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Gurlitt deixou controversa coleção para Museu de Belas Artes de Berna

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RIO — O colecionador alemão Cornelius Gurlitt determinou o Museu de Belas Artes de Berna como único herdeiro de sua imensa coleção de arte, centro de uma grande polêmica sobre obras roubadas por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Gurlitt morreu nesta terça-feira, aos 81 anos.

A instituição suíça fez o anúncio num comunicado oficial nesta quarta-feira, revelando que recebeu a notícia por "mensagem telefônica e escrita por parte de Christophe Edel, advogado de Cornelius Gurlitt".

Por enquanto as pinturas e gravuras devem ficar onde estão, até que o governo determine quem são seus verdadeiros donos. Gurlitt, no entanto, já havia expressado o desejo de que os quadros fossem para alguma instituição de arte não-alemã.

"Apesar das especulações de que o senhor Gurlitt teria deixado sua coleção para uma instituição fora da Alemanha, a notícia nos chega do nada, uma vez que nunca tivemos qualquer relação com ele", diz a nota oficial. "Os diretores do museu ficam surpresos e felizes, mas ao mesmo tempo não negamos que essa herança magnífica traz uma considerável responsabilidade e muitas questões difíceis e sensíveis, especialmente de natureza legal e ética."

Filho de Hildebrand Gurlitt, um dos principais marchands alemães do período da Segunda Guerra, Cornelius herdou do pai milhares de obras. Telas de Picasso, Gauguin, Delacroix, Renoir e outros mestres da História da arte conviveram com ele no apartamento em Munique, onde ficaram, ele e seu acervo, trancados durante décadas.

A coleção de 1,4 mil obras, sobretudo em papel, ficaria conhecida como “tesouro de Munique” em 2013, quando veio a público o fato de que a polícia alemã encontrara as peças, um ano antes, na residência de Gurlitt.

Na verdade, o colecionador, então com 80 anos, era investigado por sonegação de impostos, mas as buscas acabaram por apontar que seu acervo doméstico era provável fruto de saques que os nazistas praticaram durante a Segunda Guerra Mundial — o pai de Gurlitt era, à época, um dos marchands que trabalhavam para Hitler e cuja tarefa consistia em apreender ou negociair obras de arte considerada “degenerada”, como o regime classificou os trabalhos de modernos, como Monet, Picasso e Renoir, entre outros.

Os valores da coleção de Gurlitt são alvo de contradição, mas advogados alemães estimam que o avervo soma US$ 1 bilhão. O colecionador se comprometeu publicamente a colaborar com as investigações e a consequente devolução de trabalhos aos donos originais.


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