RIO - Consternado com a forma como as autoridades alemãs lidaram com a suspeita de que uma coleção de arte encontrada em um apartamento em Munique pudesse conter exemplares de "arte degenerada", um sobrevivente do holocausto de 88 anos, que vive em Nova York, resolveu processá-las para forçar o retorno de uma obra que ele garante ter sido roubado de seu tio-avô na Alemanha, nos anos 1930.
No processo, David Toren acusa a Alemanha de ter "perpetuado a perseguição a vítimas do Nazismo" ao não determinar a devolução das artes encontradas em 2012 na casa de Cornelius Gurlitt, o filho de um marchand que era conhecido pela aquisição de arte roubada por Adolf Hitler.
O pai, Hildebrand Gurlitt, vendeu ou guardou trabalhos que foram roubados de judeus ou confiscados de museus, mas rejeitados pelos nazistas como "arte degenerada", por não incorporar os ideais raciais e estéticos do Terceiro Reich.
Toren é um advogado especializado em propriedade intelectual aposentado. Ele foi para os EUA em 1956 depois de ter sido salvo, aos 14 anos, em 1939, por um programa que recuperava crianças judias em risco e as tirava da Alemanha e de outros países em que os judeus eram perseguidos.
Os pais e outros familiares de Toren foram assassinados por nazistas, e a coleção do tio-avô do advogado, um empresário chamado David Friedmann, foi confiscada. Entre as obras estava "Two riders on the beach" (Dois cavaleiros na praia), um quadro pintado pelo judeu Max Liebermann, que agora ele tenta recuperar, após a descoberta de que estava em posse de Gurlitt.
O processo de Toren critica a Alemanha por esconder a apreensão das obras por dois anos - desde fevereiro de 2012, quando o apartamento de Gurlitt em Munique foi invadido, até novembro do ano passado, quando a descoberta vazou para a imprensa alemã.
As informações são do Los Angeles Times.