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‘Quem disse que eu não me enrolo?’, diz Gabriel Braga Nunes sobre discursos de Aristóbulo

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RIO - Bolebolenses e saramandistas podem discordar sobre o nome e os rumos da cidade na novela das 23h, assinada por Ricardo Linhares. Mas independentemente de sua corrente política, os habitantes do local não podem negar a habilidade de Aristóbulo (Gabriel Braga Nunes) com as palavras. Assim como na versão original, de Dias Gomes, o professor faz discursos rebuscados, cheios de pompa — e que quase ninguém entende. O palavrório do personagem, que será candidato a prefeito de Bole-Bole, confunde até seu intérprete.

— Quem disse que eu não me enrolo? (risos) Além de as palavras serem incomuns, a lógica é esdrúxula, e o fio de raciocínio não vem à cabeça. Mas, no fim das contas, o processo é divertido, e o resultado está agradando — diz Gabriel.

Linhares explica que os discursos de Aristóbulo são pomposos e vazios, “como a maioria dos pronunciamentos dos políticos nacionais”.

— Aristóbulo fará inúmeros discursos nessa linha. É o orador oficial bolebolense. O personagem é criação genial do Dias. Parte do vocabulário veio da primeira versão, parte foi criada especialmente para as novas cenas. Na cidadezinha, todo evento que se preze tem que contar com a sua “falastrice” — explica Linhares. — Os discursos têm lógica. Início, meio e fim. As palavras difíceis não são aleatórias. Se forem substituídas por sinônimos, a sentença será “deverasmente” compreensível. Mas, na “verdade verdadeira”, não significam algo importante. Daí, o rebuscamento formal.

Gabriel conta que, no começo da novela, se questionava se conseguiria criar algo diferente para a nova versão de “Saramandaia”.

— Ary Fontoura fez um trabalho muito marcante na primeira versão da novela. Eu tinha quatro anos em 1976 e me lembro muito dele! No início da novela, eu pensava se conseguiria criar algo original, levando em conta nossa referência atual, que são os filmes de Tim Burton (diretor de longas-metragens como “Edward Mãos de Tesoura”). — diz o ator. — Penso no estofo de atores clássicos do teatro, na propriedade com que dizem o texto. Por diversas vezes, me lembro do Walmor Chagas, que é uma referência forte pra mim.

Para Linhares, Aristóbulo é vaidoso e quer mostrar sua erudição, mas “o conteúdo é oco como recheio de pastel barato”.

—Mas só agora o Ricardo nos diz isso? Gastei horas e horas no dicionário procurando o significado das palavras! Já estava me sentindo um despreparado — brinca Gabriel.

Mas o professor cairá em “desgracismo”. Depois de seu discurso de lançamento como candidato a prefeito, na última sexta-feira, Aristóbulo se transforma em lobisomem praticamente na frente de todos, conta Linhares:

— Ao revelar sua verdadeira natureza, “saindo do armário” em público, ele será rejeitado por todos, dentro da minha temática de ditadura da intolerância aos que fogem aos padrões.


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