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Premiada com o Oscar, Joan Fontaine morre aos 96 anos

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LOS ANGELES - A premiada atriz Joan Fontaine, uma das últimas grandes damas da chamada Era de Ouro de Hollywood, morreu no domingo, de causas naturais, aos 96 anos. Anglo-americana, nascida no Japão, Joan estava em sua casa na localidade californiana de Carmel, segundo anúncio feito por um amigo. De acordo com Noel Beutel, a saúde dela vinha piorando nos últimos dias.

Em uma antiga entrevista ao “New York Times”, a atriz Joan Fontaine descreveu assim sua rivalidade com a irmã mais velha, a também atriz Olivia de Havilland: “Casei-me antes de Olivia, ganhei o Oscar antes dela e, se eu morrer primeiro, tenho certeza de que ela ficará furiosa de tê-la batido nisso também”. A rusga com a irmã começou a tomar contornos lendários em Hollywood no início dos anos 1940, quando Joan venceu o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas por sua performance em “Suspeita” (1941), de Alfred Hitchcock, no mesmo ano em que Olivia concorria com “A porta de ouro” (1941), de Mitchel Leisen. Desde então, a carreira da atriz esteve associada aos desentendimentos com Olivia.

Primeiro prêmio aos 24 anos

Nascida Joan de Beauvoir de Havilland, no Japão, em 1919, filha de pais ingleses, a atriz mudou-se com a família para a Califórnia, onde pretendia desenvolver seus dotes dramáticos, aos 15 anos. Tempos depois, seus pais se divorciaram, e Joan acabou adotando o sobrenome do padrasto, George M. Fontaine. Ela começou a atuar profissionalmente nos anos 1930, em filmes como “Descobrindo o amor” (1937), de George Stevens, no qual contracenou com Fred Astaire, mas só conheceu o sucesso uma década mais tarde, com o thriller psicológico “Rebecca, a mulher inesquecível” (1940), de Hitchcock, com quem faria ainda “Suspeita”, que a tornaria a mais jovem atriz a ganhar o Oscar, aos 24 anos.

A parceria com o cineasta inglês começou quase por acaso: durante um jantar em que acabou sentada ao lado do poderoso produtor David O. Selznick (que levantou a estrutura do hit “... E o vento levou”, de 1939, no qual Olivia de Havilland ganhou um papel secundário, porém importante), a atriz comentou que tinha acabado de ler “Rebecca”, de Daphne du Maurier, e adorado a trama. Selznick retrucou que tinha comprado os direitos de adaptação do livro naquele mesmo dia, disse que pensava em entregar o projeto a Hitchcock e lhe perguntou se não gostaria de fazer testes para o filme. A fase como musa do mestre do suspense durou pouco, mas o suficiente para torná-la uma estrela de alcance internacional.

Depois de ganhar o Oscar, Joan foi em busca de papéis mais românticos e dramáticos. Desse período fazem parte filmes como “De amor também se morre” (1943), de Edmund Goulding, pelo qual recebeu sua terceira indicação ao Oscar, e “Carta de uma desconhecida” (1948), de Max Ophüls. Contracenou com algumas das mais brilhantes estrelas masculinas da época, como James Stewart (“A conquista da felicidade”, 1948, de H.C. Porter), Orson Welles (“Jane Eyre”, 1943, de Robert Stevenson), Burt Lancaster (“Amei um assassino”, 1948, de Norman Foster), Laurence Olivier (“Rebecca”) e Cary Grant (“Suspeita”). Além de Hitchcock, filmou com Billy Wilder “A valsa do Imperador” (1948), Nicholas Ray (“Alma sem pudor”, 1950) e Fritz Lang (“Suplício de uma alma”, 1956).

Piloto de fogão e de aviões

A partir da década de 1950, Joan volta-se para produções televisivas e peças de teatro. Participou de várias montagens na Broadway, como “Chá e simpatia” (1954). Foi casada quatro vezes, tendo se divorciado do último marido, Alfred Wright Jr., em 1969. Teve uma filha, Deborah, e, em 1952, adotou uma menina peruana. Além de suas interpretações no cinema, era constantemente lembrada por suas habilidades na cozinha e nos campos de golfe, por seu diploma em Arquitetura e seu brevê de piloto de aviões.

Sua carreira, contudo, foi menos fulgurante do que a de sua irmã, Olivia, ganhadora de dois Oscars (em 1947, por “Só resta uma lágrima”, de Mitchell Leisen, e em 1950, por “Tarde demais”, de William Wyler), que hoje vive em Paris, aos 97 anos. “Minha irmã nasceu um leão, e eu um tigre. E, segundo as leis da selva, eles nunca foram amigos”, disse Joan, voltando a lembrar da rivalidade com a irmã, em entrevista concedida no início da década de 1990. Ela apareceu pela última vez no cinema em “A face do demônio” (1966), filme de terror de Cyril Frankel.


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