Quantcast
Channel: OGlobo
Viewing all articles
Browse latest Browse all 32716

‘Tenho medo de me tornar um ator burocrático’, admite Armando Babaioff, no ar em ‘Sangue bom’

$
0
0

RIO - Armando Babaioff sabe cuspir fogo e andar em perna de pau. Tem uma sanfona, mas não sabe tocar o instrumento. Prefere cozinhar. Nos churrascos, é ele quem cuida da carne (“Aprendi a cozinhar desde cedo para não ficar só no miojo, diz”). Ligado em música, é um dos produtores da festa SOPA, que completa um ano em agosto. E, sim, está no ar na Globo como o Érico de “Sangue bom”.

Apesar de admitir que não se imagina fazendo outra coisa que não seja atuar, Babaioff, 32 anos, afirma que pode muito bem, como vimos, se dedicar a outras atividades.

— Sou muito inquieto e sempre pensei em desistir, o tempo todo. Ator no nosso país é uma profissão de risco.

Ele começou a fazer teatro aos 11 anos na escola municipal onde estudava. Resolveu ser ator aos 14. Com 16, saía de Jacarepaguá e atravessava a ponte Rio-Niterói para fazer parte de um grupo teatral. Aos 18, ficou nu e beijou outro homem no palco, na peça “Quietude”. Foi dirigido por Miguel Falabella e seduzido por Vera Fischer numa montagem de “A primeira noite de um homem”, espetáculo que o tornou conhecido, aos 23.

E caso não fosse ator, ele poderia, ainda, trabalhar com fotografia, um dos seus prazeres.

— Alguns amigos ampliaram fotos feitas por mim e botaram nas paredes de casa — conta.

Babaioff também é craque em planejar roteiros de viagem. Adora fazer anotações sobre lugares e cidades que quer conhecer. Não é jornalista, mas já deu expediente como assessor de imprensa para divulgar os espetáculos de seu grupo.

— Eu também já distribuí muita filipeta na rua para divulgar peça. E viajei de Kombi com várias pessoas carregando cenário — recorda-se.

Falando de forma acelerada, lembra que seus pais sempre apoiaram suas escolhas.

— Quando contei para eles que queria ser ator, a minha mãe me disse: “Posso te dar teu plano de saúde e teu tratamento dentário. O resto é contigo”. Contribuo com o INSS desde os 17 anos.

Assim como sua mãe, Ignez, Babaioff gosta de puxar papo com todos. Basta darem trela.

— Eu já quis ser garçom e vendedor de loja para ter a oportunidade de me comunicar com as outras pessoas.

O ator lembra, aos risos, uma história protagonizada por sua mãe, que pegou uma carona de táxi com uma senhora desconhecida. Ao puxar assunto, descobriu que a mulher queria chegar logo em casa para não perder “Sangue bom”.

— Ela completou: “Gosto da novela principalmente pelo Armando Babaioff, que tem um jeito muito calmo de falar”. Minha mãe ficou tão nervosa que nem disse quem ela era.

Calma é uma característica apenas do publicitário que o ator vive na trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari.

— Eu não sou nada calmo. E tenho medo de me tornar um ator burocrático. Acredito no suor, na dor de cabeça para chegar a um personagem. Passo noites em claro por causa do trabalho — revela ele, que este ano estará ainda no filme “Sangue azul”, de Lírio Ferreira.

Em “Sangue bom”, uma das cenas que tiraram seu sono foi a discussão final da relação de Érico com Renata (Regiane Alves), depois que o publicitário descobria a traição da noiva, sua namorada há 15 anos.

Ele diz que o mocinho traído, agora envolvido com Verônica (Letícia Sabatella), poderia ter sido uma armadilha.

— Sofri para criá-lo. Ele poderia ter caído no clichê do bobo apaixonado. Mas foi tão bem escrito que driblou isso.

Hoje o ator convence como o sujeito romântico do horário das 19h. Quem o conhece, sabe que aquilo é pura atuação.

— A minha irmã, Sara, vê as cenas mais românticas da novela, e grita: “Quem vê, até pensa!”. Eu não acredito na instituição do casamento como o Érico. Para mim, um relacionamento não precisa passar por essas formalidades. Nunca dividi a escova de dentes com ninguém. Mas acredito numa relação estável e monogâmica — avisa.

Solteiro, Babaioff mora com a irmã. Os planos de se dedicar a outras atividades ou morar fora do país sempre são adiados por conta dos múltiplos projetos teatrais. Ele quer voltar aos palcos com a peça “O que você mentir eu acredito”, que encerrou temporada recentemente. Apesar de ter o teatro como referência, diz considerar a TV um veículo difícil.

— Eu gosto de problema, de dificuldade. Quando entendo as coisas, eu perco o interesse nelas — admite.

Na carreira, vale tudo.

— Não tenho pudores em relação à profissão. Cumpri bastante a minha cota de teatro alternativo. Já fiquei nu e beijei outro ator em cena.

Ele também viveu um homossexual na TV. O surfista Thales, de “Ti-ti-ti”, passou por todo o processo de aceitação de sua sexualidade e terminou a trama ao lado de Julinho (André Arteche).

— Discutir sexualidade na TV ainda é tabu. Foi a primeira vez que um homem gritou “eu te amo” para outro no horário das 19h. Recebo cartas endereçadas aos personagem até hoje. Um senhor veio falar comigo que voltou a falar com o filho por causa do Thales — diz.

Depois de ter sido contratado pela Globo por cinco anos, o ator agora assina com a emissora por obra. Antes de “Sangue bom”, fez a série “Do amor”, com Maria Flor, no Multishow:

— A falta de um contrato fixo me tirou da zona de conforto, mas me deu a oportunidade de experimentar outras coisas.

Sem crise. Ter a chance de descobrir possibilidades profissionais é com ele mesmo.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 32716


<script src="https://jsc.adskeeper.com/r/s/rssing.com.1596347.js" async> </script>