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Autora de ‘Reiniciados’ conta processo para escrever o livro

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RIO - Quem está na casa dos 20 anos cresceu com a revolução que computadores e celulares fizeram na sociedade, e é acostumado a viver compartilhando sua vida em redes sociais - como o Facebook hoje e o Orkut no passado. Mas imaginou viver sem nada disso? Essa é a proposta do livro “Reiniciados” (“Slated”, em inglês), o primeiro de uma trilogia que mostra um Reino Unido em 2050 que proíbe o uso de celulares até os 21 anos e monitora a internet de perto. A narrativa conta a história de Kyla, que, por ser considerada uma criminosa, tem memória e personalidade apagadas e começa a vida do zero.

Esse fim da geração das redes sociais foi inventado por Teri Terry, de 48 anos - que tentou fazer apenas um livro, que acabou em uma trilogia. “Reiniciados” é o primeiro livro publicado da escritora - que também já foi advogada no Canadá, optometrista na Austrália e trabalhou em escolas e bibliotecas na Inglaterra. Formada em três diferentes graduações, recentemente tornou-se mestre em ficção distópica.

Vivendo em tantos lugares diferentes ao longo da vida, a autor compartilha com a personagem principal do livro, Kyla, a sensação de não pertencer ao lugar que está.

- Nunca fiquei tempo o suficiente em um lugar para chamá-lo de casa quando estava crescendo. Creio que essa sensação de deslocamento que sempre senti, de ser uma ‘forasteira’ e não pertencer a lugar nenhum, são coisas que compartilho com ela - comentou a autora.

Kyla, de 16 anos, recomeça a vida em outra família e ganha uma irmã também reiniciada. Com personalidade forte, ela tenta viver a nova rotina, mas “é perseguida por fragmentos do passado em seus sonhos”, como explica Teri.

O cenário criado no livro, mostrando uma sociedade repressora e uma juventude isolada do mundo - por meio da falta de tecnologia -, foi compilado a partir de um sonho da escritora, em que uma menina corria aterrorizada em uma praia, com medo de olhar para trás e ver o que a perseguia. Este, por sinal, é o prólogo do primeiro livro da saga.

- Pela origem da história ser um sonho, feito no inconsciente, é realmente difícil saber em que me inspirei no mundo real. Originalmente, queria mostrar [no livro] um conflito envolvendo terrorismo de ambos os lados com um personagem que poderia ser duas coisas. Isso evoluiu enquanto escrevia, mas não posso falar mais sem estragar ‘Fractured’ [segundo livro, ainda sem tradução para o português] - conta.

Para compor Kyla e todos os reiniciados, Teri fez cursos de psicologia e estudou fisiologia humana e as estrutura e funções cerebrais em uma universidade - além de pesquisar sobre transtorno dissociativo de identidade (conhecido como transtorno de múltiplas personalidades).

“Reiniciados” está presente em nove países (Brasil, Dinamarca, Alemanha, França, Indonésia, China, Turquia, Israel e Holanda). Recente no mercado, já concorreu a 10 prêmios no Reino Unido e ganhou o “North Esat Tenn Book Award”. Os direitos do filme foram vendidos para a produtora Prescience (do longa “O discurso do rei”), e a expectativa é que a história do primeiro livro torne-se um filme.

Teri não esperava tanto sucesso, e fica feliz em que as “vozes adolescentes” que escreveu para o público young adult (adolescente e adulto) estão sendo ouvidas:

- Ser adolescente é estar no limite das coisas, nos extremos. Tudo é caso de vida ou morte, mesmo quando não o é, e isso é uma ótima base para a história.


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