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Sucessos da TV como Crô, de ‘Fina estampa’, estão na mira do cinema, impulsionados pela bilheteria

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RIO - Quando “Fina estampa” estreou, em 2011, Crodoaldo Valério era apenas o mordomo afetado da vilã Tereza Cristina (Christiane Torloni). Ao longo da novela, ele cresceu. Cheio de maneirismos, expressões bem sacadas e um ar pueril, logo se tornou um dos destaques da trama de Aguinaldo Silva. Ao fim dos 185 capítulos, Crô ficou rico — herdou a fortuna da patroa. Mais que isso. Tamanha popularidade transformou o personagem em estrela de cinema em “As aventuras de Crô”, da Downtown Filmes/Paris, que estreia em 29 de novembro. A transição de Crô para a tela grande é um exemplo de um fenômeno que só progride, tanto aqui quanto lá fora, numa ligação cada vez mais direta entre TV e cinema. Principalmente quando se trata de comédias.

O filme de Crô só vem engrossar o caldo de uma lista cheia de estreias para este e os próximos anos. O rol inclui “Meu passado me condena”, derivado da série do Multishow, “Os caras de pau”, “Os normais 3” e “Tapas & beijos”, todos da TV Globo. Não esquecendo os que já foram lançados, como “A grande família — o filme”, “Cilada.com”, “Giovanni Improtta” e “Casseta & Planeta — A Taça do Mundo é nossa”.

Para Marcio Fraccaroli, diretor-geral da Paris Filmes, os lançamentos não conjeturam uma tendência. Mas, sim, uma oportunidade de mercado.

— O brasileiro gosta de comédia, de ir ao cinema com a família para rir — afirma ele. — No cinema podemos contar a história de forma mais bem acabada, os personagens já estão testados, a piada já foi contada e aprovada. Para o cinema nacional, preferimos projetos populares, para pensar neles como um negócio. Conseguimos exibi-los em quase 800 salas — explica Márcio, que lançou, este ano, “Minha mãe é uma peça” e “O concurso”, entre outros.

Diretor de “As aventuras de Crô”, Bruno Barreto afirma: à medida que a indústria de entretenimento brasileira cresce, os preconceitos se dissipam.

— A imagem está cada vez mais elaborada, as produções, grandiosas. Não tem mais aquela questão de se achar que TV não é arte— decreta.

Por isso mesmo, ele conta que ficou “fascinado” ao se deparar com a figura de Crô na novela. Tanto que a ideia de produzir o filme já estava em seus planos mesmo antes de um retorno positivo do autor Aguinaldo Silva.

— Quando liguei para Aguinaldo, tínhamos as mesmas ideias. O roteiro ficou pronto em um mês — recorda-se, acrescentando que Crô traz um quê do comediante americano Jerry Lewis, sucesso com seus filmes cômicos.

Embora veja “com muitas reservas” a adaptação de programas televisivos para o cinema — “pois na maioria das vezes eles não acrescentam nada ao que o espectador já viu” —, Aguinaldo explica que Crô se tornou “maior que a vida!” e sobreviveu “à superficialidade do gênero, muitas vezes, descartável”.

— Poucos personagens de novela atingem esse tipo de comunicação com o público. Quem vai ao cinema para rever um deles quer saber mais sobre ele, vê-lo de modo mais completo e acabado. É o personagem que ele já conhece, mas cheio de nuances que a novela não permite — avalia o autor, criador também de Giovanni Improtta e Lili Carabina, cuja biografia da personagem, real e escrita por ele, foi adaptada para o cinema, com Betty Faria.

Intérprete de Crô, Serrado acha que, sem o roteiro de Aguinaldo, o filme não teria condições de ser produzido. Caso o texto fosse passado a terceiros, o ator comenta, o personagem correria o risco de se tornar um “híbrido”.

— Se sai do contexto fica obsoleto, e o público sente que está sendo enganado. Aguinaldo me conhece e conhece o personagem. Eu preciso dessa troca, é fundamental para mim como artista — argumenta ele, que entre a novela e o filme viveu Tonico Bastos no remake de “Gabriela”, em 2012. — Acho que tem que aproveitar esse timing. Se você deixa para fazer dez anos depois, não tem a mesma força. Me senti à vontade para revisitar o Crô e trabalhei com os mesmos preparadores.

No caso de “Meu passado me condena”, nos cinemas em 4 de outubro, a equipe permaneceu fiel à da TV. Além do elenco original, com Miá Mello e Fábio Porchat como o casal protagonista, a diretora é a mesma, Júlia Rezende. Embora aponte vantagens como a segurança e a sintonia que a equipe já tem, ela diz que há um cuidado dobrado para evitar a repetição.

— Tenho que acreditar que existe um olhar original sobre essa história que ainda não foi explorado — observa.

O longa é o début de Julia no cinema. E o primeiro filme brasileiro a ser filmado integralmente em um cruzeiro de verdade. A história mostra a lua de mel da dupla, que se casa um mês após se conhecer. Para se adaptar aos percalços, Julia passou três dias num navio antes do início do trabalho.

— Quando você tem 90 minutos para contar uma história, é muito diferente de 24 (o tempo da série na TV). No cinema, há mais tempo para pensar com calma o que queremos fazer. Na TV, os prazos são mais justos — compara ela, já envolvida com a segunda temporada da atração, que estreia no fim de outubro.

Enquanto aguardam uma possível volta à grade da Globo, Marcius Melhem e Leandro Hassum relembram “Os caras de pau” no longa que começa a ser rodado no fim de novembro e estreia em julho de 2014. Segundo Marcius, o filme ocupa um filão já explorado pela trupe de “Os trapalhões”, no que ele classifica como “uma aventura cômica para toda a família”. O ator adianta que, ao contrário do programa de TV, a produção não será calcada em esquetes. A direção é de Felipe Joffily, de “Muita calma nessa hora” e “E aí, comeu?”. Diretor do programa, Márcio Trigo é o supervisor artístico.

— Não queríamos que fosse um programa esticado. A entrada do Felipe trouxe um olhar de cinema, mas a presença do Márcio ajuda a manter o DNA da série — ensina Marcius.

Segundo o ator, ele e Leandro já haviam recebido várias propostas para atuar em dupla no cinema. Mas não julgavam plausível fazer algo que não fosse “Os caras de pau”:

— Quando se tem um personagem forte, o público quer vê-lo em outras aventuras. O filme é apenas mais uma vertente.

Vertente que, em breve, deve ser explorada pela equipe de “Tapas & beijos”. Vontade não falta, garante o diretor Mauricio Farias:

— O grupo de artistas que faz o programa está animado com a ideia. Esse desejo é o único indicador que conheço para que qualquer trabalho seja realizado.

Autor da série, Claudio Paiva diz que ainda não teve tempo para pensar no roteiro:

— O espectador pode ver “Tapas & beijos” de graça e sem sair de casa. Para levá-lo ao cinema, temos que oferecer algo novo.


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