RIO - O drama “Eles voltam” (veja trailer abaixo), de Marcelo Lordello, chega ao circuito nesta sexta-feira, respaldado pelos Candangos de melhor filme (dividido com “Era uma vez eu, Verônica”, de Marcelo Gomes), atriz (Maria Luiza Tavares) e atriz coadjuvante (Elayne Moura) do Festival de Brasília de 2012. Na entrevista a seguir, o diretor brasiliense (radicado em Recife) descreve a trajetória percorrida pelo longa, sobre uma menina de classe média que, punida pelos pais, dependerá de estranhos para encontrar o caminho de volta para casa.
Por que o filme chega ao circuito só agora?
Os prêmios em Brasília abriram portas para “Eles voltam”. O filme caiu nas mãos dos curadores do Festival de Roterdã e entrou na competição, em janeiro de 2013, onde foi apreciado por olheiros de vários outros festivais de cinema independente. Viajamos bastante nesse circuito ao longo do ano passado: fomos bater em mostras na Coreia do Sul, nos Estados Unidos, em Portugal e no Chile, por exemplo. Esses festivais nos dão um selo de qualidade.
Você teme que o filme seja visto apenas por cinéfilos?
Não fizemos um filme para um público específico. O bom seria não contar com esses preconceitos. Temos uma história com peso narrativo muito forte, que até dialoga com a narração clássica. Fala de uma menina que tenta voltar para casa e, no caminho, acaba criando uma visão crítica do mundo. As experiências em festivais nacionais e internacionais nos surpreenderam pela reação de diferentes públicos, de senhorinhas preocupadas com o destino da personagem a adolescentes que se identificavam com ela.
Você vê alguma relação entre ele e o documentário “Vigias” (2010), seu primeiro longa?
Os dois falam sobre as relações de poder na sociedade brasileira, mas de forma sutil. “Vigias” mostra representantes de um grupo de profissionais que nos dão uma falsa sensação de segurança, abrindo margem para o que pensam sobre os patrões. Em “Eles voltam”, a protagonista, movida pela curiosidade de saber de onde veio, toma contato com um mundo do qual era mantida à distância. Ambos são reflexões sobre a realidade que estamos construindo.