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Monica Bellucci e a vida que segue entre o Rio e o mundo

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RIO - Mesmo tendo uma casa nos arredores da Gávea, a entidade chamada Monica Anna Maria Bellucci — descrita pela revista “Variety” como “o último mito erótico” — encara a hipótese de adotar “cidadania” carioca como um projeto inviável. Sua agenda não deixa. É aqui, há três meses e meio, que a estrela de “Malena” (2000) vem criando suas filhas Deva e Léonie, ao lado do marido, o ator francês Vincent Cassel. Mas ela circula pela Itália e pela França por tempo demais para criar raízes no Brasil. Passou 2012 e os primeiros meses deste ano imersa em seus compromissos como rosto símbolo da grife Dolce & Gabbana. E, daqui a um mês, parte para a Sérvia, para o novo longa-metragem de Emir Kusturica (“Quando papai saiu em viagem de negócios”), “Love and war”.

Por isso, em um encontro com o GLOBO, em Copacabana, para divulgar o Festival Varilux de Cinema Francês (que começou quinta e segue aqui até o dia 9, em 10 telas da cidade), a herdeira de divas como Sophia Loren, Gina Lollobrigida e Silvana Mangano falou do Rio como “um lar a mais”.

— Hoje, eu filmo no mundo inteiro. Embora venha frequentando o Rio há cerca de três meses seguidos e admire a energia desta cidade em sua diversidade cultural, ela não é a minha base. Eu fico muito na França, onde faço vários filmes, e existe a Itália. Além disso, ainda não falo português bem. Só um pouco. Seria difícil trabalhar no cinema brasileiro, a menos que aparecesse um papel para uma senhora italiana que morasse aqui — diz a morena de 48 anos, que participa do Festival Varilux com “Aconteceu em Saint-Tropez” (“Des gens qui s’embrassent”), comédia com sessão hoje, às 18h45m, no Estação Botafogo.

Com direção de Danièle Thompson, de “Um lugar na plateia” (2006), “Aconteceu em Saint-Tropez” traz Monica envolvida em uma guerra de vaidades entre dois irmãos. No elenco está um dos rostos de maior popularidade da França hoje: o humorista Kad Merad, do blockbuster “A Riviera não é aqui” (2008).

— Em geral, sou convidada para filmes que retratam realidades duras ou faço produções polêmicas, como “Irreversível” (produção dirigida por Gaspar Noé em 2002, famosa por uma sequência de estupro). É raro fazer humor. E é bom estar ao lado de uma mulher cineasta, pois, na maioria das vezes, os filmes são dirigidos por homens — diz Monica, sem poupar críticas à realidade da indústria de cinema da Itália, outrora uma máquina de fabricar monstros sagrados da direção.

Embora elogie “Reality — A grande ilusão”, de seu conterrâneo Matteo Garrone, em cartaz no Brasil há duas semanas, Monica contesta a falta de apoio financeiro para os jovens diretores italianos.

— A França alcançou uma média de 250 filmes por ano. Nós, italianos, filmamos apenas 50, dos quais apenas uns 30 longas viajam. É pouco perto da qualidade que temos, mas falta dinheiro. Se eu dependesse do cinema italiano para sobreviver e não fizesse filmes na França e nos EUA, não teria como me manter como atriz. O único filme italiano que fiz com fama mundial foi “Malena”— diz Monica, que viveu Maria Madalena em “A Paixão de Cristo” (2004), de Mel Gibson, e trabalhou na franquia “Matrix”, em 2003.

É comum aos profissionais de cinema da Itália atribuírem a crise audiovisual local à administração do ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi e seu esforço de fazer da TV uma força hegemônica na cultura. Mas Monica tem outra visão.

— O maior problema da Itália é o fato de sermos um país resultante de uma união de províncias que nunca conseguiram unir-se de fato. Falta uma identidade nacional potente. O Brasil pode ter o problema que for, mas é um país com unidade, onde as pessoas se reconhecem. Na Itália, não — diz Monica, que já filmou com diretores autorais como Spike Lee (“Elas me odeiam, mas me querem”) e Francis Ford Coppola (“Drácula de Bram Stoker”). — Faço escolhas no cinema pela força dos papéis, sejam pequenos ou grandes.


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