É difícil apontar com certeza a origem do termo brega para definir um gênero musical, mas a versão mais aceita é que era assim que se chamavam as casas de prostituição do interior nordestino. Como as canções românticas de nomes como Reginaldo Rossi, Odair José, Altemar Dutra e Waldick Soriano eram populares nesses prostíbulos, nasceu assim um gênero musical, dos mais populares do país. Mas também dos mais rejeitados.
“Lado elitizado”
A morte de Reginaldo Rossi, anteontem, serviu de exemplo de como, até hoje, a música brega ainda sofre preconceito no país. Gabriel Thomaz, da banda de rock Autoramas, declarou sua tristeza pela perda de Rossi em sua página no Facebook, e logo alguém comentou: “grande perda como pessoa, mas na música não houve perda nenhuma”.
— Quem fala isso é quem nunca escutou Reginaldo Rossi. Até hoje a música brasileira tem esse lado elitizado. Houve uma regionalização absurda, as pessoas diziam não gostar de uma música só pela origem dela. É uma situação que nasceu na ditadura, numa época em que não se aceitavam misturas — diz Gabriel.
Mas, apesar de esse preconceito surgido na década de 1970 ainda prevalecer em alguns meios, nos últimos anos houve uma redescoberta e incorporação da música e também da cultura brega fora dos nichos do interior, onde ela sempre foi popular. Os próprios Autoramas já regravaram “No claro e no escuro”, um dos clássicos de Rossi.
— Rótulos só atrapalham quem gosta de música. O que existe é música boa e música ruim — aponta o cantor Hyldon, que, entre outros, produziu discos de Odair José. — O Reginaldo Rossi tem trabalhos que já duram 40 anos. Quando você vê a música feita no Pará hoje ou trabalhos como os do Zeca Baleiro, você enxerga as raízes do brega.
O gênero também tem presença em outras áreas. Quando se assiste a um filme como “Cine Holliúdy”, de Halder Gomes, um dos grandes sucessos do cinema brasileiro em 2014, fica evidente a influência do brega.
— O que as pessoas chamam de brega eu vejo como compositores, músicos e artistas que estavam à frente de sua época. Eu considero esses artistas grandes gênios da MPB — diz Halder.