Quantcast
Channel: OGlobo
Viewing all articles
Browse latest Browse all 32716

Ballet Nacional Sodre faz sua primeira turnê oficial no Brasil

$
0
0

RIO - Em seus 77 anos, o Ballet Nacional Sodre, considerado o maior e mais tradicional do Uruguai, nunca cruzou a fronteira do Brasil para fazer uma turnê oficial por aqui. Na terça-feira, no entanto, esse passado ficará para trás. O grupo hoje dirigido pelo bailarino argentino Julio Bocca — estrela da dança clássica — subirá ao palco do Teatro Castro Alves, em Salvador, para a primeira das cinco apresentações agendadas no país. Na quinta-feira, dia 5, o grupo estará na Cidade das Artes, no Rio; na sexta-feira e no sábado, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo; e no dia 10, no Teatro Guaíra, em Curitiba. Na bagagem, quatro obras que pretendem mostrar que a companhia é capaz de executar, com igual qualidade, tanto o repertório clássico quanto o contemporâneo.

— Estamos muito animados com essa primeira turnê oficial pelo Brasil — diz Julio Bocca, 46 anos, diretor do grupo há três. — Vamos abrir com a “Sinfonietta” (1978), que é a obra mais conhecida do coreógrafo Jirí Kylián. Nela, teremos 14 dos 22 bailarinos da turnê reunidos no palco. Será a parte mais alegre da noite, e a ideia é abordar as complexas relações amorosas.

O amor seguirá em pauta na segunda parte do espetáculo. Segundo Bocca, o pas de deux de “O corsário” (1988) exibirá todo o seu romantismo e “deixará clara a diversidade da companhia”.

Depois, entra em cena “Without words” (1998), obra do espanhol Nacho Duato, ao som de Franz Shubert. Segundo Bocca, os bailarinos mostrarão que casais conseguem se conectar sem usar palavras, que é “perfeitamente possível transmitir uma informação com o corpo”.

Técnica versus arte

Para encerrar, o Ballet Nacional Sodre fará homenagem à “Sagração da Primavera” (1913), obra de Nijinsky e Stravinsky que completa 100 anos agora. Mas não será a versão clássica, antecipa o diretor:

— Faremos uma versão terrena, urbana, com tribos, e o público vai notar isso de cara, nos movimentos dos bailarinos.

Criada em 1935, O Ballet Sodre tem hoje 65 profissionais (quatro deles brasileiros) e, nos últimos 40 anos, sofreu com a falta de uma casa. Em 1971, o Auditório Nacional Adela Reta, que lhe servia de palco, pegou fogo, só sendo reaberto em 2009. Bocca trabalha para recolocá-lo entre os maiores da América.

— Já retomamos as turnês nacionais e iniciamos as internacionais — conta ele. — Agora fazemos audições e concursos anuais, coisas que não aconteciam há muito tempo. E o resultado é evidente. A agenda está cheia até 2015, com cerca de 90 apresentações por ano.

Julio Bocca esteve por 20 anos no American Ballet Theatre e dançou em palcos como o Scala de Milão. Há cerca de cinco anos, “buscando mais tranquilidade e mais mar” trocou a Argentina pelo Uruguai. Hoje defende um balé emocional:

— Muitos profissionais estão mais preocupados com a técnica do que com a arte. Se esquecem de que uma boa interpretação, feita de coração, pode agradar muito mais.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 32716


<script src="https://jsc.adskeeper.com/r/s/rssing.com.1596347.js" async> </script>