RIO - Lenda da animação japonesa, o diretor Hayao Miyazaki, que lançou recentemente o longa "Vidas ao vento", em parceria com a Disney, revela que a produção será sua derradeira contribuição para o cinema e que está pronto para pendurar as chuteiras. O filme deve chegar às salas brasileiras na próxima sexta-feira (28).
Miyazaki, de 73 anos, concedeu uma rara entrevista para o site BuzzFeed Entertainment. "O trabalho de animação é uma construção com tijolos e argamassa. E eu senti que eu não seria capaz de colocar mais um tijolo", disse o criador de "Princesa Mononoke" (1997) e "A Viagem de Chihiro" (2002) - este último vencedor do Oscar de melhor longa de animação - sobre a aposentadoria.
Conhecido por seu método extremamente meticuloso, Miyazaki costuma levantar às 6 horas da manhã diariamente e parte para o Studio Ghibli, de onde só sai às 21h. A rotina de trabalho inclui, às vezes, feriados e fim de semana. "Eu costumo adiar a pausa para o almoço. Quando você come, fica com sono e cansado", entrega ele, que desenha à mão todo o storyboard.
Sobre o novo longa, o diretor japonês acha graça da comparação que fazem entre ele e um dos personagens de "Vidas ao vento". Dizem que ele é muito parecido com o Sr. Kurosawa, diretor de uma empresa de engenharia aeronáutica que vive dando ordens. "Às vezes eu não tenho energia para corrigir tudo".
Apesar de todo o avanço das técnicas de animação, Miyazaki confessa que não consegue deixar de fazer tudo à mão. "Quando vejo pessoas trabalhando em computadores para criar animação é como assistir a algo mágico acontecer. Mas eu sempre viro as costas e volto para o lápis e o papel".
Ele também confirma que não assistiu à homenagem que um episódio de "Os Simpsons" lhe prestou mês passado. "É que eu não vejo muita TV". O teaser do episódio teve mais de 10 milhões de visualizações no YouTube.