RIO - No ano em que se completam cinco décadas do golpe que instituiu o regime militar no Brasil, o assunto será tema de diversos lançamentos do mercado editorial. Entre as novidades, o carro-chefe promete ser uma reedição: os quatro livros do jornalista Elio Gaspari — “A ditadura envergonhada” (2002), “A ditadura escancarada” (2002), “A ditadura derrotada” (2003) e “A ditadura encurralada” (2004) — estreiam em nova casa, a Intrínseca. Com lançamento previsto para meados de fevereiro, as obras foram revistas e atualizadas e ganharão caprichadas edições em e-book, com fac-símiles de documentos citados, fotos, vídeos e áudios.
Outros três livros procuram repassar as duas décadas de regime militar. Em “1964: O golpe que derrubou um presidente e instituiu a ditadura no Brasil” (Civilização Brasileira), Jorge Ferreira e Ângela de Castro Gomes, professores da Universidade Federal Fluminense (UFF), traçam um panorama do regime civil-militar e destacam personagens e momentos que marcaram o período.
Em “Ditadura e democracia no Brasil: do golpe de 1964 à Constituição de 1988” (Zahar), Daniel Aarão Reis, também professor da UFF, propõe uma nova leitura do regime, especialmente da relação entre a sociedade civil e os militares. As duas obras estão previstas para fevereiro. Já o historiador Marco Antônio Villa publica “Ditadura à brasileira” (LeYa), em que apresenta as peculiaridades do regime e os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais de cada um dos cinco governos militares.
Na seara do comportamento, “O verão do golpe” (Maquinária Editora), do jornalista Roberto Sander, lançado este mês, recupera o cenário social e cultural da temporada que antecedeu a derrubada do presidente João Goulart, na primavera de 1964. Na mesma linha, a Companhia das Letras publica, da jornalista Ana Maria Bahiana, “Almanaque 1964”, que faz um balanço do clima cultural e político naquele ano.
O ano de 2014 também marca outra efeméride: os 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial. A Rocco garantiu os direitos de publicação de “Adieu à l’Europe” (Adeus à Europa), de Olivier Compagnon. O autor fez um estudo sobre como o conflito no Velho Continente afetou os países latino-americanos, entre eles o Brasil e a Argentina, fazendo aflorar questões identitárias e provocando uma reformulação do próprio nacionalismo. Pelo selo Alfaguara, sairá “O bom soldado Svejk”, de Jaroslav Hasek, romance de 1923 que é editado no Brasil pela primeira vez na íntegra e com tradução direta do tcheco. A obra é baseada, em partes, na própria experiência de Hasek, e expõe a máquina da guerra através do riso.