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Sabrina Sato posa para ensaio com inspiração burlesca e afirma: ‘Minha vida é um carnaval’

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RIO - Às 22h do último domingo, os 270 ritmistas da Vila Isabel entraram na Marquês de Sapucaí metidos em camisetas estampadas com uma enorme foto da rainha da bateria Sabrina Sato totalmente nua. Mas ela, em carne e osso, ainda não tinha chegado, para desespero dos paparazzi que a aguardavam há mais de duas horas. Thaila Ayala, musa novata, e Quitéria Chagas, musa veterana, distraíram os fotógrafos ao longo de dez longos minutos até que a “Japa”, enfim, surgisse saltitante dentro de um maiô bordado nas cores da bandeira nacional.

— Se eu tivesse um bumbum desse ia até comprar leite na padaria vestindo hot pants — comenta a repórter de um site.

Oito seguranças da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) mais uma dezena de fortões uniformizados com camisetas da diretoria da Vila Isabel faziam um cordão de isolamento duplo. Nenhum repórter ou fotógrafo conseguia ficar a menos de cinco metros de distância da estrela da noite.

— Nem nos tempos da Luma era assim! — esbraveja um calejado fotógrafo, enquanto duelava com os seguranças.

Depois da Era Luma de Oliveira, o carnaval vive a Era Sabrina Sato. Aos 33 anos, a ex-BBB e atual apresentadora de TV acumula o posto de rainha da bateria da Vila Isabel, campeã do ano passado, com o de madrinha da Gaviões da Fiel, do Grupo Especial de São Paulo, e musa do Camarote da Brahma — posto que foi de Jennifer Lopez e Megan Fox nos últimos carnavais. Neta de japoneses (por parte de pai), descente de suíços e libaneses (por parte de mãe) e com sotaque carregadíssimo do interiorrr paulista, Sabrina é a musa improvável que deu certo. Quando ela atravessa a passarela, ninguém fica indiferente: fotógrafos, tiazinhas do Setor 1 e famosos do camarote esticam o pescoço e se espremem para vê-la passar.

— A japonesa é um babado. Ela foi pegando as manhas da Avenida e está se apresentando cada vez melhor. Sabrina tem o tal do samba no pé! Aliás, não sei como essa japonesa aprendeu a sambar, até gostaria de saber... — matuta Zé Reinaldo, coreógrafo, professor de samba e, em priscas eras, coordenador do Concurso das Panteras.

Sabrina começou a sambar ainda pequena, quando se fantasiava de pirata nos bailes de carnaval do Clube Penapolense, em sua Penápolis natal. Ganhou mais experiência quando cursou dois anos e meio de Dança na UFRJ e integrou o corpo de baile do “Domingão do Faustão”, na flor dos seus 18 anos. E começou a pós-graduação com a mulata Dandara Oliveira, sua professora particular desde o carnaval de 2011, quando assumiu o papel de rainha da bateria da Vila Isabel.

— Sabrina sambava à moda paulista, rápido demais. Ensinei para ela que o samba carioca é mais suingado... E a ajudei a usar os braços, treinando movimentos para ela apresentar, literalmente, os ritmistas — conta a professora, de 25 anos.

A dedicação da apresentadora ao posto — além das aulas, ela se desdobra para ir aos ensaios de rua e de quadra — é reconhecida pelos integrantes da escola.

— Sabrina virou uma unanimidade na comunidade — atesta o presidente da Vila Isabel, Wilsinho Alves, de 29 anos. — Ela ganhou pontos por ser uma celebridade sem frescuras. É tão desinibida que, no ensaio, rouba a cerveja do ritmista se ele der mole com a latinha no chão.

Desinibida, divertida e dona de um corpo escultural, a mais nova contratada da Record (depois de dez anos no “Pânico”) transita entre o povão e o high society com desenvoltura. Quinze dias atrás, numa mesma semana, vestiu short para sambar num ensaio com os ritmistas da Vila Isabel, na Zona Norte carioca; maiô para impressionar na festa de lançamento do Camarote da Brahma, no Maracanã; e macacão de Pantera Cor-de-Rosa para acontecer no Baile da Vogue, no Jardim Paulista.

O ecletismo de Sabrina, que consegue ser elegantemente popular, contou a seu favor para ser convidada a ocupar o posto de musa do camarote e estrela da campanha de carnaval da Brahma, algo que lhe rendeu um cachê à la Megan Fox, especulado em R$ 1,5 milhão.

— A musa é a pessoa que nos inspira no carnaval. Com o tema “O futebol está voltando para casa” fazia sentido escolher uma brasileira. E o jeito alegre e irreverente da Sabrina combina com o espírito — conta Bruno Consentino, diretor de Marketing da cervejaria.

Ter samba no pé foi um quesito que contou ponto na escolha. Ano passado, diante do furdunço causado pela atriz americana estrela de “Transformers” — que se transformou num desastre ao tentar passos básicos —, o empresário José Victor Oliva, responsável pelo camarote há 24 carnavais, já tinha soprado para Sabrina: “A Megan Fox não chega nem no teu chinelo, você dá de dez!”

— Ela mantém o ar interiorano ao mesmo tempo que está nas páginas da “Vogue”, da “Bazzar”. Passou pelo “BBB” e pelo “Pânico” sem ficar com estigma trash. Os homens a acham terrivelmente gostosa, mas as mulheres não têm ciúmes porque é muito simpática. E não é uma musa complicada — elogia José Victor.

Sabrina não pediu para se proteger num curralzinho no camarote. Hoje, amanhã e no Desfile das Campeãs, ela deve circular livremente entre os convidados. A exigência mais palpitante foi a hospedagem no Hotel Fasano, para ela e para o personal stylist, Yan Acioli, que faz parte de seu entourage (são sempre seis pessoas, incluindo maquiador e assessores) há nove anos.

Yan é o grande responsável pela sofisticação do visual da apresentadora, que aposentou os brincos de pena e as trancinhas que usava no “Big Brother Brasil 3” e passou a investir em peças de grife e num cabelo mais alourado. Ele coordena, inclusive, a criação da fantasia de Sabrina de cada carnaval, que é confeccionada há quatro anos no ateliê do estilista Henrique Filho. Amanhã, ela vai desfilar com um modelo de inspirações amazônicas.

— A Sabrina não gosta que a fantasia cubra o bumbum nem as pernas, gosta de estar livre para sambar — conta o personal stylist. — Ela não quer ser a recatada nem a peladona, se sente bem e sabe se comportar de roupa justa. Ela é muito tranquila com o próprio corpo.

Corpo este torneado por treinos diários que mesclam movimentos de boxe e muay thai, sob medida para os músculos ficarem tonificados mas sem aquele volume masculino. Em tempos de rainhas de bateria com coxas de jogador de futebol, a feminilidade de Sabrina sobressai na Avenida.

— É uma rainha natural, sem aquele pernão musculoso. Ela ilumina a Sapucaí — exalta Jorge Perlingeiro, apresentador do programa “Samba de Primeira’’ e locutor da apuração dos desfiles.

Primeira famosa a ser rainha de bateria de uma escola de samba, Monique Evans também elogia:

— Ela samba de um jeito que é ao mesmo tempo sexy e muito elegante.

Monique, Luma e Luiza Brunet são as maiores inspirações de Sabrina, que quando adolescente passava o carnaval grudada na televisão acompanhando os desfiles das agremiações do Rio.

— Quando eu nem podia sonhar que um dia seria rainha de bateria, ficava cantando os sambas e babando pela performance dessas mulheres. Fiquei louca quando, nos anos 90, vi a Monique desfilando pela União da Ilha como porta-bandeira de seios de fora! Atualmente não temos nenhuma rainha que seja tão ousada como ela foi — devolve Sabrina. — Eu tento incorporar a personagem para ser mais fácil encarar aquela multidão.

Ela faz planos de desfilar até aguentar se sustentar sobre o salto de 12 centímetros:

— Um dia vou ter que passar o bastão, de repente quando engravidar... Mas quero continuar na Vila, desfilando com as minhas plumas na Velha Guarda. A escola me adotou sem preconceito há quatro anos, hoje me sinto como se tivesse nascido no Morro dos Macacos.

As semanas que antecedem o carnaval são maratonas para Sabrina, que se divide entre São Paulo, Rio e Salvador para dar conta dos ensaios, das reuniões na nova emissora, dos compromissos publicitários e do namorado João Vicente de Castro (do canal de humor Porta dos Fundos).

— Nunca passei carnaval namorando. Vai ser a primeira vez! Sempre dava um jeito de terminar antes (risos). Agora vai ser a prova de fogo — conta ela, esbaforida, ao fim do ensaio de fotos que ilustram estas páginas. — Eu nasci no carnaval, sempre curti essa época do ano. A minha vida é um carnaval.

A Revista O GLOBO teve uma hora da apertada agenda da apresentadora numa noite de segunda-feira, entre uma sessão de fotos e uma prova de fantasia. O encontro foi marcado na varanda da casa do estilista Henrique Filho. Para economizar tempo, Sabrina passa o próprio batom enquanto veste a meia arrastão, o corpete e os demais apetrechos de inspiração burlesca.

— Quero que as bailarinas do meu programa sejam assim, bem burlescas, bem chiques — diz Sabrina, empolgada.

Quando muda de figurino, a apresentadora — que estreia seu primeiro programa solo em abril, nas noites de sábado da Record — se encanta com um maxibrinco cravejado de brilhantes:

— Esse é do tipo ‘chupa Hebe’!

Fã de Hebe, Oprah Winfrey e Ellen DeGeneres, ela está em fase de criação do programa, que será de auditório. Os pilotos serão gravados depois do carnaval. Quando ia continuar a falar dos planos televisivos, Sabrina pede um minutinho — e não volta mais para a entrevista. Ela pega o celular e liga para Wallan Amaral, o mestre da bateria da Vila:

— Oi, estou atrasada para o ensaio. Segura o povo aí e avisa que as camisetas estão chegando.

Eram as camisetas usadas pelos ritmistas no último ensaio técnico. Um presente da própria, que fez a foto nua especialmente para a estampa.

— A bateria merece uma camiseta bacana — explica-se a rainha.


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