RIO - O Gogol Bordello pode não ser uma das bandas mais originais da história do rock (a cartilha que eles seguem foi escrita nos anos 1980, pelo grupo inglês/irlandês The Pogues). Mas certamente é uma das mais divertidas de se ver ao vivo hoje em dia. Eugene Hütz e sua turma promovem uma festa bêbada, selvagem, em que as línguas e culturas se misturam na batida do punk cigano. O desafio, porém, era traduzir em disco essa experiência.
Em “Pura vida conspiracy”, eles até que chegam perto disso. A produção de Andrew Scheps (de discos de Red Hot Chili Peppers e The Mars Volta) consegue preservar a energia do galope desse cavalo descontrolado, movido a hardcore, ska e música étnica de várias procedências. Como vocalista, Hütz é aquele mesmo exasperado dos outros cinco álbuns do Gogol, numa briga de foice pela atenção do ouvinte. Entre violino, acordeom e guitarras surf music, ele arma o maior fuzuê.
No novo disco, há canções mais memoráveis que outras, como a polca “Malandrino” e “My gipsy auto pilot”, de bom refrão. “I just realized”, mais calminha, soa quase como um baiãozinho. E a faixa de encerramento de voz e violão, “We shall sail”, guarda boa surpresa depois de alguns minutos de silêncio. Mais um pouco e o Gogol Bordello fazia um disco à altura de toda a sua disposição.