RIO - Tom Selleck não deve aguentar mais falar sobre seu bigode. E, durante uma teleconferência com jornalistas do mundo inteiro na semana passada, ele realmente não pareceu muito animado para comentar o assunto. Mas não tem jeito. Mais do que a estreia da terceira temporada de “Blue bloods”, hoje, às 19h, no ID, ou qual o destino do protagonista Frank Reagan, o patriarca de uma família totalmente formada por policiais em Nova York, o povo quer saber mesmo é sobre este particular item de sua anatomia que tornou-se icônico ao longo dos anos. Brincadeiras à parte, o ator que alcançou o sucesso nos anos 1980 na pele do detetive Thomas Magnum fala, quase em tom de resignação, sobre o quanto o bigode influencia seus personagens.
— Se eu interpreto um personagem histórico que não tem bigode é complicado. Se eu uso, não está certo. Mas, se eu não uso, as pessoas estranham. Então, hoje em dia, o bigode é uma bagagem que carrego e, às vezes, funciona a favor ou contra mim. No caso de Frank Reagan, teria feito ele sem. Mas a CBS (canal que exibe a série nos EUA) preferiu que eu usasse, e são eles que pagam meu salário. Mas neste caso acho que não teria problema. Já fiz filmes bem-sucedidos sem o bigode — explica.
Neste terceiro ano da série, Frank será visto pelo público por uma perspectiva mais leve, segundo Selleck. O ator conta que, após dois anos vivendo os dramas de ser o comandante da polícia de Nova York, vamos saber um pouco mais sobre o homem por trás do profissional. E isso inclui até um interesse amoroso.
— Ele é um viúvo que amava muito sua esposa e ainda usa a aliança. Mas, dito isso, ele não está morto. Seria loucura achar que ele não ficaria atraído por nenhuma mulher. A grande questão que vamos tratar nesta terceira temporada é a preocupação dele com os filhos. Acho que é por causa deles que ele vem adiando a ideia de se envolver com alguém — avalia.
Bem-humorado e muito simpático, Selleck aparentemente não tem do que reclamar da vida. Disse se considerar um homem de sorte por trabalhar regularmente desde a década de 1970 e por interpretar, em “Blue bloods”, um protagonista cheio de nuances e falhas, algo difícil de achar em personagens mais maduros, segundo ele. Com uma carreira compartilhada entre a TV e o cinema, ele fala com propriedade sobre o momento atual vivido pela indústria do entretenimento nos EUA.
— Na época em que eu fazia “Magnum”, os atores que estavam na televisão não faziam cinema. Mas os tempos já estavam mudando, e acho que fui um dos primeiros atores a ter uma carreira no cinema e na TV ao mesmo tempo: fiz “Três solteirões e um bebê” enquanto ainda estava na série. Hoje, a maioria dos filmes mais parece história em quadrinhos. Ou então é só ação sem sentido, enquanto os dramas televisivos nos possibilitam explorar os personagens mais profundamente. Isso atrai mais gente para o veículo.
O ator fala com enorme carinho das oito temporadas que passou encarnando o detetive particular que vivia altas aventuras no Havaí. Perguntado sobre a possibilidade de “Magnum” fazer sucesso nos dias de hoje, ele não titubeia. E diz que o roteiro e os adoráveis personagens seriam um hit na TV contemporânea.
— A única coisa datada em “Magnum” seriam meus shorts — diz, rindo.