RIO — Realizado anualmente, desde 1978, no estado americano de Utah, o Festival de Sundance notabilizou-se como a porta de entrada dos filmes independentes no milionário mercado de cinema. É lá que muitos filmes realizados por produtoras pequenas encontram um distribuidor — ou seja, encontram alguém disposto a exibi-los nas salas de cinema.
Nesta edição de 2014, que começou na última quinta-feira e segue até o próximo domingo, não tem sido diferente: obras como “Wish I was here”, de Zach Braff, “I origins”, de Mike Cahill, “Whiplash”, de Damien Chazelle, e “Laggies”, de Lynn Shelton, já foram vendidas.
Até agora, a grande diferença de Sundance em relação ao ano passado são os preços pagos pelos filmes: nenhuma produção empolgou os distribuidores a ponto de oferecer os quase US$ 10 milhões pagos por “O verão da minha vida”, de Nat Faxon e Jim Rash, ou mesmo os US$ 4 milhões de “Como não perder essa mulher”, de Joseph Gordon-Levitt.
Drama sobre uma mulher que não quer abandonar a adolescência, “Laggies” tem no elenco Keira Knightley, Chloë Grace Moretz e Sam Rockwell. Mas, apesar das críticas positivas, o filme só rendeu US$ 2 milhões de direitos de distribuição em Sundance.
Já “Wish I was here”, o projeto que Zach Braff financiou via crowdfunding, foi comprado por apenas US$ 2,75 milhões pela Focus Features, divisão de filmes de arte dos estúdios Universal.
Os preços mais baixos pagos para a distribuição dos filmes no mercado americano indicam uma cautela maior dos executivos que vão a Sundance. Um bom exemplo está em “Boyhood”, drama dirigido por Richard Linklater, americano com duas indicações ao Oscar no currículo e famoso por obras como “Escola de rock” (2003), “Waking life” (2001) e “Antes do amanhecer” (1995).
“Boyhood” recebeu críticas bastante empolgadas em Sundance, mas sua trama — sobre o amadurecimento de um garoto, interpretado pelo mesmo ator, Ellar Salmon, ao longo de 12 anos — e sua duração de 164 minutos vêm, pelo menos até ontem, assustando os grandes distribuidores.