BERLIM — Uma família judia disse ser proprietária do quadro "Scène allégorique", um Chagall não catalogado até agora que foi achado no piso de Cornelius Gurlitt, em Munique, onde a polícia alemã descobriu um tesouro artístico de mais de 1,4 mil obras, informou o jornal "Bild" nesta quarta-feira. Segundo a publicação, o quadro, feito pelo pintor franco-russo Marc Chagall, integra parte das obras roubadas da família judia Blumenstein em 1941, quando a Gestapo confiscou a sua casa em Riga, na Letônia, e as obras de arte que estavam nela.
Savely Blumstein, que conseguiu fugir do regime nazista e se refugiar nos Estados Unidos, apresentou, em 1957, um pedido de indenização tanto por este Chagall quanto por outras obras confiscadas que pertenciam à sua família.
Em 1981, recebeu uma compensação do governo de € 25 mil, embora, segundo o "Bild", os especialistas estimem que, hoje, o preço do Chagall poderia chegar a um milhão de euros — cerca de US$ 1,3 milhão.
O jornal informou aos filhos de Savely Blumstein sobre os quadros encontrados. Blumstein morreu em 2009. Falava muito, a seus filhos, a respeito da tela, assim como de outras obras de arte que os nazistas tinham roubado.
As autoridades alemãs — que mantiveram em segredo o tesouro achado no apartamento de Cornelius Gurlitt durante mais de um ano —, enquanto investigam a sua origem, analisam a possibilidade de que 970 obras entre as 1,4 mil achadas foram roubadas pelos nazistas ou confiscadas em museus e galerias por serem consideradas "arte degenerada".
A família Blumstein poderá pedir a restituição de "Scène allégorique" à promotoria de Augsburgo, que cuida do caso.