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Barbara Heliodora faz leitura privilegiada de ‘Hamlet’

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Que Barbara Heliodora é uma das profissionais de teatro do Brasil que mais conhecem Shakespeare, isso até os mais remotos príncipes da Dinamarca devem saber. Professora, ensaísta e crítica do GLOBO, tradutora de 35 das 37 peças do bardo inglês, orientadora de um grupo de estudos sobre seus textos, Barbara se prepara agora para compartilhar esse conhecimento numa série de encontros abertos ao público, com um formato diferente e instigante. No projeto “Barbara e Hamlet: Uma história de amor” — a partir desta sexta-feira, às 20h30m, no Espaço Sesc (com ingressos a R$ 20) —, a crítica vai abordar a mais famosa peça do dramaturgo, que será estudada e encenada em três partes, cada uma num fim de semana, até o dia 22 de dezembro. Às sextas-feiras, Barbara estará sozinha no palco, lendo e analisando o teatro elisabetano e Shakespeare. Aos sábados e domingos, vai acompanhar e comentar ensaios das cenas estudadas (são as mesmas nos dois dias), com jovens estudantes de escolas de teatro do Rio, dirigidos por André Paes Leme. Antes, atores — Miriam Freeland, Roberto Bomtempo, Jaqueline Laurence, Bianca Ramoneda, Thiago Lacerda, Inez Viana e Francisco Cuoco — abrem a cada noite os trabalhos, lendo um trecho da peça. O público poderá participar levantando questões.

— O foco é ilustrar os comentários com as leituras — diz Paes Leme. — O evento é uma oportunidade de se fazer uma homenagem aos seus 90 anos (completados em 29 de agosto) e é bastante rico; é como se fosse uma leitura dramatizada intensa, em dose tripla, com muita discussão e foco na dramaturgia.

Barbara diz que a ideia partiu da atriz Camilla Amado, uma das integrantes do grupo de estudos que a crítica mantém semanalmente em sua casa, no Cosme Velho, logo depois da leitura de “Hamlet”.

— Ela costuma distribuir os papéis pelos integrantes do grupo, numa leitura coletiva. Mas sugeri que ela mesma lesse “Hamlet” sozinha. E aí vi a grande atriz que é.

Camilla então propôs que Barbara fizesse aquilo “para muito mais gente”. Barbara achou que fosse “uma brincadeira”, conta. Mas, na semana seguinte, uma grande rede capitaneada pela atriz e pela diretora do Espaço Sesc, Bia Radunsky, foi se organizando em torno do evento. Hoje, na abertura, Barbara vai fazer uma introdução ao texto.

— “Hamlet” não é uma peça que apareça por acaso. Vou falar da época, dos antecedentes da peça, das fontes usadas por Shakespeare — adianta ela, explicando que o dramaturgo “não inventou a trama”. — O enredo vem de longe, da Idade Média, por várias versões. A grande diferença do “Hamlet” para tudo o que existia é que antes se tratava de uma pura e simples história de vingança. Já em Shakespeare, para cumprir a vingança pedida pelo pai, Hamlet faz uma avaliação interna, tem que justificar para si mesmo o ato de matar outra pessoa. O que é maravilhoso e problemático na peça de Shakespeare é que ele transformou uma história que era apenas de vingança numa grande reflexão sobre a condição humana.


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