RIO - Desde que sua 18ª variação serviu à trilha do romântico “Em algum lugar do passado”, filme de 1980, e à história de amor protagonizada por Christopher Reeve e Jane Seymour, a “Rapsódia sobre um tema de Paganini”, de Sergei Rachmaninoff, caiu no gosto do grande público, tanto quanto o “Concerto nº 3”, para piano e orquestra, que também acabou popularizado, 16 anos depois, por um outro longa-metragem: “Shine”, que versava sobre a vida do pianista David Helfgott. Belo exemplo da bem-acabada escrita formal de Rachmaninoff, a peça é o momento alto do concerto que a Orquestra Sinfônica Brasileira oferece neste sábado, às 16h, no Teatro Municipal, tendo Arnaldo Cohen ao piano (os ingressos estão esgotados). Regido pelo titular Roberto Minczuk, o conjunto apresenta também a “Sinfonia nº 8”, do checo Antonin Dvorák, e o “Guia orquestral para a juventude”, do inglês Benjamin Britten. O último concerto de Cohen com a OSB, em junho de 2012, foi eleito um dos melhores da temporada clássica do ano passado pelo GLOBO.
Ainda que menos famosa do que a subsequente “Sinfonia Novo Mundo”, a obra de Dvorák é bastante conhecida dos frequentadores das salas de concerto. Conquista facilmente a audiência por sua natureza de inspirações folclóricas, espírito alegre e melodia empática. Já o “Guia Orquestral” de Britten, que valoriza a orquestra e destaca todos os seus naipes, figura no programa por dois honrosos motivos. Presta tributo ao compositor inglês, neste ano em que se celebra seu centenário de nascimento, e ao maestro alemão Kurt Masur, que regeria a peça, mas foi obrigado a cancelar a vinda ao Rio após ter sofrido uma queda, durante uma apresentação em Israel, há cerca de dois meses.
— Este seria também um concerto em homenagem ao maestro Masur, que completa agora 65 anos de carreira — explica Roberto Minczuk. — Mantivemos a obra para fazer essa homenagem.
“Uma feliz coincidência”
Assim, o público carioca tem a chance de encontrar no palco um dos grandes nomes do piano brasileiro. A apresentação será a única que Cohen, radicado nos Estados Unidos, onde leciona na Universidade de Indiana e é diretor artístico da série de concertos Portland Piano International, fará na cidade neste ano.
— Foi uma feliz coincidência eu estar no Rio nesta época. Vim para os 90 anos de minha mãe, que adora a rapsódia. Esse fato foi fundamental para que eu aceitasse o concerto. Será um dos meus presentes para ela — conta o pianista, que tem uma relação emocional com a obra (o impacto causado por ela foi uma das razões que o levaram, depois, a trocar a engenharia pelo piano).
— Era tão bonito que chorei sem saber por que — lembra Cohen.
— Arnaldo toca esta obra com muito brilho — elogia Roberto Minczuk.