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Atacada por fãs, dançarina de Demi Lovato nega envolvimento em overdose

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demi8.jpgLOS ANGELES — Atacada nas redes sociais por fãs de Demi Lovato, a dançarina da cantora Dani Vitale rebateu críticas e defendeu que nada teve a ver com a festa que resultou na overdose da cantora, na última terça-feira. Em mensagem publicada no Instagram, a coreógrafa destacou que se importa com a artista tanto quanto seus fãs e que havia mantido o silêncio até então porque "a recuperação dela tem sido da maior importância".

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Demi foi encontrada inconsciente após uma festa que durou a noite toda em sua casa, em Los Angeles. O site "TMZ", que cita fontes policiais, revelou a história e explicou que a cantora foi reanimada com Narcan, um medicamento que contém efeitos de drogas. Alguns dos fãs da artista apontaram que Dani Vitale teria má influência sobre a cantora e responsabilidade na emergência. "Fique longe dela", escreveu um. "Amigos não deixam amigos (com histórico de vício) limpos beberem e se drogarem", disse outro. Vitale foi chamada de vadia, cobra, ridícula e falsa. Houve quem desejasse sua morte.

LEIA MAIS: Equipe de Demi Lovato tentou 'intervenção' antes de overdose

Shows de Demi Lovato no Brasil estão confirmados

Demi estava com Dani em um restaurante/bar de Saddle Ranch, horas antes de sofrer a overdose. Era aniversário da dançarina. Os primeiros relatos sustentavam que o mesmo grupo estendeu a celebração na casa da artista, mas a dançarina nega.

"Eu me importo com Demi tanto quanto vocês (...) Eu não estava com Demi quando o incidente aconteceu, mas eu estou (com ela) agora, e continuarei porque ela significa o mundo para mim tanto quanto para vocês. Como vocês, eu não tenho nada senão amor por ela no meu coração. Não há necessidade para negatividade na direção dos que se importam com Demi neste momento. Já há muito disso no mundo", rebateu a dançarina.

Demi 3

Ao completar 27 anos, Dani fez um post no Instagram no qual agradecia Demi pelo "ao incrível" e dizia "mal esperar" para continuar a se inspirar na cantora adiante.

"Sei que vocês se sentem perdidos sem ela nesse momento. Lembrem-se que vocês sempre foram uma comunidade Lovatic que amam. Lembre-se disso quando vocês pegarem seus celulares e escreverem (mensagens nas redes). Lembrem-se que todos nós a amamos mais do que conseguimos expressar em palavras", ressaltou Dani Vitale no novo post.


Passageiros cantam para Caetano Veloso dentro do avião

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RIO - Caetano Veloso foi surpreendido pelos passageiros de um voo de Barcelona, na Espanha, para Porto, em Portugal, na noite do último domingo. Assim que entrou na aeronave e foi reconhecido, o artista recebeu uma homenagem: o "público" presente começou a cantar a música "Sozinho", um dos grandes sucessos do baiano. A mulher do artista, Paula Lavigne, postou o vídeo e, na legenda, disse que aquele era o "melhor momento da turnê".

Nas imagens, Caetano ri, aparentamente constrangido. Seus filhos Tom, Moreno e Zeca Veloso se divertem ao ouvir a cantoria para o pai. Artistas como Patricia Pillar, Maria Gadu e Monica Iozzi comentaram o post.

"Pra morrer de chorar", disse Maria Gadu. "Maravilhoso isso", elogiou Monica Iozzi. "Genial", escreveu Lucio Mauro Filho. "Que lindo", disse Alessandra Negrini. "Ahhh! Que delícia!", comentou Patricia Pillar.

Caetano no avião

O sambista Pretinho da Serrinha chamou a atenção para a reação dos filhos de Caetano: "O Zeca tentando ler, Tom e Moreno passando mal! KKKK Bom demais!"

Caetano, Tom, Zeca e Moreno Veloso estão na Europa com a turnê "Ofertório". A família se apresentará em Portugal nesta semana. Já assistiram às apresentações europeias artistas como o diretor Pedro Almodóvar e os atores Vincent Cassel e Patrick Stewart.

'Só eu posso saber a minha dor', diz Felipe Neto sobre vazamento de vídeo

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felipe-neto.jpgRIO - Quase uma semana após ter um vídeo íntimo vazado, incidente que levou seu nome ao topo dos assuntos mais comentados do mundo no Twitter, Felipe Neto disse praticamente não ter parado para ler os comentários feitos sobre ele na internet. Mas sabe que, devido à natureza sexista em torno de casos semelhantes, sofrerá consequências menos graves do que se fosse uma mulher.

LEIA MAIS: Felipe Neto vai processar quem compartilhou vídeo íntimo vazado

— Tenho muito trabalho e sobra pouco tempo para me preocupar com esse tipo coisa — diz o youtuber, em sua primeira entrevista desde o vazamento. — Sei que as pessoas estão fazendo piada, o que é o menor dos problemas. Vivemos numa sociedade onde o homem pode mostrar tudo que o máximo que ele vai ouvir é sobre o formato do seu pênis. Já a mulher é humilhada, execrada, demitida, mal vista e xingada.

Na quinta-feira, um dia depois de surgirem as imagens íntimas, Neto postou um vídeo em que lê e ri de alguns memes sobre o tamanho do seu pênis. Mas termina num tom mais sério, afirmando que irá processar quem compartilhou o material e, assim, evitar crimes parecidos no futuro. Ele diz acreditar num ambiente virtual menos tóxico:

— Ano passado reuni meus advogados e processamos o dono de uma página do Facebook voltada para orquestrar ataques de ódio e xingamentos em perfis de celebridades. O resultado foi imediato. As páginas foram apagadas e aquele administrador está agora respondendo na Justiça. As pessoas estão cada vez mais entendendo que estar atrás de uma tela não te isenta de um crime.

LEIA TAMBÉM: Post de Cocielo abre debate sobre regulação de vídeos na internet

Independentemente dos motivos que levam uma pessoa a vazar imagens íntimas alheias sem permissão, o youtuber recomenda a vítima procurar sempre a Justiça:

— No meu caso, acredito que a pessoa apenas quis destruir minha imagem. Só esqueceu que eu tenho a melhor família, os melhores amigos e os melhores fãs do mundo. No caso de outras vítimas, pode ser de tudo, principalmente o “revenge porn”, que é o vazamento por vingança, como um ex inconformado.

Neto ressaltou que cada vítima reage de uma forma. Em seu caso, ter feito piadas sobre si próprio foi, também, uma maneira de amenizar a repercussão.

— Só eu posso saber qual foi o meu dano, minha dor ou embaraço. Eu optei pela piada porque eu tiro sarro de tudo e não iria me esconder agora. As pessoas só atacam enquanto funciona. Quando o outro lado não liga e faz piada, os ataques desaparecem. Fazendo piada ou não, os responsáveis serão punidos — desabafou ele, que prefere não comentar sobre possíveis suspeitos pelo vazamento, já que "o processo corre em segredo na Justiça".

O carioca de 30 anos, que hoje tem 23,5 milhões de usuários inscritos em seu canal no YouTube, diz que não irá mudar a forma com que se relaciona com a internet, já que isso representaria a culpabilização da vítima:

— Eu não fiz absolutamente nada de errado e não tive qualquer parcela de culpa no que aconteceu. Se eu fosse assaltado na rua, não mudaria minha forma de andar na rua. É a mesma coisa.

Elenco de 'Guardiões da Galáxia' assina carta aberta em apoio a James Gunn

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Após manifestações individuais de Chris Pratt e Zoe Saldana, hoje todo o elenco principal de "Guardiões da Galáxia" divulgou uma carta aberta em apoio ao seu diretor, James Gunn. Gunn foi demitido pela Disney em 20 de julho após tweets controversos virem à tona. Ppostados por ele anos atrás e já apagadas, as mensagens continham piadas com pedofilia. Gunn escreveu e dirigiu os dois primeiros filmes dos "Guardiões", lançados em 2014 e 2017, e estava trabalhando no terceiro, previsto para lançamento em 2020. No documento, os atores pedem que ele seja recontratado.

"Nós apoiamos totalmente James Gunn", diz o documento, postado nos perfis de redes sociais do elenco. "Fomos supreendidos por sua demissão abrupta semana passada e intencionalmente esperamos estes 10 dias para responder, podendo assim pensar, rezar, ouvir e discutir. Neste período, fomos encorajados pelo grande apoio de fãs e figuras da mídia que desejam ver James reempossado como diretor do terceiro filme".

"Sua história [a de Gunn] não terminou - nem de longe", prossegue o texto. “Há poucas regras processuais no tribunal da opinião pública. James provavelmente não é a última boa pessoa levada a julgamento. Dada a crescente divisão política neste país, é seguro dizer que exemplos como este continuarão, embora esperemos que americanos de todo o espectro político possam dar um passo atrás no assassinato de reputações". Os tweets de Gunn foram resgatados por ativistas de extrema-direita; o diretor é abertamente contra Donald Trump nas redes sociais.

A carta aberta é assinada por Pratt, Zoe, Dave Bautista, Bradley Cooper, Vin Diesel, Sean Gunn, Pom Klementieff, Michael Rooker e Karen Gillan. Abaixo, o post feito hoje por Zoe Saldana:

carta aberta

MeToo ganha força na China após denúncia contra apresentador de TV

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O nascente movimento MeToo chinês ganhou fôlego após um conhecido apresentador da TV estatal ser acusado de assédio sexual. Feita via carta anônima em 25 de julho, a denúncia tinha como alvo Zhu Jun, que há duas décadas apresenta programas da Televisão Central da China, conhecida pela sigla em inglês CCTV (China Central Television). Na carta, uma mulher acusa Zhu Jun de assediá-la em 2014, quando ela era uma estagiária.

Nos primeiros dias, houve uma aparente censura: mensagens sobre a carta da ex-estagiária eram bloqueadas em redes sociais como Weibo e WeChat. Ao longo no fim de semana, porém, sem que houvesse explicação, tornou-se possível compartilhar informações sobre a denúncia. A situação de Zhun Jun permanece indefinida.

O movimento MeToo ganhou manchetes na China pela primeira vez em janeiro, quando chegaram às redes sociais acusações contra um professor da Universidade de Aeronáutica e Astronáutica de Pequim. Desde então, várias alegações foram feitas contra acadêmicos, ambientalistas e jornalistas.

Nos EUA, onde o movimento MeToo começou, muitos homens poderosos dos setores de entretenimento e comunicação perderam seus empregos no último ano após denúncias de assédio sexual. A lista inclui o produdor de cinema Harvey Weinstein e o chefe de animação da Pixar, John Lasseter. Nos últimos dias, o alvo é o CEO da emissora CBS, Les Moonvies, acusado por seis mulheres em uma reportagem da revista "New Yorker".

Diretoras dominam mostra competitiva do Festival de Brasília

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37976165_1914867265200513_8412872327544438784_o.jpgSÃO PAULO - O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro anunciou nesta segunda-feira os selecionados para as mostras competitivas de longas e curtas-metragens de sua 51ª edição, que acontece de 14 a 23 de setembro. Entre os longas, concorrerão aos Candangos seis ficções e três documentários. A lista de curtas traz oito ficções, três documentários e uma animação. De todos os diretores listados, 14 são mulheres.

LEIA MAIS: Elenco de 'Guardiões da Galáxia' assina carta em apoio a James Gunn

Pelo menos três longas tiveram passagens por festivais estrangeiros, com boa repercussão: "Bixa travesty", de Claudia Priscilla e Kiko Goifman, que foi exibido no Festival de Berlim; "Los silencios", de Beatriz Seigner, que participou da seleçao da Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, e "Temporada", de André Novais Oliveira, que teve sua primeira exibição no Festival de Locarno.

Há três longas de São Paulo e dois de Minas Gerais; Bahia, Distrito Federal, Pernambuco e Rio têm um representante cada. Na categoria de curtas, são quatro produções paulistas, três pernambucanas e duas cariocas -- Minas, DF e Ceará aparecem com um concorrente cada.

A seleção oficial foi feita a partir de uma lista de 742 filmes habilitados. Os longas foram escolhidos pela professora e pesquisadora Beatriz Furtado; a cineasta e coordenadora do FestUni Brasília Érika Bauer; o escritor e cineasta Erly Vieira Jr; e o crítico de cinema e curador Heitor Augusto. A seleção dos curtas ficou a cargo da professora e pesquisadora Amaranta Cesar; da pesquisadora e curadora Janaína Oliveira; do programador e editor Leonardo Bonfim; e da produtora e curadora Thay Limeira. A direção artística desta edição ficou a cargo do cineasta Eduardo Valente.

A programação completa será divulgada no dia 8 de agosto, no Cine Brasília.

Veja a lista dos selecionados:

Filmes de Longa-Metragem

"Bixa travesty", de Claudia Priscilla e Kiko Goifman (SP), documentário

"Bloqueio", de Quentin Delaroche e Victória Álvares (PE), documentário

"Ilha", de Ary Rosa e Glenda Nicácio (BA), ficção

"Los silencios", de Beatriz Seigner (SP/Colômbia/França), ficção

"Luna", de Cris Azzi (MG), ficção

"New life S.A.", de André Carvalheira (DF), ficção

"A sombra do pai", de Gabriela Amaral Almeida (SP), ficção

"Temporada", de André Novais Oliveira (MG), ficção

"Torre das donzelas", de Susanna Lira (RJ), documentário

Filmes de Curta-Metragem

"Aulas que Matei", de Amanda Devulsky e Pedro B. Garcia (DF), ficção

"Boca de loba", de Bárbara Cabeça (CE), ficção

"Br3", de Bruno Ribeiro (RJ), ficção

"Conte Isso Àqueles que Dizem que Fomos Derrotados", de Aiano Bemfica, Camila Bastos, Cristiano Araújo e Pedro Maia de Brito (PE/MG), documentário

"Eu, minha mãe e Wallace', de Irmãos Carvalho (SP/RJ), ficção

"Guaxuma", de Nara Normande (PE), animação

"Kairo", de Fabio Rodrigo (SP), ficção

"Liberdade", de Pedro Nishi e Vinicius Silva (SP), documentário

"Mesmo com tanta agonia", de Alice Andrade Drummond (SP), ficção

"Plano controle", de Juliana Antunes (MG), ficção

"Reforma", de Fábio Leal (PE), ficção

"Sempre verei cores no seu cinza", de Anabela Roque (RJ), documentário

"House of cards" terá "final à altura", garante executiva da Netflix

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SÃO PAULO - Em um evento na Associação de Críticos de TV dos Estados Unidos e Canadá (TCA, na sigla em inglês), a vice-presidente de séries originais da Netflix, Cindy Holland, não poderia ter sido mais vaga ao falar da sexta e última temporada de "House of cards".

— Estamos muito orgulhosos da série, e é um final à altura — disse ela, no domingo.

MAIS: Veja imagens de 'House of Cards' pós-Kevin Spacey

Cindy não explicou muito bem o que "final à altura" quer dizer. Nem deu uma data para a estreia da derradeira temporada, embora especule-se em Hollywood de que o lançamento fique em torno das eleições americanas de novembro.

Quando estreou em 2013, “House of cards” lançou a Netflix como produtora de conteúdo original. No papel principal, lá estava Spacey como o ambicioso político Frank Underwood. A nova fase da série foca em Robin Wright, que interpreta a inescrupulosa esposa de Frank, Claire.

Cindy também não disse que papel terá nessa etapa o famigerado Frank Underwood, personagem do ator Kevin Spacey, demitido da produção após um rumoroso escândalo sexual.

— Sempre planejamos para a sexta temporada ser a última, e estamos orgulhosos do trabalho de Robin e do resto do elenco e da equipe — acrescentou. — É preciso assistir para entender o que vai acontecer com Frank.

Teaser de 'House of cards'

“House of cards” foi um divisor de águas para a televisão, com a Netflix lançando todos os episódios da primeira temporada de uma única vez. A série foi amplamente elogiada pela crítica.

Em novembro de 2017, a Netflix cortou laços rapidamente com Spacey após alegações de assédio sexual. O ator foi acusado por mais de 20 homens e não fez nenhuma declaração pública desde que pediu desculpas sobre o primeiro caso em outubro daquele ano.

Cinco anos após apostar em “House of cards”, a plataforma pretende lançar cerca de 700 séries, filmes e outros conteúdos originais em todo o mundo neste ano. A grande quantidade tem levantado dúvidas sobre se a Netflix pode continuar produzindo programas com alto nível de qualidade.

— Estamos mantendo a qualidade à medida que crescemos contratando talentos brilhantes que são apaixonados pelas histórias que querem contar e os dando espaço criativo” — completou a executiva.

LANÇAMENTOS

No mesmo evento, a Netflix anunciou o lançamento de mais três novos títulos: o suspense sobrenatural "Os Inocentes" (dia 24), "O mundo sombrio de Sabrina" (26 de outubro) e a minissérie "Maniac" (21 de setembro).

Blueseiro americano JJ Jackson morre aos 75 anos em São Paulo

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SÃO PAULO - Morreu nesta segunda-feira, aos 75 anos, o cantor, compositor e arranjador de blues JJ Jackson. A causa da morte ainda não foi divulgada. O corpo está sendo velado desde as 19h no Cemitério do Araçá, em Pinheiros (Zona Oeste de São Paulo).

Nascido no estado do Arkansas, sul dos EUA, ele começou a carreira usando seu nome de batismo, Leo Robinson. No final dos anos 1970, durante uma temporada de shows na Cidade do México, conheceu uma bailarina brasileira, que o convidou a conhecer seu país. Em 1980, o artista veio viver no Rio de Janeiro e nunca mais voltou a viver nos Estados Unidos.

Após lançar o single "Out off common/ To my heart" (1981) pelo selo independente paulista Star Music, o artista foi descoberto pela gravadora Som Livre. A faixa "To my heart" foi incluída na trilha sonora internacional da novela "Jogo da Vida" (TV Globo). Foi quando Robinson decidiu mudar seu nome artístico para JJ Jackson, apesar de já existir cantor americano com este nome.

Em 2017, em entrevista ao programa de Youtube "Estúdio Showlivre", o blueseiro falou sobre sua admiração pelo país que adotou. Com sotaque de imigrante, ele disse: "Eu acho, pessoalmente, que o Brasil é o segundo maior país do blues. Meus cálculos... Talvez eu estou errado, mas é o que estou sentindo”


Autora da peça de Jesus trans critica líderes políticos e religiosos de Garanhuns

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RIO — Autora da peça “O evangelho segundo Jesus Rainha do Céu”, a premiada dramaturga escocesa Jo Clifford publicou, no último domingo, um longo texto em que faz duras críticas aos organizadores do Festival de Inverno de Garanhuns, assim como à perseguição e às ameaças sofridas pela produção brasileira do seu texto ao longo de toda a semana passada — e também na última sexta-feira, quando a peça realizou uma das duas apresentações marcadas para aquela noite.

Após o fim da primeira sessão, uma liminar foi expedida a fim de proibir a segunda apresentação da noite. No entanto, segundo a produção da peça, como o espaço onde ocorria a peça havia sido alugado através de recursos obtidos por uma campanha de crowdfunding e o público já havia pago pelo ingresso das duas sessões, a atriz Renata Carvalho decidiu realizar a sua performance final. No entanto, na metade do espetáculo, integrantes da equipe do festival entraram no espaço, interromperam a peça e começaram a desmontar o equipamento, a empilhar cadeiras e a pedir a retirada do público do local. Houve confusão, a atriz interveio, com a ajuda do público, e conseguiu realizar o espetáculo até o fim, mesmo que debaixo de chuva, já que os funcionários do festival desarmaram um toldo que servia de proteção à peça — a produção do espetáculo decidiu não apresentar a montagem no sábado por medidas de segurança.

LEIA MAIS: Peça com Jesus trans volta a festival pernambucano

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— Como havíamos vendido ingressos para as duas sessões, decidimos fazer a segunda apresentação, mas eles entraram no espaço, pararam a peça no meio, e começaram a tirar tudo. Foi uma situação bizarra. Terminamos a peça debaixo de chuva — diz a produtora Gabriela Gonçalves. — Esse festival me atormentou e me enlouqueceu ao longo de todas essas semanas, e agora não vão pagar cachê e nada, mesmo a gente tendo se apresentado diante dessas condições.

Em seu texto, Jo critica o preconceito e as atitudes do prefeito da cidade pernambucana, Izaias Regis, do juiz da Suprema Corte, Roberto da Silva Maia, assim como a do bispo de Garanhuns, Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, e da Ordem de Pastores Evangélicos de Garanhuns, que somaram esforços para difamar e tentar cancelar a apresentação da peça no festival.

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No texto, intitulado “Epitáfio para um festival que colabora com seus censores”, Jo considerou “uma vergonha total” a forma “como eles foram tratados por este festival e esta cidade”. E afirma que “nenhum artista que se respeite jamais deveria concordar em se apresentar lá (no festival) novamente”.

Leia abaixo a íntegra do texto escrito por Jo Clifford:

Epitáfio para um festival que colabora com seus censores

Ontem eu fiquei tão aliviada e feliz que minhas queridas amigas e colegas Renata Carvalho e Natalia Mallo e nossa companhia de teatro irmã escaparam com segurança do perigo que estavam correndo quando apresentaram minha peça “O Evangelho Segundo Jesus Rainha do Céu” no festival de inverno da cidade brasileira de Garanhuns.

E eu estava orgulhosa por elas terem se saído tão bem em meio ao caos e ao perigo da sua performance final. Elas se posicionaram de uma forma incrivelmente poderosa e corajosa em defesa dos direitos humanos e da liberdade artística de expressão.

Eu ainda estou muito orgulhosa deles hoje. Orgulhosa, também, de que tenhamos trabalhado juntas e que esta versão brasileira da peça seja nossa criação conjunta.

Mas também estou furiosa, com raiva. A maneira como elas foram tratadas por este festival e esta cidade é uma vergonha total.

Que tipo de festival é esse, eu me pergunto, que opera sob o slogan “Vida longa à liberdade”; que convida uma peça a fazer parte dela, e então retira abruptamente o convite no último minuto porque supostamente a obra ofende a igreja cristã. É assim que se celebra a liberdade?

E que tipo de festival é que, tensod sido informado de que suas ações para retirar os convites são ilegais, cancela seu cancelamento, reinsere a peça em seu programa e, em seguida, retira-a novamente assim que a performance está começando?

Que tipo de festival é esse que, então, fica parado enquanto a polícia armada chega em vans blindadas, corta a energia do sistema de som da produção, corta a fonte de eletricidade da sua iluminação? Uma força policial que primeiro tenta bloquear o público de entrar no teatro, e depois, não tendo conseguido fazê-lo, tira o assento do público e remove a cobertura do teatro, forçando a plateia e a intérprete a suportar a chuva torrencial?

Que tipo de festival é esse que não só não protege seus artistas, mas também, literalmente, desmonta seu espaço de performance enquanto eles estão se apresentando?

Tem um nome. Chama-se Festival Internacional de Garanhuns, FIG. E nenhum artista que se respeite jamais deveria concordar em se apresentar lá novamente.

E que tipo de prefeito, eu me pergunto, tendo a oportunidade de receber artistas e público no festival de arte da sua cidade, tendo a oportunidade de apresentar sua cidade como um lugar diverso, seguro e acolhedor ... escolhe, ao invés disso, transmitir e celebrar preconceito e ódio?

Ele tem um nome: Izaias Regis. E ele cobriu sua cidade em ignomínia e vergonha.

E que tipo de juiz da Suprema Corte, eu me pergunto, concede uma liminar proibindo a performance de uma peça e mostra em seu julgamento uma total ignorância do significado e do conteúdo da peça?

Que tipo de juiz da Suprema Corte distribui um julgamento que contradiz as leis e a Constituição de seu próprio país? O país cujo sistema legal ele deveria estar sustentando?

Que tipo de juiz do Supremo Tribunal poderia ser tão ignorante e tão preconceituoso a ponto de fazer isso?

Ele também tem um nome: Roberto da Silva Maia. Ele é uma desgraça total para sua profissão.

E que tipo de líder religioso, eu me pergunto, tão manifestamente e descaradamente falha em proteger e defender as vítimas do preconceito em sua diocese? Então, desgraçadamente, engana seu rebanho ao falhar em defender o único mandamento que Jesus disse estar ao centro de todo o seu ensino?

É o mandamento de amar o próximo como a si mesmo, dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, bispo de Garanhuns. Por favor, pense sobre isso.

E quanto a você, Associação de Pastores Evangélicos de Garanhuns, Jesus conhecia os semelhantes a vocês.

Ele conhecia vocês muito bem. Ele nunca denunciou pessoas como eu ou Renata Carvalho. Mas ele denunciou vocês. De novo e de novo. Doutores da lei, fariseus, hipócritas. Sepulturas caiadas. Corações de pedra.

Você e seus semelhantes crucificaram Jesus. Assim como você ameaçou crucificar Renata se ela se apresentasse no palco.

Vocês se chamam seguidores de Cristo, mas vocês são seus piores inimigos.

Mas obrigada, artistas e público de Garanhuns que levantaram fundos para permitir que nossa peça fosse apresentada apesar da censura. Obrigado por assistir às duas performances. Obrigado por ficarem até o final da segunda apresentação e dar a esses corajosos artistas de teatro as boas-vindas, apoio e proteção que o festival tão vergonhosamente não conseguiu dar a eles.

Vocês representam o melhor da sua cidade.

Quanto a você, FIG... Você se lembra da história do evangelho, da figueira em Betânia que não deu a Jesus nenhum fruto? Ele a amaldiçoou e isso a fez murchar e a nunca dar frutos novamente.

Você vai levar essa desgraça ao redor do seu pescoço como uma pedra de moinho.

E na sua forma atual você também murchará e morrerá.

Nenhum bem jamais virá de você novamente.

Análise: Flavia Coelho é a epítome da 'world music'

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José Miguel Wisnik investiga impacto da mineração em Drummond

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Crítica: show 'A paixão segundo Catulo' vira bom disco nas mãos de Mário Sève

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Livro ajuda a decifrar David Lynch (ou não)

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Mulher sofre abuso sexual em show do Foo Fighters, nos EUA

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75342672_SC - Rio 25-02-2018 - Show Foo Fighters no Maracanã. Foto Lucas Tavares.jpgRIO - Uma mulher foi agredida e sexualmente abusada durante um show da banda Foo Fighters, neste domingo, em Chicago, informou o jornal "The Chicago Tribune".

LEIA MAIS: Adolescente toca bateria com Foo Fighters durante show em São Paulo

Segundo a polícia local, a jovem de 23 anos foi agarrada por um homem por volta das 21h30m (horário local), enquanto ambos aguardavam na fila para comprar comida.

Em seguida, o agressor a seguiu até um banheiro químico, dentro do qual a trancou, segurou seu pescoço e bateu a sua cabeça contra a parede. Ela foi levada à enfermeria do festival até a chegada da ambulância. Ainda não se sabe o seu estado de saúde.

O homem ainda não foi identificado, mas as autoridades estão analisando imagens da câmera de segurança à procura de pistas.

Um responsável pelo Wrigley Field, onde ocorria o show, divulgou um comunicado em que diz: "A segurança do cliente é primordial. Vamos usar este incidente para reavaliar nosso protocolo de seugrança."

A banda americana, liderada por Dave Grohl, ainda não se pronunciou.

Flavia Coelho faz sucesso na França, mas ainda é pouco conhecida no Brasil

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Jhonny Hooker é alvo de notícia-crime após show polêmico em Pernambuco

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RIO — O cantor pernambucano Jhonny Hooker foi alvo de uma notícia-crime na segunda-feira após seu show polêmico no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), onde ele afirmou que Jesus era travesti. Na apresentação realizada no sábado, o artista se posicionou contra a tentativa de proibir a peça com Jesus transexual no festival, que enfrentou uma longa batalha jurídica para poder estar na programação do FIG. O discurso do cantor dividiu opiniões e vem movimentando as redes sociais desde sábado.

— E eu estou aqui hoje pra dizer pra vocês que Jesus é travesti, sim, Jesus é transexual, sim, Jesus é bicha, sim, p*! Pode vaiar a vontade. Enfia a vaia no c* — exclamou o cantor durante seu show no sábado.

O advogado que levou à Polícia Civil o caso foi Jethro Ferreira, que considerou uma ofensa à fé cristã o discurso do artista:

"As pessoas que professam a fé cristã tem a pessoa de Jesus Cristo como uma pessoa do sexo masculino, heterossexual, segundo a bíblia sagrada, que é o livro que contém os ensinamentos cristãos. Qualquer afirmativa diferente desses dogmas é considerada uma ofensa à fé cristã", escreveu Ferreira.

LEIA MAIS: Autora da peça de Jesus trans critica líderes políticos e religiosos de Garanhuns

Peça com Jesus trans volta a festival pernambucano

Prefeito de Garanhuns critica apoio de Daniela Mercury a peça com Jesus trans

No texto do documento, o advogado apoia sua queixa no artigo 20 da Lei Federal nº 7.716, que diz que quem “pratica, induz ou incita a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” está sujeito a uma pena de reclusão de um a três anos e multa. A notícia-crime também apresenta o artigo 280 do Código Penal, que afirma que “escarnecer de alguém publicamente por motivo de crença ou função religiosa, impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso, vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso” pode resultar uma detenção de um mês a um ano ou multa.

Segundo o advogado, não há dúvidas que Jhonny Hooker praticou as infrações listadas na queixa-crime. Ferreira ainda pede a instauração de um inquérito policial, um delegado especial para prosseguir com o caso e a realização de perícia dos materiais audiovisuais do show existentes na internet. O documento também pede que a polícia interrogue o cantor e que, caso ele não se apresente às autoridades, seja decretada a prisão preventiva do artista.

O documento ainda pede que a polícia ouça como testemunha três autoridades religiosas do estado e a cantora Daniela Mercury, que também fez um discurso polêmico durante seu show no festival.

Procurada, a assessoria do cantor não se pronunciou até a publicação desta matéria. No entanto, Jhonny Hooker usou o Twitter no domingo para comentar a repercussão de seu discurso após a apresentação:

Tweet do Johnny Hooker

REPERCUSSÃO DO SHOW

As imagens do show dividiram opiniões nas redes sociais e geraram polêmica.

Tweet contra 1

Tweet contra 3

Tweet a favor 2

Tweet a favor 3

Até mesmo o prefeito Izaías Régis (PTB) repudiou a fala do artista em um vídeo publicado em seu perfil do Facebook nesta segunda-feira. Ele disse que, devido à atitude do cantor, o evento da cidade acabou sendo chamado de "festival do inferno" em vez do "inverno".

"Como prefeito da cidade, venho aqui em defesa dos cristãos de Garanhuns", afirmou, frisando que as palavras de Johnny Hooker são "problemas seríssimos". "Nós presenciamos e ouvimos cenas de horrores, que não poderiam acontecer num festival que traz para nós um ensinamento da coisa mais bonita do mundo, que é a cultura".

No entanto, alguns internautas divulgaram o vídeo frisando que o evento foi durante um festival Lula Livre, mas essa informação não procede, pois na verdade a apresentação foi durante o Festival de Inverno de Garanhuns. Um dos posts no Twitter com a informação falsa já recebeu mais de 14 mil visualizações.

festival 4.jpg

ESPETÁCULO COM JESUS TRAVESTI

Jhonny Hooker fez o discurso em defesa da peça "O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu", protagonizado pela atriz transexual Renata Carvalho. O espetáculo foi proibido de ser apresentado no festival pernambucano por ordem do prefeito Izaías Régis (PTB), após tentativas de proibições em cidades como Jundiaí (SP), Salvador (BA) e Porto Alegre (RS), e no Rio, por ação do prefeito Marcelo Crivella (PRB).

A polêmica em torno da censura da peça esquentou na terça-feira passada, com as críticas do prefeito Izaías Régis à cantora Daniela Mercury, que se apresentou no festival e, assim como Jhonny Hooker, também se posicionou contra a retirada do espetáculo da programação. Em entrevista a um portal, ele afirmou que a baiana "desrespeitou o município" pernambucano.

“Não tenho nada contra pessoas trans e LGBT, não sou homofóbico, mas o limite de respeito tem que existir, não pode incentivar crianças e adolescentes", disse o prefeito ao portal Leiajá. Ainda ao site, ele disse que "a família cristã de Garanhuns pede a mim que não permita a peça no Centro Cultural, e não vou permitir".

Estudo mostra pouco avanço da diversidade em Hollywood em 10 anos

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MV5BMTUxMjEzNzE1NF5BMl5BanBnXkFtZTgwNDYwNjUzMTI@._V1_SX1777_CR0,0,1777,998_AL_.jpgRIO — Apesar do sucesso, nos últimos anos, de blockbusters inclusivos — como "Pantera Negra", "Mulher-Maravilha" e "Corra!", majoritariamente estrelados por mulheres e/ou pessoas negras —, a questão da diversidade em Hollywood ainda é um problema sério. É o que diz um estudo da Universidade do Sul da California (USC, na sigla em inglês), divulgado nesta terça-feira, que analisou o avanço da inclusão de minorias na indústria durante a última década.

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De acordo com a pesquisa, de 2007 a 2017 não houve melhoria significativa no que diz respeito à representatividade de mulheres, negros, personagens LGBT ou com decifiência. Foram analisados os 100 longas mais rentáveis de cada ano, totalizando "1.100 filmes populares".

Mas o que esses númeres querem dizer, afinal? Significam que, quando você vai ao cinema, é grande a probabilidade de ver histórias protagonizadas por homens brancos e héteros — ainda que a realidade seja diferente.

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"Não temos visto uma tendência interessante, nem para cima nem para baixo, que sugira uma preocupação ou um esforço em direção à inclusão", afirmou à "Hollywood Reporter" Stacy L. Smith, diretor da Annenberg Inclusion Initiative, o braço da USC responsável pela pesquisa.

Os números mostram claramente a discrepância entre vida real e ficção. Por exemplo: as mulheres são 50,8% da população americana, mas representaram apenas 31,8% das personagens (com falas) no ano passado. Estamos falando de uma diferença de quase 20 pontos percentuais. Para piorar, essa disparidade não é de hoje. Dos 48.757 personagens presentes nos 1.100 filmes lançados desde 2007, apenas 30,6% são mulheres.

Um fenômeno curioso que explica esse desequlíbrio tem a ver com o que o estudo chama de "vida útil" da mulher. Em outras palavras, personagens mirins até apresentam certa paridade de gênero (52,7% meninos e 47,3% meninas em 2017). No entanto, conforme a idade dos personagens avança, a discrepância se torna mais evidente.

MV5BMTg0NTMwNjU0MV5BMl5BanBnXkFtZTgwNDI0NDQ3NTE@._V1_SY1000_CR0,0,1503,1000_AL_.jpgEm Hollywood, é conhecida a dificuldade de atrizes mais velhas de encontrar bons papéis. O tema, inclusive, foi alvo de piadas nas últimas cerimônias do Globo de Ouro. Em 2005, as apresentadoras Tina Fey e Amy Poehler brincaram: "Patricia Arquette prova que ainda há bons papéis para mulheres com mais de 40 anos — desde que você seja contratada com menos de 40 anos". A referência era ao filme "Boyhood" (2014), rodado ao longo de 12 anos. Patricia Arquette acabou levando o Globo de Ouro e o Oscar de melhor atriz coadjuvante.

Em relação à raça, o problema persiste. Em 2017, 70,7% dos 4.454 personagens com diálogos eram brancos; apenas 12,1% eram negros. Da mesma forma, as outras etnias — hispânicos (6,2%), asiáticos (4,8%), mestiços (3,9%); descendentes do Oriente Médio (1,7%); e nativo-americano ou havaiano nativo (menos de 1%) — não se saíram bem.

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É importante reforçar que esses dados dizem respeito aos personagens, e não aos atores. Em 2015, por exemplo, um dos 3,6% de personagens mestiços era Allison Ng (do filme "Sob o mesmo céu", de Cameron Crowe), interpretada por... Emma Stone. Para quem não lembra, o longa foi amplamente acusado de "whitewashing" — termo utilizado para se referir à contratação de atores brancos para interpretar personagens de outras etnias.

Ainda usando 2017 como referência (mas lembrando que a tendência não é de hoje), mais de 99% dos personagens foram heterossexuais e cisgêneros, e 81% dos 100 filmes não continham absolutamente nenhum personagem gay, lésbica ou bissexual. Apenas um transgênero foi visto nos 400 filmes mais rentáveis desde 2014, mas a pesquisa não informou qual.

Por fim, apenas 2,5% dos personagens de 2017 tinham deficiência. Desses, 73% eram brancos e 69,6%, homens. E, mesmo assim, são atores sem deficiência que costumam pegar esses papéis. Um exemplo é Sally Hawkins, que interpretou uma mulher muda em "A forma da água" (2017), de Guillermo del Toro. A obra ganhou o Oscar de melhor filme.

NO BRASIL, PANORAMA TAMBÉM É GRAVE

Conforme estudos recentes, o audiovisual brasileiro também sofre com falta de representatividade. Dos 142 filmes lançados comercialmente em 2016, ano-base de um estudo da Ancine, 138 (ou 97,2%) foram dirigidos por pessoas brancas — 107 (75,4%) por homens, e apenas 28 (19,7%) por mulheres. Míseros três filmes foram comandados por homens negros, e absolutamente nenhuma mulher negra dirigiu um longa naquele ano.

Uma outra pesquisa da Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), mostrou que, de 2002 a 2014, homens brancos dominaram o elenco principal das 20 maiores bilheterias de cada ano. Ao todo, eles representam 45% dos papéis mais relevantes. Depois vêm mulheres brancas (35%), homens negros (15%) e, por último, mulheres negras (apenas 5%). Em 2002, 2008 e 2013, simplesmente nenhum filme analisado pelos pesquisadores foi protagonizado por uma mulher negra.

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‘Por que não exigir que filmes mostrem o mundo como ele é?’, pergunta Fanshen DiGiovanni

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RIO - Atriz e produtora, a americana Fanshen Cox DiGiovanni não é muito conhecida por seu trabalho no cinema. Fez pequenos papéis, como em “Argo”, dirigido por Ben Affleck, que, como Matt Damon, foi seu colega de escola. Mas ganhou notoriedade na noite do Oscar deste ano por sua atuação em outro papel: o de coautora da “Inclusion Rider”, “cláusula de equidade” que os atores podem exigir como parte de seu contrato, estipulando que a narrativa do filme e as equipes de trabalho por trás dele reflitam a diversidade da sociedade.

Em seu discurso, naquela noite, Francis Mc Dorman disse as duas palavras que mudaram minha vida para sempre — relembra ela, que nem conhece a colega premiada como melhor atriz por "Três anúncios para um crime".

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Filha de um jamaicano e uma dinamarquesa, DiGiovanni sente na pele escura os efeitos da falta de diversidade no mercado cinematográfico. Ainda que, por ter olhos azuis, viva no que chama de “adjacência branca”.

— Nas audições, me perguntavam: “Seu agente te mandou aqui para o papel de branca ou o de negra?”. Ali, o diretor de elenco tinha que tomar uma decisão a partir da ideia de quem eu seria como uma pessoa negra: uma empregada ou uma criminosa — conta.

'Muitas celebridades pedem M&Ms verdes nos seus direitos contratuais. Então, por que não requerer que os filmes e programas de TV se pareçam com o mundo como ele é? Parece simples, não?'

Em 2016, DiGiovanni foi contratada por Affleck e Damon para trabalhar na produtora deles, a Pearl Street Films. Segundo ela, eles têm consciência de que, como homens brancos, cometeram erros. E buscaram ajuda para evitá-los:

— Foi quando achei uma reportagem que falava da doutora Stacy Smith. Eu tinha experiência em racismo e sexismo, mas ver os números ali fez uma enorme diferença.

A pesquisa mostrava que, nos cem filmes de maior bilheteria em 2016, em Hollywood, 47 não apresentavam uma única mulher negra ou menina falando na tela; 66 filmes eram desprovidos de personagens femininos asiáticos e 72 ignoraram as latinas.

O passo seguinte foi procurar Smith, fundadora e diretora da Annenberg Inclusion Initiative da Universidade do Sul da Califórnia, com quem elaborou a cláusula.

— Criamos um modelo para atores, produtores, advogados e executivos a fim de estabelecer uma negociação. Muitas celebridades pedem M&Ms verdes nos seus contratos — diz, exemplificando o nível de reivindicações das estrelas. — Então, por que não exigir que filmes e programas de TV mostrem o mundo como ele é? — questiona.

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Cinco meses depois da noite do Oscar, porém, ainda não foi assinado um único contrato com a cláusula.

— Adoraria dizer que sim. Mas só posso dizer que estamos em negociação com um estúdio — conta ela, que esteve no Rio em julho. — O que vemos, de uma maneira geral, são os estúdios dizendo: “nós não precisamos disso, já temos isso”.

DiGiovanni lembra que por anos se disse que filmes e programas de TV estrelados por pessoas negras não fariam dinheiro:

— E “Pantera Negra”? E “Moana”, que tem uma protagonista negra e mulher que não estava buscando um marido, mas salvar seu povo? O Brasil está no topo do mercado internacional deste filme. Isso justifica que se entre nos estúdios e se diga: parem de mentir.

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