LONDRES - O nome, otimista, era “Viva forever!” (“Viva a eternidade”, em tradução livre), mas seis meses de críticas arrasadoras e da indiferença do público forçaram os produtores a desistir do musical das Spice Girls, que sairá de cartaz deixando um prejuízo de cinco milhões de libras, mais de R$ 15 milhões.
As cinco integrantes do girl group dos anos 1990 se reuniram na estreia do musical, no West End de Londres, em novembro passado. O espetáculo foi concebido por Judy Craymer, produtora por trás do sucesso global “Mamma mia!”, e escrito pela estrela cômica Jennifer Saunders. No entanto, o musical, que brincava com o programa televisivo “The X factor”, contando a história de uma aspirante a cantora, que, com suas melhores amigas, é empurrada para o topo pela busca de talentos da TV, foi massacrado pela crítica. Paul Taylor, do “Independent”, disse que “faltava a ele qualquer brilho próprio real”.
“Viva forever!” trazia todos os sucessos das Spice Girls, como “Wannabe”, mas o boca a boca, mesmo assim, foi fraco. Algumas pessoas ficaram decepcionadas porque as próprias Spice Girls não eram personagens da trama. O espetáculo passou por uma reforma, mas as vendas de ingressos não melhoraram, e o elenco foi avisado, depois da sessão da última quarta-feira, que “Viva forever!” fica em cartaz apenas até o dia 29 de junho.
— O musical evoluiu desde que estreamos, agora tem mais brilho, leveza e graça, mas, apesar do público maravilhoso e das reações extremamente positivas, não conseguimos fazê-lo decolar — disse Craymer.
‘Uma saída, por enquanto’
A produtora confessou que tomava a decisão “com dor no coração”.
— Nosso objetivo era criar uma história contemporânea, que refletisse bem os tempos atuais; mostrar um olhar satírico dos bastidores de um show de talentos na TV e o caos que ele gera para uma mãe, sua filha e as amigas dela; um evento teatral que envolvesse todas as gerações, no palco e fora dele. Os aplausos de pé que recebemos todas as noites são a prova de nossa conquista, com famílias e amigos aproveitando um programa juntos.
O musical vai “dar uma saída do West End, por enquanto”, segundo Craymer, deixando a porta aberta para um retorno no futuro.
“Viva forever!” teve o apoio de Simon Fuller, o empresário da indústria da música que reuniu o quinteto de girl power e a gravadora Universal, ainda nos anos 1990. A esperança era criar uma franquia global, com temporadas simultâneas na Broadway e na Ásia, onde as Spice Girls são estrelas de primeira grandeza. A banda — Geri Halliwell, Emma Bunton, Victoria Beckham, Mel C and Mel B — disse: “Queremos agradecer ao elenco e aos fãs por seu apoio, e embora ‘Viva forever!’ não vá ficar em cartaz no West End, ficamos felizes por milhares de pessoas terem vindo ao espetáculo e se divertido tanto quanto a gente”. Mais tarde, Emma disse, no Twitter, que estava “totalmente arrasada”.
Apesar do fracasso de “Viva forever!”, outro musical inspirado em um show de calouros, com a chancela de Cowell, tem previsão de estreia para o segundo semestre. “X Factor — It’s time to face the musical!”, uma produção de seis milhões de libras, inicia sua temporada na próxima primavera europeia, no London Palladium. Criada pelo humorista Harry Hill, a sátira do bem-sucedido programa de TV, com os jurados como personagens e 19 músicas inéditas, recebeu o o.k. das produtoras Stage Entertainment e Syco Entertainment, que pertence a Cowell.