RIO - Segundo o músico, a TV brasileira é um santo remédio para quem, como ele, sofre de insônia. Eclético, o apresentador do ‘Matador de passarinho’, às segundas, à meia-noite, no Canal Brasil, elege ‘Bandeira 2’ como novela inesquecível e Ana Maria Braga, uma musa inspiradora
O que você ama muito na programação?
Programas que me fazem dormir. Já há estudos analisando a importância da TV para os que sofrem de insônia. Como apaixonado por futebol, fico assistindo àquelas peladas em que não acontece nada. E com o Júnior comentando, então, é infalível. Um sono grosso, gostoso, que pega a gente.
Que programa faz você roncar?
Muitos. O que te leva a roncar é algo que te embala, que te coloca no colo. Jamais roncaria vendo um filme do Godard. Fico pau da vida quando percebo um tom de seriedade. Como o Pedro Bial. O “Na moral” é o que de pior existe na nossa TV. Sem mencionar os discursos patéticos no “Big Brother”.
Identifica-se com algum personagem da ficção?
Não. Eu me lembro do Zelito, papel de José Wilker em "Bandeira 2”. Ele vivia no quarto, tinha cabelos compridos. Acho que foi com quem mais me identifiquei. Aliás, “Bandeira 2”, do Dias Gomes, foi a maior novela da TV brasileira.
Em que personagem você daria um beijo na boca? Por quê?
Pergunta dificílima. Porque eu sou um beijoqueiro nato. O verdadeiro beijoqueiro sou eu. Mas se eu tivesse que pedir um beijo, eu pediria pra Martinália. Beijo com baba, lógico.
O que você considera um desperdício na grade da TV? Por quê?
Aí é que está a questão. Dentro da minha filosofia, um desperdício na grade da TV, necessariamente, é uma obra prima. Por exemplo: MAX TV. Eu fico vendo aqueles produtos desfilando na tela e não tem mais nada. É a radicalidade do nada.
Melhor “pobre e perigosa” das novelas?
Dentre toda essa fauna que as novelas são tão pródigas em mostrar, cito “Vale tudo”. A Maria de Fátima (Gloria Pires) em contraste com a mãe, íntegra, honesta e moralista me fez torcer muito pelo mal.
Um programa trash que de trash não tem nada?
O “Matador de Passarinho”, toda segunda-feira, no Canal Brasil. As pessoas ainda hoje pensam que é trash. Essa é a grande confusão em torno do meu trabalho. Eu nunca fui trash e nem meu desejo foi sê-lo. Trash é o “Larica Total”, é o “Hermes e Renato”, e alguns momentos, cada vez mais raros, do “CQC” , do “Pânico” e do “Agora é tarde”. Mas quem sobressai no universo do trash e continua sendo o maior de todos é o Gil Brother Away (personagem do programa “Hermes e Renato”)
Além de Fátima Bernardes e Glória Maria, quem merece ser homenageada com uma música sua?
Em primeiro lugar, quero te parabenizar pela palavra apropriada que você escolheu. Realmente é uma homenagem. Digo isso porque muita gente pensa que é deboche, mas é celebração. Fátima Bernardes foi e sempre será a maior apresentadora de telejornal do Brasil de todos os tempos. A única que esteve à altura chamava-se Márcia Mendes. Fiquei muito triste quando Fátima saiu do “JN”. Foi uma substituição infeliz. Quanto a Glória Maria, é uma força da natureza. Deve ter uns 80 anos, mas ninguém diz. Você esqueceu da Ana Maria Braga, por quem nutro o sonho de ser um dia entrevistado. Outra força da natureza.
Atração de gastronomia:
Preciso responder? Que me desculpem Claude Troisgros, Olivier Anquier e a espetacular Palmirinha. Mas Ana Maria Braga mora no meu coração. Principalmente quando ela apresenta o programa com sono. Fica mais sensual.