MILÃO - O regente italiano Claudio Abbado, ex-diretor da Orquestra Filarmônica de Berlim, morreu nesta segunda-feira em Bolonha, aos 80 anos. Ele enfrentava problemas de saúda há tempos, conforme comunicado do Teatro La Scala, de Milão. Diagnosticado com câncer no estômago em 2000, ele foi operado naquele ano e surpreendeu o mundo ao assumir, três anos depois, o posto de regente da Orquestra de Lucerna, na Suíça, selecionando pessoalmente os músicos do grupo.
Em 2010, ele foi obrigado a cancelar concertos após passar mal e no ano passado acabou sendo substituído na condução da Orquestra Mozart de Bolonha.
Considerado o maior regente do mundo pelo jornal “Financial Times”, ele fez sua estreia em 1960 no Scala de Milão, sua cidade natal, e manteve-se no posto de diretor musical da casa por quase 20 anos.
Além da Filarmônica de Berlim, ele esteve à frente da Ópera de Viena e da Orquestra Sinfônica de Londres.
Em meados de 2013, ele foi nomeado senador vitalício na Itália. Manteve-se no cargo, mas abriu mão do salário quatro meses depois, pedindo que o valor fosse doado para o financiamento de bolsas de estudo de jovens músicos. A atitude não surpreendeu diante de uma trajetória que sempre privilegiou a educação musical, inclusive em hospitais e prisões.
Tímido e pouco dado a entrevistas, ele se empenhava em ser chamado de "Claudio" e procurava se distanciar da aura de superpoderes e egos inflados que costuma envolver os colegas do mesmo nível. Nos últimos anos vinha também demonstrando pública preocupação com os cortes de verba para a cultura na Europa, chamando atenção para a escalada de problemas em teatros tradicionais por falta de investimento.