RIO - O conselho curador do Prêmio Jabuti, principal prêmio literário do país, decidiu desclassificar três livros que concorriam à final na categoria tradução, por contrariarem o regulamento do Jabuti, e substitui-los por outros. A contradição foi apontada pelo GLOBO, semana passada, assim que a lista de finalistas foi divulgada.
Um dos livros eliminados é o “Livro das mil e uma noites — Volume 4” (Globo Livros), traduzido por Mamede Mustafa Jarouche. Ele contrariava o item do regulamento que determinava que, em caso de traduções em vários volumes, deve ser considerada a data do último tomo publicado — desde que os anteriores não tenham sido inscritos em outras edições do prêmio. O primeiro volume da tradução da Globo Livros, porém, já havia sido premiada com o Jabuti em 2006.
“As mil e uma noites” foi substituído por “Fora do tempo”, de David Grossman, traduzido por Paul Geiger. O novo finalista é publicado pela Companhia das Letras.
O outro desclassificado é “Bruno Schulz — Ficção completa” (Cosac Naify), traduzido por Henryk Siewierski. O livro tinha dois textos de Schulz que Siewierski já havia traduzido, nos anos 1990, para a editora Imago: “Lojas de canela” e “Sanatório”. A Cosac e o tradutor afirmaram, ao GLOBO, que a tradução foi refeita — mas o conselho do Jabuti concluiu que se trata de uma revisão. E o regulamento diz que só podem ser premiadas obras inéditas.
O livro da Cosac foi substituído por “O comedido fidalgo — As aventuras de Cervantes em Sevilha”, de Juan Eslava Galán, traduzido por Josely Vianna Baptista. A obra é publicada pelo selo Benvirá, da editora Saraiva.
O livro infantil "A Pedra na Praça" (Rovelle), de Ana Sofia e Tatiana Mariz, também foi eliminado. O motivo é o fato de a obra ser uma adaptação de contos de Tolstói, e o regulamento determina que só obras inéditas podem concorrer. O livro foi substituído por "O Peixe e a Passarinha" (Companhia das Letras), de Blandina Franco e José Carlos Lollo.
Barão de Itararé é mantido
A biografia “Entre sem bater — A vida de Apparício Torelly, o Barão de Itararé” (Casa da Palavra), do jornalista Cláudio Figueiredo, foi mantida na final. A obra começou a ser questionada, já que o autor havia publicado outra biografia do Barão, em 1988, pela Record: “O Barão de Itararé — As duas vidas de Apparício Torelly”. Como autor teve acesso a documentos inéditos, o conselho curador concluiu que se trata de uma nova obra, ainda que se trate do mesmo personagem histórico e do mesmo autor.