RIO - Entre trabalhos originais de Salvador Dalí, Andy Warhol e Marc Chagall, um americano que ficou famoso por ilustrar capas de revistas chama atenção no acervo da Amazon Art, site de vendas de arte da Amazon lançado no início do mês. A pintura a óleo de Norman Rockwell “Willie Gillis: package from home” tem o preço mais alto entre as cerca de 40 mil obras disponíveis: US$ 4,85 milhões.
Encomenda para uma capa da “The Saturday Evening Post” de 1941, a tela faz parte de uma série criada sobre a Segunda Guerra Mundial com o personagem Willie. Redescoberto recentemente, o trabalho joga luz sobre um artista amado nos EUA, mas pouco festejado fora dele.
Inaugurado em 1969, nove anos antes de Rockwell morrer, aos 84 anos, o Museu Norman Rockwell tem a maior coleção do artista, além de fotos, cartas e outros documentos raros. O espaço belíssimo, onde ele morou, fica na pequena cidade de Stockbridge, no estado de Massachusetts, e recebeu mais de 120 mil visitantes em 2012. Provavelmente por sua localização, fora da rota de muitos turistas (duas horas e meia de carro distante de Nova York ou de Boston), 95% dos visitantes eram do próprio país. Buscando, então, ampliar a visibilidade do trabalho, já se planejam algumas exposições itinerantes. No ano que vem, “American chronicles: The art of Norman Rockwell” cruza o oceano e chega à Itália.
Parte da obra produzida ao longo de décadas também foi digitalizada. O site do museu disponibiliza mais de 20 mil fotos para consulta e 4.400 pinturas e ilustrações, como “The golden rule”, que mostra pessoas de diferentes religiões, e “The gossips”, série que foi considerada uma das mais populares entre as mais de 300 capas da “The Saturday Evening Post” que ele fez.
Durante quase 60 anos, Rockwell retratou, como poucos, a vida americana em família, os costumes de gerações e também guerras e lutas por direitos civis. Como ilustrador de traços marcantes e firmes, ele eternizou cenas do cotidiano, que o tornaram um verdadeiro cronista do século XX.
Jeremy Clowe, gerente de serviços de mídia do Museu Norman Rockwell, diz que os trabalhos do artista estão atingindo valores cada vez mais altos em leilões e que é crescente a procura na Europa, no Japão e na América do Sul. Clowe fala do “grande contador de histórias” que Rockwell se tornou e conta os planos para o museu do artista. Leia a entrevista com ele:
Entre Andy Warhol, Chagall e Salvador Dalí, “Willie Gillis: package from home”, de Norman Rockwell, é a obra de arte mais cara no Amazon Art. Como vocês receberam essa notícia?
Não foi exatamente uma surpresa para a gente. Os trabalhos de Norman Rockwell estão atingindo valores cada vez mais altos em leilões. Temos certeza de que essa valorização é contínua e crescente.
O que faz do trabalho de Norman Rockwell atual ainda hoje?
Norman Rockwell foi tremendamente talentoso como artista e também se tornou um grande contador de histórias. Enquanto ilustrador, pintou e desenhou cenas do dia a dia que até hoje se mostram extremamente atuais e ainda são lembradas mesmo 40 anos depois de sua morte. Ele foi tão produtivo que muitos trabalhos originais ainda são descobertos em coleções privadas até hoje.
Como a vida pessoal influenciou o trabalho dele?
Muitas pessoas afirmam que o trabalho de Rockwell era sua vida. Ele realmente viveu para pintar. E é claro que os assuntos escolhidos por ele sofreram muita influência do ambiente em que vivia. Isso contribuiu muito para a afirmação de seu trabalho. Também contava sempre com a ajuda de outras pessoas. Quando se mudou para Arlington, no estado de Vermont, no fim dos anos 30, ele pediu para que vizinhos e familiares servissem de modelos para suas obras.
Quais são os novos projetos do Museu de Norman Rockwell?
O museu vai continuar a exibir a maior coleção de trabalhos originais de Rockwell. Graças a um financiamento externo, foi possível digitalizar a coleção permanente, oferecendo ao público a oportunidade de ver também no site materiais de referência e objetos pessoais do artista. O processo de digitalização também tornou possíveis novas mostras, a reinstalação do estúdio original usado por Rockwell nos anos 60, exposição de fotos e materiais interativos. Recentemente, fizemos ainda uma parceria com o Google para apresentar os primeiros trabalhos de Norman Rockwell no site Google Art Project.
No ano passado, 95% das pessoas que visitaram o museu eram dos EUA. Existe algum projeto para aumentar o número de vistantes de outros países?
O museu recebe cada vez mais público e é crescente a procura pelo trabalho de Rockwell na Europa, no Japão e na América do Sul. A mostra “American chronicles: The art of Norman Rockwell” poderá ser vista no Arte Musei, em Roma, a partir de novembro de 2014. Estamos avaliando solicitações de outros países, e, enquanto não podemos estar fora daqui, continuamos a investir cada vez mais nosso site.