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Cine PE abre programação de longas com ‘O mercado de notícias’, de Jorge Furtado

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RECIFE - A segunda noite do Cine PE, neste domingo, que já incluía títulos da competição internacional de documentários, revelou-se uma prova de resistência para o público do Cine Teatro Guararapes, em Olinda. Ao final da maratona, que exibiu dois curtas, um da mostra pernambucana (“Frascos”, de Ariana Nuala), e outro da mostra nacional (“Ecce homo”, de Clodoaldo Lino), e três longas-metragens, já no início da madrugada de segunda-feira, apenas umas poucas dezenas de espectadores permaneciam na sala de projeção, que tem cerca de 2.500 assentos.

A programação de longas foi aberta por “O mercado de notícias”, documentário de Jorge Furtado sobre a mídia e a democracia brasileiras. O filme combina trechos de uma encenação da peça “O mercado de notícias”, escrita pelo dramaturgo inglês Ben Johnson em 1625, à época do nascimento da imprensa escrita, e entrevistas com jornalistas de vários veículos, instados a falar sobre temas como ética e ideologias da profissão nos dias de hoje. Entre os entrevistados estão Cristiana Lôbo, Geneton Moraes Neto, Janio de Freitas, José Roberto de Toledo, Luis Nassif, Mauricio Dias, e Mino Carta. Em alguns dos momentos mais divertidos do filme, Furtado relembra episódios de jornalismo tendencioso que ganharam repercussão na imprensa brasileira, como o do quadro atribuído a Picasso encontrado no prédio do INSS em Brasília, que na verdade não passa de uma cópia em menor escala do original, exposta no museu Guggenheim, em Nova York; e o caso da bolinha de papel que acertou o então candidato à presidência José Serra, às vésperas das eleições de 2010, transformado em caso médico, posteriormente ridicularizado.

– Esse filme é dedicado aos bons jornalistas. As ditaduras não gostam de bons jornalistas, porque as ditaduras gostam de certezas – disse Furtado ao apresentar seu filme, no palco do Cine Teatro Guararapes. – Dedico particularmente ao Janio de Freitas, que até hoje enfrenta ditaduras.

Na sequência, o público assistiu a “Getúlio”, de João Jardim, thriller que recria os últimos 19 dias de vida do presidente Getúlio Vargas (1882-1954), a partir do atentado ao jornalista Carlos Lacerda, principal inimigo do estadista, e o seu suicídio, em 24 de agosto de 1954. O filme, que estreia em circuito comercial no dia 1° de maio, é protagonizado por Tony Ramos, e conta com a contribuição de Drica Moraes e Alexandre Moraes em papéis chave na trajetória de Vargas, como Alzira Vargas, filha do presidente, e o próprio Lacerda.

– Esse filme fala sobre as escolhas que precisamos fazer daqui para a frente para que o Brasil melhores – disse o ator Thiago Justino, que interpreta o tenente Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Getúlio Vargas, no filme de Jardim.

A noite foi encerrada com a exibição de “1960”, documentário português dirigido por Rodrigo Areias. O filme, exibido na Mostra de São Paulo do ano passado, é uma espécie de road movie construído a partir de trechos do diário de viagem do arquiteto português Fernando Távora, e imagens em que registrou com sua câmera Super 8 em diversas cidades do mundo, em 1960, combinadas com material captado pelo diretor recentemente. Com paradas nos Estados Unidos, Japão, Egito, Holanda, entre diversos outros países, inclusive o Brasil, “1960” confronta o mundo organizado das publicações sobre arquitetura com a constatação o caos urbano do mundo. A produção do filme não enviou representantes ao festival.

* O repórter viajou a convite da organização do festival


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