RIO - A casa é a do pai do guitarrista e vocalista Digão, em Brasília — cercada pelas mesmas paredes entre as quais a banda surgiu, há mais de 20 anos. Mas as canções são inéditas, assim como é, para o quarteto, completamente nova a forma como as levarão para o disco. O grupo deu início na quinta-feira à campanha de crowdfunding (financiamento coletivo) para bancar a gravação de seu novo álbum, “Cantigas de roda”. No segundo dia (de dois meses que ficarão no ar), eles já tinham alcançado R$ 20 mil dos R$ 55 mil de que precisam para fazerem as gravações em Los Angeles, produzidos por Billy Graziadei, líder da banda americana Biohazard.
— A gente queria estar atualizado com o que está rolando hoje, e ouvíamos falar na possibilidade do crowdfunding — explica Digão. — Poderíamos estar indo atrás de Lei Rouanet, essas coisas, mas a gente optou por ser uma banda o mais independente possível. Quando Billy veio produzir a gente, a primeira coisa que falou foi em fazer um crowdfunding, reforçou o que já vínhamos pensando.
As colaborações em catarse.me/raimundos podem ir de R$ 10 a mais de R$ 5 mil, com recompensas diferentes para cada faixa de colaboração — de download antecipado até ingressos para todos os shows de 2014 com acesso ao backstage e ao camarim.
Digão explica que a ideia de “Cantigas de roda” era que fosse “um disco de banda”. Por isso, convidouCanisso (baixo), Marquim (guitarra) e Caio (bateria) para que passassem uma temporada compondo juntos no lugar onde a banda surgiu:
— Eu tocava bateria numa banda que ensaiava nos fins de semana — lembra o guitarrista. — Os instrumentos ficavam lá a semana toda, e os moleques resolveram começar a brincar, tocando Ramones, e assim nasceu o Raimundos.
O resultado foram 12 canções, que serão gravadas em setembro nos Estados Unidos.
— Tem as mais pesadas, outras com levadas bem Raimundos, uma balada, um skazinho que fiz e que Bi Ribeiro tocava, instrumental, no Reggae B (projeto paralelo do baixista dos Paralamas). Pusemos letra, aproveitando um tema engraçado do Caio, a “gordelícia”, aquela gorda gostosa, um tema que nunca exploramos.