RIO - Algumas cenas de "A hora mais escura" foram retiradas do roteiro por pressão da CIA. É o que indica um documento da agência de inteligência americana revelado recentemente, segundo o site Gawker.
De acordo com o memorando, que resume cinco chamadas em conferência realizadas em 2011, vários elementos do filme, escrito por Mark Boal, sofreram mudanças para "ajudar a promover um retrato apropriado da agência e da operação Bin Laden".
Originalmente, a personagem de Jessica Chastain, Maya, participava ativamente de uma tortura, mas, no filme lançado nos cinemas, ela apenas observa. Outra cena, na qual um cão era usado para interrogar um suspeito, ficou de fora. Por fim, uma passagem em que os agentes bebiam e disparavam uma AK47 durante uma comemoração em um telhado em Islamabad, capital do Paquistão, também foi removida.
O documento parece confirmar a suposta relação estreita entre a CIA e Boal. A agência teria apoiado a produção da cineasta Kathryn Bigelow. Em troca, teria a garantia de que seria retrada de maneira positiva.
"A hora mais escura" conta a história de uma agente da CIA que, através de investigações e da intuição, ajuda os Estados Unidos a encontrar o paradeiro de Bin Laden.
Em resposta ao artigo do Gawker, o roteirista Mark Boal negou a influência da CIA no processo criativo.
"Nós honramos certos pedidos para manter em segredo detalhes operacionais e a identidade de quem participou. Mas, como em qualquer obra de arte, as decisões finais em relação ao conteúdo eram tomadas pelos produtores", escreveu.