Quantcast
Channel: OGlobo
Viewing all articles
Browse latest Browse all 32716

O traço afiado de Cavalcante na Bienal Internacional de Caricatura

$
0
0

Retratar um personagem exagerando alguma característica física sua, ressaltando uma particularidade que o identifique, não é tarefa fácil. A pessoa pode desenhar muito bem, ilustrar maravilhosamente, mas a caricatura exige mais: a busca da essência.

— É preciso haver pertinência entre o desenho e o caricaturado. Pode-se aprender a desenhar, mas não a fazer caricatura. É algo que simplesmente se faz — diz Paulo Cavalcante, ou simplesmente Cavalcante, como assina o caricaturista e ilustrador, que ganha a partir desta quinta-feira, às 18h, no Museu Nacional de Belas Artes, uma exposição com 105 desenhos do gênero feitos para O GLOBO, onde trabalha desde 1993, e outras publicações nacionais e estrangeiras.

A exposição “A arte de Cavalcante” fica em cartaz até 9 de março e integra a vasta programação da 1ª Bienal Internacional de Caricatura. A mostra tem um caráter retrospectivo, abrangendo mais de 25 anos. Estão lá retratos de escritores, jogadores e músicos, como Manuel Bandeira, Romário e Nelson Cavaquinho, e políticos como Hugo Chávez, entre várias personalidades que frequentaram a imprensa nas últimas duas décadas e meia. Foi no “New York Review of Books” que Cavalcante viu o trabalho que o impulsionou para a carreira: uma caricatura da então primeira-ministra de Israel, Golda Meir, feita pelo americano David Levine, colaborador de importantes publicações, como as revistas “Esquire” e “The New Yorker”.

— Lembro que este foi o primeiro desenho que me impressionou quando era criança. Depois disso não parei mais — conta ele.

Esculturas a partir de bonecos

Além das caricaturas, Cavalcante vai mostrar no MNBA um aspecto pouco conhecido de sua obra: as pinturas a óleo. São sete telas, que unem a tradição do figurativo e a temática do humor e da caricatura — “sem uma intenção narrativa e sim mais estética”, observa ele. Mas não é tudo. Em seu ateliê em Laranjeiras, ele também cria objetos-esculturas, que são inspiração para seus desenhos e estão incluídos na exposição. Eles são feitos a partir de bonecos desfalcados de algumas partes, substituídas por peças moldadas com massa, durepox e outros materiais.

As pinturas surgiram de modo curioso, a partir do desenvolvimento das técnicas gráficas. Para aproveitar as novas possibilidades vindas com a tecnologia, Cavalcante passou a trabalhar com tinta acrílica e aquarela, e depois a usar o computador para tratar as imagens. Sentiu necessidade de pintar em escala maior, partindo para as telas.

— Quando comecei era mais uma experimentação, mas fui tomando gosto pela coisa — diz ele, que trabalha se divertindo. — Faço aquilo de que mais gosto. Se eu trabalhasse com outra coisa isso acabaria sendo meu hobby.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 32716


<script src="https://jsc.adskeeper.com/r/s/rssing.com.1596347.js" async> </script>