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Sucesso em São Paulo, peça ‘Palhaços’ chega ao Rio

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RIO - Há oito anos o que eles tinham era um texto pouco conhecido, um espaço alternativo e um horário bem alternativo. E assim a peça “Palhaços”, de Timochenko Wehbi, estreou à 0h13m, no galpão do grupo Folias, em São Paulo. Agora, após dez temporadas cumpridas, a peça que uniu os atores Danilo Grangheia e Dagoberto Feliz chega pela primeira vez ao Rio e inicia nesta sexta-feira uma temporada que segue até o dia 25 de agosto no Poeirinha.

Com direção de Gabriel Carmona, “Palhaços” começou como um estudo sobre o trabalho do clown, sobre a necessidade ou não da utilização da máscara. Ao longo do tempo, no entanto, a pesquisa de viés técnico migrou para um verdadeiro jogo, em que a relação dos atores, entre eles e com a plateia, é o grande trunfo da montagem.

— No começo, nos preocupávamos mais com a ideia de espetáculo. Mas depois o jogo com a plateia se intensificou, até que isso se tornou maior que a apresentação, que a peça em si — comenta Feliz.

E é essa troca, sobretudo com novas plateias, que eles buscam no Rio.

— Cada lugar reage de um jeito — diz Grangheia. — Eu sei que pode cair no clichê do teatro dizer que a cada noite é diferente. Mas isso, de fato, é um aspecto fundamental dessa peça. O que nós fazemos é abrir um campo de experimentação, e nesses oito anos fomos sempre descobrindo aspectos ainda não revelados.

Grangheia ainda era um estudante da Escola de Arte Dramática (EAD) da USP quando deparou com o texto de Timochenko. Achou que se tratava de um autor russo obscuro, mas logo descobriu que era um dos mais atuantes dramaturgos e acadêmicos do cenário paulista dos anos 1970. “Palhaços” fisgou a atenção do ator pelo enredo: um palhaço de circo que recebe em seu camarim um vendedor de sapatos e, juntos, passam a se provocar e a desestabilizar suas crenças e seus valores.

— O argumento me pegou. Talvez pelo que eu vivia à época, um ator com uma série de expectativas e questionamentos sobre trabalho, o lugar do artista, sobre o que você vai ser. E a peça foca no embate entre duas figuras opostas, que se desnudam e refletem sobre suas escolhas — diz Grangheia, que interpreta Benvindo, o vendedor de sapatos.

E Dagoberto Feliz, que assume o palhaço Careta, completa:

— O Careta vai tirando todos os pontos de equilíbrio desse vendedor, até ele também se tornar um palhaço. O processo de criação de um palhaço passa por você ver o quanto é ridículo em suas características. O Careta amplifica o ridículo do vendedor, e é daí que surge um novo palhaço.


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