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O fôlego das 'rainhas' da literatura teen

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RIO - Nesta semana, chegou às livrarias “O livro das princesas” (Galera Record), uma reunião de quatro contos de fadas escritos por algumas das rainhas da literatura infantojuvenil: as americanas Meg Cabot (“O diário da princesa”) e Lauren Kate (“Fallen”) e as novas brasileiras a caírem nas graças dos adolescentes: Paula Pimenta (“Fazendo meu filme”) e Patrícia Barboza (“As mais”). A antologia, inspirada no seriado “Once upon a time”, traz versões moderninhas para histórias clássicas: Cinderela vira uma DJ, Rapunzel é uma pop star, a supermodelo Bela vive um romance com a Fera em alto-mar, e Bela Adormecida convive com unicórnios. O novo projeto chega para confirmar a boa fase do gênero, que engloba uma faixa etária entre 9 e 18 anos, nas vendas nacionais e internacionais.

— O mercado infantojuvenil está indo tão bem que qualquer um acha que é fácil escrever. Alguns novos autores têm escrito com uma linguagem para bobos. Isso é um insulto, porque adolescentes são muito espertos! — diz Meg Cabot, que teve como desafio neste projeto transformar a história de “A Bela e a Fera”. — Meu sonho era repaginar esse conto de fadas, que é o meu preferido. Já tinha a versão toda na minha cabeça, mas não era um tamanho suficiente para virar um livro. Quando me chamaram para esse projeto, topei na hora. Achei muito original.

Algumas das principais editoras presentes no Brasil comemoram o sucesso do gênero e investem em cada vez mais projetos do tipo. Para o Grupo Editoral Record, 30% do faturamento total vêm desse segmento. Os mais vendidos são “Assassin’s Creed: renascença”, de Oliver Bowden, que já chega a 700 mil, e “Fallen”, de Lauren Kate, com 800 mil. Nova queridinha do universo infantojuvenil, Paula Pimenta chegará em breve à casa dos 300 mil exemplares vendidos, desde que lançou “Fazendo meu filme 1”. Sua editora, a Gutenberg, que faz parte do Grupo Autêntica, atribuiu 45% de seu lucro no varejo ao gênero teen.

Já a Rocco, que publica fenômenos como “Harry Potter” (de J.K. Rowling), “Jogos vorazes” (de Suzanne Collins) e os best sellers de Thalita Rebouças, não divulga números, mas afirma que “o segmento infantojuvenil é atualmente muito importante, representando quase a metade dos lançamentos totais”. Sete livros da autora da série “Fala sério” e musa dos adolescentes já foram adaptados em Portugal e vão ganhar tradução para serem comercializados na América Latina em 2014.

— Toda história bem contada tem fôlego, independentemente de modismos. Eu me imagino bem velhinha escrevendo ainda para os adolescentes — diz a jornalista-escritora, que já vendeu 1,3 milhão de livros e lança em agosto “Ela disse, ele disse — o namoro” e em outubro “Por que só as princesas se dão bem?”. — O mercado infantojuvenil aqui ainda é limitado. Comemoro quando um novo autor surge. Quanto mais pessoas escrevendo para os adolescentes, mais eles vão ler e maior vai ser o mercado editorial.

Segundo pesquisa da Câmara Brasileira do Livro (CBL), as vendas do setor cresceram 9,6% em 2010 em relação ao ano anterior. As últimas edições da Bienal do Livro tiveram na lista de mais vendidos livros do segmento infantojuvenil. Pensando em seu maior público, o evento, cuja próxima edição acontece de 29 de agosto a 8 de setembro no Riocentro, vai inagurar o espaço Acampamento na Bienal, que já tem as presenças confirmadas de Corey May (roteirista do jogo “Assassin’s Creed”), Carolina Munhóz (“A fada”), Raphael Draccon (“Dragões de éter”) e Leonel Caldela (“Trilogia da tormenta”). Além de convênios com escolas que adotam na grade tais títulos, a fidelidade dos leitores também é um fator para esses bons resultados.

— É bacana ver gente que me acompanhava quando tinha dez anos e agora tem 20 e continua lendo meus livros — diz Thalita, cujo último lançamento foi “Adultos sem filtro”, para leitores com mais de 18 anos. — Não me preocupo com o crescimento desses fãs, porque meu principal objetivo é introduzir adolescentes e pré-adolescentes na literatura, além de estreitar o diálogo entre pais e filhos. Depois que eles crescem, existem milhares de outros escritores, e eu torço para que eles sigam com esses outros nomes.

Além de serem celebridades da literatura, com direito a fila para fotos, alvo de gritarias e fã-clubes pelo mundo, Meg e Thalita também concordam sobre a obra que serviu como cicerone para o mercado editoral teen ganhar respaldo e investimento.

— Quando comecei a escrever, ninguém dava importância para os adolescentes — diz Meg. — Definitivamente, “Harry Potter” abriu o caminho para que todos nós pudéssemos publicar para jovens. Poucos anos depois foi minha vez, com “O diário da princesa”. Tive uma infância difícil, repleta de momentos de depressão. Então fico feliz quando fico sabendo que ajudei meninos e meninas a superarem situações parecidas. Por isso escolhi escrever para essa faixa etária.

Thalita completa:

— Sem dúvida, o mercado editorial começou a se abrir depois do lançamento de “Harry Potter”. Devo toda a minha carreira a J. K. Rowling. Se um dia eu me encontrar com ela, tenho muito a agradecer. Foi quando as editoras perceberam que adolescentes gostavam de livros mais longos e queriam lê-los, sem figuras e com histórias mais profundas.


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