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Claude Troisgros faz um balanço de sua atuação na televisão: ‘A TV mudou minha vida’

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RIO - Apesar de todo o rigor que é preciso para se trabalhar na cozinha, a capacidade de improvisação é uma das grandes virtudes de um chef. E foi assim, usando ingredientes brasileiros até então pouco valorizados combinados às técnicas culinárias francesas, que Claude Troisgros construiu a sua fama como um dos grandes nomes da gastronomia no país, honrando a sua tradicional linhagem familiar. Esse mesmo talento para se adaptar ao ambiente o mais carioca dos franceses transportou para a televisão para se converter no divertido apresentador que está prestes a completar dez anos como protagonista diante das câmeras (seu primeiro programa foi ao ar em 2004).

— Peço ao diretor para manter a edição o mais natural possível, com o clima que verdadeiramente acontece na cozinha. São em média 12 horas de gravação para serem editadas em um programa de meia hora, ou 45 minutos, no caso do “Que marravilha! Revanche” (quinta, às 21h, no GNT). Agora estamos trabalhando em cima de um vídeo com os momentos mais bizarros e engraçados do programa. Coisas que caem no chão, que queimam. Vai ficar muito divertido. — conta o chef, que a partir do dia 3 de outubro começa uma nova temporada do “Que marravilha!”, com episódios inéditos do formato original: Claude ensina um participante, que não sabe nada de cozinha, a preparar determinado prato, dando uma nota e um parecer para o preparo depois.

Apesar de quase uma década trabalhando como apresentador, Claude ainda fica tenso durante as gravações:

— Fico muito nervoso. Cozinhar é o que faço desde criança, cresci diante dos fogões, fui preparado para ser cozinheiro. Televisão eu faço há pouco tempo. Acho até que tenho certa facilidade, mas fico muito nervoso. Não parece, mas fico.

Coincidência ou não, depois do sucesso na televisão, Claude viu o seu lado empreendedor prosperar.

— Os programas foram importantes, também, na minha carreira de chef e empresário. Deram visibilidade no resto do Brasil, porque, antes, eu só era conhecido no Rio. Isso facilitou a expansão dos negócios, foi o que contribuiu, por exemplo, para a criação dos CTs — conta o chef, em relação aos seus restaurantes CT Brasserie, CT Trattorie e CT Boucherie (este último ganhará filial em Dubai este ano): —Também foi fazendo o programa que eu conheci a minha mulher, a Clarisse Sette. A televisão definitivamente mudou a minha vida — diz.

O programa atual também serviu para dar visibilidade ao braço-direito de Claude, o Batista, seu sous chef há anos, homem de confiança, que vem mostrando bom humor e desenvoltura diante das câmeras.

— Aquele jeito de chamá-lo, o "Bastiiiista!" já acontecia na vida real, na cozinha do restaurante, e acabou chegando ao programa de TV, virou um bordão. O Batista é uma figura, tem bom humor, é o meu fiel escudeiro, me ajuda e me protege, sempre me dá razão e acha que eu estou certo — diz, gargalhando: — Aos poucos, estabeleceu o seu papel no programa, ganhou espaço e personalidade. Ele começou comigo há 30 anos, como lavador de louça, e logo virou meu homem de confiança, a minha sombra. Agora está famoso, pedem até para tirar fotos com ele, pedem autógrafo. Fico muito feliz.

Claude viveu muitos momentos memoráveis em episódios antológicos. Mas um o marcou imensamente, tanto que o chef se empolga ao relembrá-lo:

— Vários programas foram marcantes. Os que envolvem viagem geralmente são os de que mais gosto. Teve uma série incrível, passando por Noruega, Portugal, Itália. Mas se eu tiver que escolher um, seria a série sobre a Amazônia. Foi sensacional, uma experiência marcante, a mais engraçada. Pegamos um barco, navegamos três horas até uma tribo indígena, com crianças. A líder era uma senhorinha, que apelidei de Dona Bacu. Ela mostrou rituais espirituais, e nós fomos comer a comida deles, jacaré, por exemplo. Aí, resolvi fazer um prato francês, usando os ingredientes que eles tinham ali. Não estava previsto. Tinha peixe, pimentão, tomate, abobrinha. Fiz um peixe com ratatouille. Foi engraçado, porque eles comem com a mão, mas peixe com ratatouille não dá para comer com a mão. Foi o programa mais divertido e inusitado, eu estava muito feliz, um momento incrível e inacreditável de minha vida. Tempos tempos vi um outro programa e lá estava a Dona Bacu. Descobri que a tribo está acostumada a receber equipes de TV. No dia, eu não sabia. Eles cobram da produção. Todos os programas de índio na Amazônia são gravados lá.


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