RIO - Ganhador do prêmio especial do júri no Festival de Sundance de 2012, onde foi eleito melhor filme na votação popular, e indicado ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, para Helen Hunt, a comédia dramática “As sessões” (“The sessions”), lançada ontem no Brasil, requentou uma relação há tempos esfriada entre Hollywood e o diretor Ben Lewin. Nos anos 1980 e 90, o realizador — nascido na Polônia em 1946, mas radicado na Austrália em 1949 — foi uma referência de renovação estética na linguagem da TV, flertando com o cinemão, mas nunca se submetendo aos ditames do mercado.
— A única certeza constante que a dramaturgia, na TV ou no cinema, pode ter acerca de nós, humanos, é que a vida é uma grande piada, cheia de contratempos. As obras que eu dirijo são carregadas de humor para que as pessoas possam ver a condição humana com mais leveza e lucidez — diz Lewin, por telefone ao GLOBO.
‘Ally McBeal’ no currículo
O filme é centrado na relação entre uma terapeuta sexual (Helen) e um poeta com movimentos corporais prejudicados pela poliomielite (vivido por John Hawkes), que se aconselha com um padre (William H. Macy).
— É um filme sobre estratégias de sobrevivência — diz Lewin, que começou sua carreira na TV australiana.
Em 1990, ele foi importado pela televisão americana, assumindo seriados de audiência massiva como “Ally McBeal”. Foi ele um dos idealizadores do formato de telefimes com astros classe A de cinema hoje em voga nos EUA. Lá, teve a chance de rodar um único longa: o cult “O favor, o relógio e o peixe muito grande” (1991). Porém sua devoção à TV e seu estilo avesso a fórmulas limitaram seu espaço em Hollywood.
— A TV foi acometida por uma praga chamada reality show. Meu esforço é fazer ficção de qualidade para curá-la desse mal — diz Lewin, que se prepara para rodar o longa “A moment to remember”. — Cinema é um ganha-pão que precisa ser feito com dignidade.