RIO - A foto acima traduz perfeitamente a estética Família Addams do subúrbio impressa em “Pé na cova”. A nova série cômica da Globo, escrita e estrelada por Miguel Fabalella, foca sua ação em uma funerária do bairro de Irajá, no Rio. Um lugar frequentado por uma gama de personagens pouco convencionais.
— Quando a gente fotografa junto e montado (com figurino e caracterização) fica um grupo bizarro — aponta o próprio Falabella, que descarta comparações com a série “A sete palmos”. — Não tem nada a ver. É outra levada. A semelhança é o fato de ter uma família disfuncional dona de uma funerária.
Na série que estreia nesta quinta, às 23h20m, com 14 personagens fixos, Falabella interpreta Gedivan, o Ruço, pai da família Pereira. Casado com Abigail (Lorena Comparato), a Bibi, 30 anos mais nova do que ele, o patriarca herdou a F.U.I. (Funerária Unidos do Irajá), um negócio que pena para manter funcionando.
Debaixo do mesmo teto ainda vive Darlene (Marília Pêra). Ex de Ruço, é uma sessentona alcoólatra que atua como maquiadora de defuntos. Os dois são pais de Alessanderson (Daniel Torres) e Odete Roitman (Luma Costa). O primeiro, mais novo, nem se elegeu vereador, mas já planeja um futuro como político corrupto. Já a filha mais velha sustenta a família Pereira com o dinheiro que ganha exibindo seu corpo na internet. Por ela ser a verdadeira provedora da casa, o pai da jovem precisa engolir seu namoro lésbico com Tamanco (Mart’nália), dona da oficina mecânica vizinha da F.U.I.
Com direção-geral de Cininha de Paula e direção de Cris D’Amato, “Pé na cova” traz outros personagens estranhos. Caso de Marcão (Maurício Xavier). Machão em seu cotidiano, o irmão de Tamanco adota o nome Markassa quando está travestido de mulher.
No Irajá imaginado por Falabella ainda há espaço para tipos como Juscelino (Alexandre Zacchia), homem meio surdo, meio cego que trabalha na funerária; e sua irmã, a surtada Luz Divina (Eliana Rocha). Donas da carrocinha Cachorras-quentes, as gêmeas Soninja (Karin Hills) e Giussandra (Karina Marthin) também exploram este universo macabro e vendem sanduíches como X-Túmulo e Caixão-quente.
— Miguel tem uma visão de um Brasil que está falando assim como esses personagens falam. São personagens do nosso cotidiano, que estão abandonando o português. É uma série sobretudo alegre. Fala de morte, mas mostra que a vida é boa e oferece possibilidades. Não adianta querer fincar o pé no futuro nem no passado, mas no presente — acredita Marília Pêra.