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No ar em ‘Pé na cova’, Diogo Vilela afirma não se encaixar muito bem nas novelas

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RIO - Estar na televisão apenas por estar não enche os olhos de Diogo Vilela. O ator, que há tempos prefere dar prioridade ao teatro, diz que só será visto no vídeo quando tiver uma boa razão para isso. É o caso do atual trabalho. No ar na terceira temporada de “Pé na cova”, Diogo surge em cena como o excêntrico Dr. Zóltan. Cirurgião plástico, clínico geral e psiquiatra, ele sofre de TDA (Transtorno de Déficit de Atenção). Um tipo cheio de possibilidades, o que agrada ao ator.

— No teatro eu faço personagens plurais, poderosos. Prefiro fazer bons papéis nos palcos a fazer algo médio na TV. Se for convidado para uma novela, por exemplo, vou querer algo de acordo com o meu tom como ator. Acho que já tenho carreira para isso, tenho as minhas conquistas — argumenta.

Mas Diogo faz questão de frisar não ter nada contra a televisão. Muito pelo contrário. Depois de estrear na Globo aos 12 anos em “A ponte dos suspiros” (1969), folhetim assinado por Dias Gomes, ele nunca ficou afastado do vídeo por longos períodos. Só não acha que o tom naturalista da maioria das novelas combina muito com seu tipo de trabalho.

— Não dá para alçar grandes voos numa novela, a não ser que você seja o protagonista ou o antagonista. Desculpa! Falo isso, mas não quero magoar ninguém não. Mas não estou dizendo que não existam bons personagens para mim na televisão. Só que, no meu caso, vejo limitações no gênero — analisa.

Mesmo não sendo um protagonista, o médico criado por Miguel Falabella, que surge em cena no Irajá da série com um visual que lembra o de Dr. Rey, de “Dr. Hollywood", foi considerado um papel irrecusável.

— Adoro quando um personagem da TV ganha uma característica acima do naturalismo. Acho que fica interessante. E tem mais a ver com a minha praia, com o que faço no teatro.

As escolhas do ator na TV estão em sintonia com o seu discurso. De fato, nos últimos anos, Diogo vem recebendo mais convites para atuar em programas de humor do que nas novelas. Ele até teve uma experiência razoavelmente recente nos folhetins em “Aquele beijo” (2011), também de autoria de Falabella. Antes disso, estava fora do gênero desde “As filhas da mãe”, de 2001.

Amigos há mais de 30 anos, Diogo e Falabella só foram se encontrar bem mais tarde na televisão. Mais precisamente a partir da parceria em “Toma lá, dá cá”. Exibido como especial de fim de ano em dezembro de 2005, a sitcom ganhou espaço fixo na grade da Globo em 2007 e ficou no ar até 2009. Para Diogo foi a oportunidade de descobrir uma nova conexão com o autor de “Pé na cova”, a quem chama de “amigo de geração”:

— Criamos mais um vínculo em “Toma lá, dá cá” (Falabella também era ator e autor do programa), e essa harmonia é boa no trabalho. Percebemos que as pessoas queriam nos ver juntos em cena. Acho que o Miguel coloca o coração quando escreve para mim. Sinto um carinho. Mas isso não pode ser confundido com predileção. Eu trabalho com outras pessoas e tenho um passado como artista.

A dinâmica entre os dois foi testada ainda nos palcos em 2010 quando a dupla estrelou o musical “A gaiola das loucas”, que ficou dois anos em cartaz.

— Nós temos química. Todo mundo fala isso para mim e só fui entender que era verdade após um tempo. Eu me cobro muito mais em um trabalho quando estou ao lado de alguém que me compreende. E com ele é assim — assume.

Diogo diz que ele e Falabella pensam de forma parecida. E classifica o trabalho do amigo como transgressor.

— Nos tratamos como irmãos. Miguel conhece bem todos os personagens do teatro besteirol. E talvez seja, ainda hoje, o maior representante dessa galera que já teve nomes como Mauro Rasi e o Vicente Pereira. Para mim, ser chamado para atuar ao lado dele é a mesma coisa que um músico country ser chamado para trabalhar com Chitãozinho e Xoxoró — compara.

Ao gravar a série ao lado de Falabella, Diogo afirma não perceber uma postura de hierarquia em cena.

— A grande qualidade dele como artista é não ser blindado. Por ser também o autor, pode ser acessado. É uma pessoa que chega junto. Miguel cria em cima do envolvimento afetivo e ele estabelece isso. É muito legal.

Experiente em comédias na TV, Diogo já fez parte de clássicos como “TV Pirata”, programa exibido entre 1988 a 1990 e tido como um marco do gênero na TV. Mas diz não se prender ao passado e ter interesse em se renovar sempre. Essa foi a razão que o fez aceitar atuar ao lado de Marcelo Adnet e Leandro Hassum na série “O dentista mascarado” (2013). O fato de a série ter sido alvo de críticas — além de ter tido uma audiência insatisfatória —, não afetou o seu trabalho.

— Aquilo não deu certo comercialmente. Mas adorei trabalhar com aquelas pessoas, conhecer o Adnet e o Hassum. Lá eu era o coroa da vez. Fiz um programa na minha vida que não foi legal em alguns sentidos, mas foi bom por outro lado. Uma coisa compensa a outra. Naquela época eu estava no teatro fazendo “Ary Barroso — Do princípio ao fim”. Chegava ao Teatro Carlos Gomes e estava cheio — conta, demonstrando orgulho.

Por causa da televisão, o ator sente ter “criado uma espécie de amizade com o público” depois de tantos anos de profissão.

— Eu nem faço tanta televisão, mas as pessoas mexem comigo nas ruas.

Recentemente, Diogo, que é morador de Copacabana, onde recebeu a Revista da TV para esta entrevista, circulou por outros cantos da cidade. Ele esteve na Baixada Fluminense para filmar alguns dos comerciais do Governo do Estado do Rio em que elogia os serviços das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Ele afirma que encarou a missão como mais um trabalho.

— Fiquei preocupado em saber o que anunciaria. Mas ali exerci a minha função de ator, mostrando o que existe e está pronto, não fiz propaganda política. A UPA funciona mesmo, pude ver isso durante as gravações. Muitas vezes, tivemos até que dar uma pausa para não atrapalhar o cotidiano dos médicos e de seus pacientes.


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