RIO - Internautas ficaram abalados com a notícia de que um dos canais de humor mais bem-sucedidos do YouTube brasileiro, o "Parafernalha", criado por Felipe Neto em 2011, havia encerrado suas atividades. O vídeo de despedida postado por seu fundador, na noite de quarta-feira, causou uma comoção entre os fãs das esquetes do canal de quatro milhões de assinantes.
Mas, calma, não é preciso se desesperar. Como o ator e empresário Felipe Neto diz no comunicado, "a Parafernalha que todos nós aprendemos a amar e a odiar chegou ao final". Mas isso não quer dizer que a produtora encerrou suas atividades. Muito pelo contrário. Neste sábado, uma nova Parafernalha, toda remodelada, entrou no ar. Em entrevista exclusiva, o empresário que ficou conhecido pela websérie "Não faz sentido" conta como será o formato desse novo canal e fala também sobre o futuro da Paramaker - a primeira rede de youtubers do Brasil, já com mais 3 mil inscritos, que ajuda os produtores de vídeo a criar um material de melhor qualidade e a conquistar assinantes.
O GLOBO: A Parafernalha não acabou então?
FELIPE NETO: O fim da Parafernalha, na verdade, faz parte de uma estratégia de renovação de conteúdo. Planejamos essa reestruturação completa por dois meses. Vamos inovar nos formatos dos vídeos. Teremos músicas originais, vídeos com listas, como o lançado no sábado, "Mentiras do dia a dia", falsos documentários, etc. Não queremos mais ficar só com aquele formato de esquete que se tornou saturado na web nos últimos tempos. A gente já trabalhava com esse formato há dois anos, e queria inovar. Ainda este mês vamos lançar, por exemplo, um falso doc sobre uma mulher viciada em gás hélio. Queremos andar por outros caminhos ainda não explorados no YouTube. A ideia de anunciar o fim da Parafernalha era uma estratégia para deixar bem claro que está havendo uma ruptura. Agora, temos um horário fixo para a divulgação dos vídeos: toda quarta-feira e sábado, às 10h, e também atores novos: Lila Protásio, Victor Lamoglia e Carol Garcia.
E qual será o futuro da Paramaker?
Estamos em constante processo de ampliação. Temos o dobro do tamanho que tínhamos um ano atrás e, em breve, nos mudaremos para um lugar cinco vezes maior do que o que estamos agora, aqui no Largo do Machado. Em 2014, com certeza teremos o maior faturamento da empresa até hoje e estamos trabalhando para entrar forte no mercado de anunciantes no YouTube. Hoje, temos mais de três mil canais associados e 40 funcionários. Até o fim do ano que vem, seremos 80.
Como está hoje o mercado para youtubers no Brasil? Ainda temos muito o que crescer, se comparados a outros países?
O Brasil ainda está engatinhando. As pesquisas indicam que são 100 milhões de internautas, mas esse número está longe de ser real, pois consideram as pessoas que acessaram a internet pelo menos uma vez nos últimos 30 dias. Mas, se considerarmos aquelas pessoas que realmente acessam as redes sociais e sites de notícias todos os dias, o Brasil ainda é um país emergente. Com a expansão da banda larga e o crescimento da classe C, o Brasil tem chances de se tornar uma potência mundial na web. Hoje, já temos a maior média de consumo do YouTube por pessoa. E esse público clama por um conteúdo mais ágil e mais próximo da própria realidade, ou seja, um conteúdo que o YouTube pode fornecer.
Você vai continuar aparecendo nos vídeos da Parafernalha como ator e vai continuar produzindo os posts para a série "Não faz sentido"?
Estou passando por um momento de transformação. Cada vez mais estou me desvinculando da imagem do Felipe Neto vlogger para me tornar um empresário. Meu maior interesse, hoje, é movimentar o mercado de vídeos para a internet. Mas não conseguiria ficar completamente ausente do meu lado de ator. Não imagino isso acontecendo na minha vida nunca. Minha cara vai aparecer menos nos vídeos, mas não vou abandoná-los. Já o "Não faz sentido" continua ali, esperando por um assunto que realmente valha a pena ser comentado. A série não vai acabar, mas farei poucos vídeos a partir de agora.