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Miguel Faria Jr. fala sobre saudade de Vinicius de Moraes

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RIO - O diretor Miguel Faria Jr. contou, ontem, na Casa do Saber O GLOBO, as histórias por trás de seu documentário “Vinicius”, de 2005, que reúne histórias e depoimentos sobre Vinicius de Moraes. A palestra, mediada pelo colunista do Segundo Caderno Arnaldo Bloch, foi a segunda da série “Vinicius em 3 tons”, que faz parte do ciclo Encontros O GLOBO, como parte da comemoração pelo centenário do Poetinha.

Faria Jr. falou a um auditório cheio, logo depois de seu documentário ser exibido. Bloch iniciou a conversa perguntando qual era o papel do uísque na hora de conseguir depoimentos de artistas como Maria Bethânia e Chico Buarque para o filme.

— Uísque não tinha, não. Mas tinha um vinho. A ideia sempre foi fazer entrevistas tão descontraídas quanto possível — disse o diretor. — Procurei pessoas com quem eu já tinha intimidade e gravei mais de 20 horas de depoimento com cada uma. A maioria é de amigos. Sempre que saímos para jantar, depois da primeira taça, baixa o Vinicius, essa coisa de querer falar dele.

Miguel Faria Jr. afirmou ainda que, oito anos depois de o filme ter sido lançado, vê que a base emocional do longa-metragem é a saudade do Poetinha.

— Demorei um pouco para ver que era essa a emoção central do filme. Nas primeiras semanas, só iam pessoas mais velhas ao cinema. Da quarta em diante, começaram a ir os mais jovens. E vi que vários, mesmo sem ser contemporâneos do Vinicius, diziam sair do cinema sentindo saudade — afirmou o diretor.

Faria Jr. lembrou que o pedido da família do poeta, no começo, era que ele fizesse um filme de ficção. Chegou a trabalhar no roteiro com Adriana Falcão, mas desistiu. Achou que a imagem de Vinicius — e de alguns personagens, como Chico e Caetano — ainda estava muito viva na memória do público.

— Vi que era difícil escalar atores, porque todos se lembram muito do Vinicius. Além do mais, quem ia interpretar Chico e Caetano? Seria uma dificuldade de verossimilhança enorme — afirma Faria Jr.

O diretor de “Vinicius” lembrou ainda como falar do poeta provocava emoções fortes em seus entrevistados. Ele contou que, ao fim do depoimento, Chico chorou, depois de dizer que sentia falta do jeito como o poeta ria. Faria Jr. deixou a imagem de fora, por achar que seria “excessivo.”

Miguel Faria Jr. conheceu Vinicius não só como leitor, mas como sogro — foi casado por oito anos com uma das filhas do poeta, e lembra como Vinicius ficou “mais formal” com ele após o casamento. Para fazer o filme, pesquisou o acervo do poeta, lendo cartas e anotações deixadas por ele. E diz que sentia “um grilo” por estar devassando sua intimidade.

A série de encontros termina na próxima terça-feira, às 17h, com “Vinicius Palavra”, debate sobre as diversas facetas literárias do artista, com a análise de José Castello, do poeta e pesquisador Eucanaã Ferraz e do doutor em Literatura pela PUC-RJ Miguel Jost. A conversa terá mediação do jornalista do GLOBO André Miranda.


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