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Livro de ensaios de Paulo Rónai volta ao mercado depois de 30 anos

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RIO - Paulo Rónai foi salvo do nazismo pelo português. Graças ao seu conhecimento da língua de Camões, o professor húngaro conseguiu fugir da Europa e vir para o Rio de Janeiro, onde se naturalizou brasileiro e virou um dos mais respeitados intelectuais do país. As aventuras de Rónai com a última flor do Lácio, além de outras línguas, estão contadas em “Como aprendi o português, e outras aventuras”, conjunto de 30 ensaios publicado pela Casa da Palavra depois de passar 30 anos fora das livrarias.

— O livro tem meio século, mas os assuntos de que trata são eternos. E o Paulo tem um estilo nada acadêmico — afirma Ana Cecilia Impellizieri Martins, diretora editorial da Casa da Palavra, que assina o prefácio.

Quem acha o ensaio um gênero acadêmico e inacessível tem uma boa chance de superar o preconceito. A prosa do autor flui, com histórias sobre sua a descoberta de novas línguas, a experiência como tradutor, o amor pelo magiar (seu idioma natal) e pela literatura francesa, entre outros.

Mesmo achando estranho, Rónai aprendeu o português sozinho. O ano era 1939. Ele encomendou de uma livraria parisiense o volume “As cem melhores poesias líricas da língua portuguesa”, organizado por Carolina Michäelis. O livro chegou às 9h de um dia das férias de Natal. Às 10h, ele já havia descoberto um dicionário alemão-português nas livrarias de Budapeste, com que passou a traduzir os poemas. Começou ali o que ele, mais tarde, chamaria de a grande aventura intelectual de sua vida.

No ensaio de abertura, que dá título ao livro, Paulo Rónai conta como o português lhe parecia “um latim falado por crianças ou velhos; de qualquer maneira por gente que não tinha dentes”, já que o idioma, para ele, tinha poucas consoantes.

Infinitivo pessoal

Outra surpresa foi descobrir uma forma linguística que ele julgava só existir no húngaro: o infinitivo pessoal. Também era difícil traduzir “seringueiro”, o que obrigou Rónai a inventar uma palavra nova no seu idioma natal: “kaucsukfacsapoló”. Professor de latim, parecia ainda que palavras que o português herdou daquela língua lhe sorriam: bebedouro, nascedouro, horrendo, nefando.


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