador. E haverá mais cadeiras de praia espalhadas pelo local, mercado de troca de roupas (com o mote “desapego”), filme (“Mr. Niterói”, de Ton Gadioli, sobre o rapper Gustavo Black Alien), shows (de Mohandas, Larissa Luiz, Negro Leo) e uma piscina para quem quiser refrescar a cabeça na sua próxima edição, no dia 28. Mas o descontraído festival, que segue até fevereiro, não é um peixe fora d’água no verão dos 40 graus e lá vai fumaça. Outros eventos semelhantes, inspirados pela estação quente, se espalham pela cidade, como o projeto Veraneio, no Oi Futuro Ipanema, a temporada de shows do grupo Lafayette & Os Tremendões, no Solar de Botafogo, e a nova série do Baile do Almeidinha, comandado pelo bandolinista Hamilton de Holanda, no próprio Circo Voador.
Com curadoria de Thiago Vedova, o Veraneio abre sua série de shows hoje, às 21h, com apresentação da cantora paulistana Blubell. Amanhã, quem sobe ao palco do local é a cantora Letícia Novaes (do Letuce) e o tecladista Arthur Braganti, com o espetáculo Tru & Tro com a Corja, definido pela dupla como “músico-perfomático”. Até o fim de fevereiro, vão se apresentar no evento nomes como Cérebro Eletrônico (25/01), Luana + Ana + Letícia (novamente Letícia Novaes, desta vez ao lado de Luana Carvalho e Ana Claudia Lomelino, no dia 02/02), Abayomy Afrobeat Orquestra (09/02), Trupe Chá de Bolo (15/02) e Amplexos (23/02, no encerramento).
— É uma espécie de ponte aérea, trazendo artistas de São Paulo para tocar aqui, aos sábados, seguidos por nomes locais, aos domingos — explica Vedova. — A ideia é fazer um evento com jeito de pós-praia. E o clima da estação vai estar presente na iluminação, feita para lembrar o pôr do sol, e nas esculturas com reproduções do Pão de Açúcar e do Dois Irmãos, que vão decorar o local.
No Solar de Botafogo, nas quartas de janeiro, o já divertido revival do Lafayette & Os Tremendões — tradicionalmente feito em cima de um repertório de clássicos da Jovem Guarda — ganha uma brasa a mais com a adição, pela primeira vez, de canções próprias criadas pelo grupo, que conta com músicos como Érika Martins, Gabriel Thomaz (Autoramas), Nervoso, Melvin Fleming e Renato Martins (Canastra). O motivo é nobre: celebrar os dez anos do encontro da turma com o cultuado tecladista/organista que acompanhou Roberto Carlos e outros artistas do gênero.
— Nosso primeiro show foi em 2005, mas o primeiro encontro e os primeiros ensaios foram em 2004 — conta Renato Martins. — Por conta disso estamos com um repertório renovado da Jovem Guarda e trazendo também as primeiras músicas que compusemos juntos, inclusive com o Lafayette.
O músico lembra que o Lafayette & Os Tremendões subiu ao palco pela primeira vez também em uma temporada de verão, em janeiro de 2005, no Teatro Odisseia.
— É bacana tocar nessa época, porque, sem trocadilho, o Rio em janeiro fica mais cosmopolita, tem muito gringo, muita gente de outros estados, e isso cria um clima diferente do comum, as pessoas parecem mais abertas à diversão. Tanto que o Solar está sem cadeiras durante os shows, e depois deles tocamos como DJs no bar. Esperamos seguir com a temporada em fevereiro.
Já o Picolé chega como um refresco na celebração de dez anos da reabertura do Circo, após seu fechamento, em 2002, pelo então prefeito Cesar Maia, mantido pelo seu sucessor, Luiz Paulo Conde. Depois da edição do próximo dia 28, o evento se encerra em 11 de fevereiro, com atrações como Tono, Iara Rennó e Botika já confirmadas, além da exibição do filme “Cinco carnavais”, da Orquestra Voadora.
— Pensamos num evento leve, sem grandes pretensões, edital ou patrocínio, apenas a arte pela arte — explica Gaby Morenah, produtora do Circo, que vai receber também, às quintas-feiras, nos dias 30 de janeiro e 13 de fevereiro, a gafieira comandada por Hamilton de Holanda, com os convidados Zélia Duncan e Carlos Malta.