RIO - O rapper Emicida virou alvo de protestos feministas por causa de uma música nova. “Margarida era rosa, bela, cheirosa e grampola/.../ Chamei de banquete era fim de feira/ estendi tapete mas ela é rueira/ Dei todo amor, tratei como flor/ mas no fim era uma trepadeira”, diz a letra de “Trepadeira”. A faixa do álbum “O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui”, recém-lançado pelo cantor, foi motivo de polêmica nas redes. A página da Marcha das Vadias SP publicou um post no Facebook afirmando que o rap deprecia a mulher sexualmente livre. O próprio Emicida escreveu um longo texto, tentando pôr fim na polêmica.
Ao defender a música, que tem participação do compositor e bamba Wilson das Neves, o artista paulistano afirma que se trata de uma história ficcional, que não correponde a sua opinião pessoal. “Me sinto um pouco desconfortável neste papel de explicar poesia, não vejo muito sentido”, diz ele no texto publicado no Facebook. Ele também explica que “Trepadeira” é uma espécie de resposta a uma outra música sua, “Vacilão”, que parte da perspectiva de uma menina ao tratar de um cara que não queria compromisso com ela. “Não esperava em momento algum levantar policiamento sobre como homens ou mulheres conduzem suas vidas sexuais”
No post publicado nesta sexta-feira, a página da Marcha das Vadias convoca os leitores a boicotar o clipe da canção no YouTube. Na opinião do grupo, a letra “dá voz e repercute o discurso hegemônico que deprecia a mulher sexualmente livre e justifica a violência com base no comportamento dela”. A publicação também chama de “lamentável” a justificativa de Emicida, “permeada por ironias, autocongratulações e um tom bastante desrespeitoso”. O protesto termina chamando a postura do rapper de “no mínimo displicente com o combate à violência contra as mulheres”. Dezenas de pessoas comentaram o post, chamando a letra de “absurda” e fazendo outras críticas do gênero.
Assista ao vídeo acima e forme sua própria opinião.