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Crítica: Cabo Verde a ouvidos brasileiros

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A ouvidos brasileiros, “Serenata” são melodias ancestrais de Tia Nastácia — na forma como ela foi decantada por Caymmi. Ou seja, há um sentimento de pertencimento, afinidade, berço. Ao mesmo tempo, as síncopes próprias da morna (gênero-símbolo de Cabo Verde) e a língua mestiça (com o português em amálgamas diferentes das nossas) instauram um estranhamento. Proximidade e distância — como no mapa, o arquipélago vizinho do continente africano, mas descolado dele na direção do Brasil.

Por sua natureza (CD de estreia de um sexagenário), “Serenata” traz um retrato sintético de décadas da música popular do país — suas estruturas rítmicas, seus temas (exílio, saudade, lamento).

Tudo muito próprio. Mas o cavaquinho, o violão traçando baixarias, os parentescos de gêneros (“Dimingo na orgon” é quase samba rural, “Sodadi na distancia” ecoa serestas), as ligações históricas (a morna tem na origem ritmos chamados lundu e choro, suas harmonias têm influências brasileiras), tudo somado aos primeiros compassos de “Mar de feijão d’água”, faz pensar em Cabo Verde como uma Portela cravada no Atlântico.


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