SAN DIEGO - Criador de atrações como “Buffy” e diretor de longas-metragens como “Os Vingadores”, Joss Whedon diz, sem falsa modéstia, que “Agents of S.H.I.E.L.D.”, com estreia marcada para setembro nos Estados Unidos e já garantida no Brasil pelo canal Sony, é “uma grande série”. Uma das novidades televisivas mais esperadas da San Diego Comic-Con, evento de cultura pop que terminou no último domingo na cidade do sul da Califórnia (veja outras notícias desta festa nerd na página ao lado), a série traz para a tela o agente Coulson, personagem do ator Clark Gregg (também em “Os Vingadores”), à frente de uma nova (e jovem) equipe.
— Queria que fosse diferente do filme — diz Whedon, em entrevista coletiva. — A série é, basicamente, sobre esses seis personagens — adianta o diretor, que tem a seu lado na equipe de autores o irmão mais novo, Jed Whedon.
O sexteto a que Joss se refere são Coulson e sua nova equipe, que investiga casos que vão do terrorismo a ameaças alienígenas e está relacionada a tudo que se refere às demandas dos super-heróis. Criada por Stan Lee e Jack Kirby para os quadrinhos, em 1966, a S.H.I.E.L.D. estaria acima de agências como a CIA. No cinema, é comandada por Nick Fury (Samuel L. Jackson) — na série, ainda não se sabe como ele vai surgir, ou mesmo se vai aparecer. No piloto, Coulson recruta seu time, formado pelos agentes Grant Ward (Brett Dalton), treinado em combate e espionagem; Melinda May (Ming-Na Wen, de “E.R.”), piloto e especialista em artes marciais; o engenheiro Leo Fitz (Iain De Caestecker); Jemma Simmons (Elizabeth Henstridge), que domina a bioquímica; e a jovem Skye (Chloe Bennet). Colbie Smulders (de “How I met your mother”) reprisará na TV seu papel de “Os Vingadores”, a agente Maria Hill. Clark Gregg (conhecido também por seus papéis em “The West Wing” e “The new adventures of old Christine”), que se diz um “nerd da Marvel” desde criança, comemorou sua “ressurreição”.
— Tinha certeza de que estava morto! E fiquei triste, porque gostava de ser esse cara — conta, lembrando uma das cenas do blockbuster em que seu personagem morre. — Então recebi um telefonema dizendo que eu talvez não estivesse totalmente morto. E quando Joss me explicou o que queria com a série, achei ridiculamente cool e topei. É um Coulson diferente — finaliza.
MAIS DA COMIC-CON
- Quem participa da Comic-Con ganha uma bolsa estampada com uma foto de alguma série ou filme para carregar compras e suvenires. No caso das séries, a mochila mais disputada era a de “The Big Bang Theory”, que logo esgotou – “The vampire diaries” também fez sucesso. Quem chegou por último, teve que se contentar com atrações menos cotadas. Como a organização do evento não permite trocas, os frequentadores davam seu jeitinho: muitos colavam papéis nas sacolas, numa espécie de classificados informais, avisando que trocavam ou compravam as bolsas das séries de sua preferência.
- Para conseguir um lugar nas filas de autógrafos, era preciso conseguir um passe gratuito distribuído nos estandes dos canais – ou seja, uma fila para garantir sua posição em outra fila. Claro que sempre tem quem tente faturar: na entrada do Convention Center, um rapaz anunciava, com um cartaz, que tinha uma pulseira de acesso à sessão de autógrafos com o elenco da série “Veronica Mars”, que vai virar filme. “Faça sua oferta”, dizia a placa improvisada.
- Para assistir a painéis de séries como “The walking dead”, “Game of thrones” e “Breaking bad”, os fãs dormiram nas filas. Para recompensar seus seguidores, muitos canais caprichavam nos brindes: quem acompanhou o elenco de “GoT” no Hall H (onde cabem 6,5 mil pessoas) ganhou uma bolsa com livros, DVDs, camisetas e outros mimos. Nos estandes de canais como Fox e Warner, também havia farta distribuição de pôsteres, revistas e até ingressos de filmes. Difícil é levar tudo para casa: tinha gente que ainda encararia 19 horas de voo, como um grupo de amigos da Suíça que foi a San Diego apenas para a Comic-Con.
- Durante a Comic-Con, San Diego fica loteada entre as séries e os canais. Era possível ir ao Café Defiance, por exemplo, ou conhecer o túmulo de Drácula (que ganhou nova versão para a TV com Jonathan Rhys Meyers, de “The Tudors”, e que estreia na NBC em outubro), ou, ainda, comprar um chapéu de “Breaking bad” numa tradicional chapelaria da cidade que lançou uma linha exclusiva ligada a série. Pedicabs – carrinhos de transporte movidos a pedaladas – também ganharam temas relacionados a TV. No Hilton Bayfront, hotel ao lado do centro de convenções, a concentração de adolescentes também era grande: era lá que as entrevistas com atores e equipe das séries eram feitas. À espera de seus ídolos, fãs de “Teen wolf” eram das mais empolgadas.
- Sem barba, Josh Holloway nem lembrava o Sawyer de “Lost”. O ator é a estrela de “Intelligence”, nova série do canal CBS em que interpreta um sujeito turbinado com um superchip no cérebro, o que lhe dá acesso a todas as informações do mundo. Mas na vida real, ironicamente, o ator não é dos mais tecnológicos. “O fato de terem me escolhido para essa série é hilário. Só mandei dois e-mails na vida. A palavra e-mail me dá ansiedade. Aprendi a mandar mensagens de texto de celular por causa da minha filha de 4 anos, porque um dia vou precisar me comunicar com ela”, confessou, entre risos.
- No quesito língua solta, é difícil bater Roseanne Barr. A atriz veterana, da série “Roseanne”, foi a estrela de um painel de lendas do humor promovido pelo canal TV Land. Falou bem de uns, mal de outros, e confessou que não gosta de beijar em cena: “Tenho pavor de germes”, disse. Ao lado da atriz, William Shatner (de “Star trek” e “Shit my dad says”) e Wayne Knight (o Newman de “Seinfeld”, atualmente no ar em “The exes”) também não pouparam o público: Shatner, que segue carreira musical, ameaçou cantar e tudo. No fim, Roseanne agradeceu a quem foi até lá “relembrar coisas velhas, como nós três”. O canal exibe reprises de séries do trio.
- Recordar é mesmo viver: Mulder e Scully se encontraram no painel comemorativo de 20 anos de “Arquivo X”, um dos mais concorridos do Ballroom 20, onde cabem 5 mil pessoas. Ao lado de David Duchovny, Gillian Anderson disse que um filme da série seria uma ótima ideia. Os fãs também acham, Gillian!
- O painel de “Dexter” trouxe atores que já morreram na atração, como Lauren Velez, Julie Benz e Eric King. Prestes a terminar, a série tem outra atriz querendo entrar para a lista de falecidos: Jennifer Carpenter, que vive Deb, irmã do serial killer interpretado por Michael C. Hall. “Quero que Deb morra”, disse a atriz, contando que já fez esse pedido aos autores da série.
- Danai Gurira, a Michonne de “The walking dead”, vê sua personagem como “uma sobrevivente” e conta que este lado ficará em evidência na quarta temporada da série. Para viver Michonne, Danai teve que fazer aulas de equitação. “Achei que eu soubesse andar a cavalo”, explicou a atriz. “Mas vi que não, não sabia tanto assim”, completou, entre risos.
- A agenda dos atores é exaustiva. Depois dos painéis de suas séries, eles dão entrevistas para canais de TV, posam para fotos e, em seguida, falam com jornalistas. David Boreanaz, de “Bones”, disse que estava cansado. Mas não quis beber café. “Se eu fizer isso vou subir pelas paredes”, justificou. Josh Radnor, o Ted de “How I met your mother”, deu entrevistas com um copo descartável de chá nas mãos. Já Megan Boone pediu uma garrafa de água mineral mesmo. “Sinto como se tivesse um sapo na minha garganta. Estou falando muito hoje!”, disse a atriz, uma das estrelas da nova série “The blacklist” e com participações em “Law & order: Los Angeles”.
- “Você é brasileira? Vivo esbarrando com brasileiros. Trabalho com Morena Baccarin, que é do Brasil, em ‘Homeland’”, comentou Diego Klatenhoff, dizendo que a colega de cena é “adorável”. O ator, que interpreta Mike Faber na premiada série, assume papel de destaque em “The blacklist”, que traz James Spader como um criminoso profissional.
- Emilie de Ravin parecia um pouco sem jeito nas entrevistas de “Once upon a time”. O motivo era simples: sua personagem, Belle, ficou em Storybrooke no fim da segunda temporada da atração, cujo novo ano será ambientado na Terra do Nunca. “Não li os roteiros, então não tem muito o que eu possa dizer… Desculpem!”, disse a atriz, reconhecida ainda pela Claire de “Lost”. Mesmo sem poder dar spoilers da nova temporada da série, a atriz não poupou simpatia: abriu a bolsinha, onde carregava pó compacto, batom e cotonetes (?!) para checar em seu celular o nome da marca de seu vestido quando uma repórter a questionou sobre o assunto.
- Enquanto Emilie levava sua maquiagem na bolsa, Ginnifer Goodwin, a Branca de Neve da mesma série, tinha uma maquiadora à disposição. Com um tom de pele que não faria inveja à personagem, Ginnifer – com um vestido branco, aparentemente sem sutiã – teve seu make retocado entre uma entrevista e outra. Depois de uma boa reaplicada no corretivo e no pó facial logo abaixo dos olhos, a atriz seguiu adiante com as entrevistas.
- Neil Patrick Harris era dos mais animados nos bastidores do painel da temporada final de “How I met your mother”. Cansado, mas sem perder o humor, brincou com os jornalistas, ao lado da colega de série Colbie Smulders: “Os últimos sempre recebem as respostas mais loucas – e sexuais”. Logo depois, caiu na risada.
- O sempre polêmico Dan Harmon, criador de “Community” que havia sido afastado da série e, recentemente, recontratado para a quinta temporada da atração, fez gracinha no palco do Hall H: surgiu em cena com uma fantasia caseira de Homem de Ferro. Depois, em seu perfil no Instagram, Dan revelou que a roupa levou 16 horas para ser produzida. Mas ele não foi o único a se disfarçar: Bryan Cranston, estrela de “Breaking bad” e que também promovia a novaversão do filme “Godzilla” na Comic-Con, circulou pelo evento com uma máscara de Walter White, seu personagem na série.
- Assim como em “The Big Bang Theory”, Johnny Galecki, o Leonard, foi à Comic-Con. Citado várias vezes na série, o evento teve o ator em participação surpresa durante painel com os autores da atração. E, como não podia deixar de ser, a caráter: ele apareceu com uma roupa de “Star wars” no meio da plateia, como se fosse um espectador.